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Entre as atrações do XV Simpósio Internacional IHU – Nutrição e Alimentação no contexto dos Objetivos do Desenvolvimento do Milênio, que ocorreu entre os dias 5 e 8 de maio, estavam Cida e Adão. Esses nomes foram os escolhidos para representar os personagens do novo jogo desenvolvido pela equipe do ObservaSinos, programa do Instituto Humanitas Unisinos – IHU, intitulado “Cida & Adão em: Alimento e Nutrição”.

O jogo foi disponibilizado ao público junto à Feira e Mostra de Alimentos e Nutrição, atraindo interesse de pessoas de todas as idades. Segundo Tobias  Ulrich, do ObservaSinos, foram dois meses de produção para que o produto estivesse apto para uso em um formato demo, mas ainda necessita aperfeiçoamentos. Atualmente apenas está disponível a opção de jogar com o personagem Adão, enquanto Cida ainda está “em construção”.

Durante o jogo, o jogador principal tem que ultrapassar diversas etapas, encontrando em seu caminho alimentos saudáveis e nocivos à saúde, assim como elementos que podem impedi-lo de prosseguir, como porquinhos que ameaçam a vida do mesmo caso haja contato. Para controlar “Adão”, é muito fácil e usa-se apenas o teclado: setas direcionais para a esquerda e direita para caminhar e barra de espaço para pular.

A facilidade de uso e a intenção do jogo atraíram diversas crianças e seus pais, que se divertiram com a brincadeira educativa. Com o objetivo de buscar a atenção de novos públicos, o ObservaSinos planeja desenvolver outros quatro jogos como esse, e todos eles serão disponibilizados no site do IHU para acesso livre. Isso serve como incentivo principalmente ao público infantil, que hoje em dia cresce ligado à tecnologia. É uma forma de educar brincando e mostrar a importância de uma boa alimentação.

“Cida e Adão em: Alimento e Nutrição” estará disponível para todos através do sítio do Instituto Humanitas Unisinos – IHU a partir da semana que vem.

São diversas as atrações presentes durante a Feira e Mostra de Alimentos e Nutrição, parte do XV Simpósio Internacional Internacional do IHU, intitulado “Alimento e Nutrição no contexto dos Objetivos do Desenvolvimento do Milênio”. Entre os atrativos da Feira, que durará até as 21h de quinta-feira, 7 de maio, está a exposição de sementes do Projeto Banco de Sementes Crioulas, apresentada pelo técnico agrícola e agroecologista Maurício Queiroz.

Segundo Maurício, o objetivo do projeto é resgatar a cultura agrícola, que vem sendo vencida pelo poder das grandes empresas; empresas essas que se baseiam em produção a partir de sementes modificadas e agrotóxicos. O Banco já conta com 400 tipos diferentes de sementes, que fazem parte de um processo de distribuição, onde são entregues aos agricultores em uma quantidade específica. Os agricultores, por sua vez, têm o compromisso de produzir a partir delas e devolver ao Banco o dobro de “matéria prima” que lhes foi entregue no início. O projeto vêm dando muito certo, e a presença na Feira serviu também como forma de conscientizar mais pessoas sobre a importância de um alimento não só teoricamente saudável, mas que realmente seja produzido a partir de meios naturais, e não alterado geneticamente.

Atualmente há diversos protestos contra agrotóxicos e modificações genéticas acontecendo ao redor do globo, sendo um dos alvos a Monsanto, maior produtora mundial de sementes, carne e produtos. Esses protestos geraram finalmente a curiosidade dos consumidores leigos no assunto, ganhando a atenção da mídia para divulgação da importância da agricultura familiar e as desvantagens de uma alimentação baseada em produtos industrializados. Hoje a quantidade de pessoas questionando a presença de agrotóxicos é muito maior do que na década anterior.

Já foi comprovado o quão nociva a presença desses produtos podem ser para a saúde do consumidor, sendo a causa de diversas doenças, mesmo que ainda não haja o devido suporte da saúde pública (dificilmente, por exemplo, um médico diagnosticará que o inicio de uma doença tenha vindo do uso contínuo de frutas ou verduras produzidas a partir de modificações genéticas e agrotóxicos). Com isso, a existência do Banco de Sementes torna-se primariamente importante, não só na ajuda a agricultores que querem aumentar ou iniciar sua produção, mas para o impulso do hábito de consumir produtos cuja fonte seja confiável.

De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), a pobreza é a maior causadora de morte no mundo, pois é ela que dissemina sua influência destrutiva desde o início até o fim da vida.

É por isso que, desde a Convenção de Genebra de 1864, as necessidades relacionadas à alimentação e à nutrição passaram a ser definidas como um direito humanitário. Isto se deve ao fato do poder sobre o alimento ser identificado como uma forma de dominação de um ser humano sobre o outro, e pode vir a ser utilizado como uma arma de guerra.

Como a fome, e consequentemente a desnutrição, estão ligadas à miséria, é preciso identificar quais origens e determinar a quantidade de pessoas que estão em situação de fragilidade para lidar com esta situação. E este foi o objetivo das palestras que ocorreram na terça-feira, 06, das Mesas Simultâneas que tinham como tema “Cenários da alimentação e nutrição nas macrorregiões brasileiras com seus biomas – Realidade, desafios e perspectivas” e o painel “Direito Humano ao alimento e à nutrição: fundamento da democracia brasileira”, que fazem parte do XV Simpósio Internacional IHU “Alimento e Nutrição no contexto dos Objetivos do Desenvolvimento do Milênio”.

DSC_0665Inicialmente os professores Hélios Puig Gonzalez e Salvatore Santagada, da Fundação de Economia e Estatística Siegfried Emanuel Heuser, que abordaram não só a situação da Região Sul como também falaram sobre os planos e as definições sobre a pobreza no Brasil.

Enquanto a meta de outros países é diminuir pela metade o número de pessoas que vivem em situação de extrema pobreza, a proposta brasileira, chamada de 1A, deseja reduzir, o número a um quarto. Eles falaram também da meta 1C, que planeja erradicar completamente a fome até 2015.

Vale destacar a definição que o Brasil dá a pobreza em relação ao salário mínimo: as famílias com renda de até 1/4 do salário mínimo per capita são consideradas extremamente pobres ou na linha de indigência e as famílias com renda de até 1/2 salário mínimo per capita são consideradas pobres ou na linha de pobreza. Por isso utiliza-se a faixa de até 1 salário mínimo per capita como referência para definição da proporção de famílias pobres com a presença de crianças de 0 a 14 anos de idade.

Em relação a apuração feita pela Fundação de Economia e Estatística Siegfried Emanuel Heuser, a conclusão a que os professores chegaram é de que tanto a taxa de pobres, extremamente pobres e de pessoas vulneráveis à pobreza diminuiu consideravelmente no Rio Grande do Sul, em relação aos outros estados brasileiros, durante o período de 1991 até 2010.

Terminado esta parte do debate, Ivar Pavan, Secretário de Desenvolvimento Rural, Pesca e Cooperativismo, falou um pouco sobre os programas da secretaria e contextualizou a situação da Agricultura Familiar no Rio Grande do Sul. De acordo com Pavan, as cadeias produtivas vinculadas ao campo representam metade do PIB do Estado e as cadeias produtivas vinculadas à Agricultura Familiar representam 27% do PIB gaúcho (MDA, 2005). Ele destacou também que na maioria dos municípios gaúchos, a economia de base familiar é determinante para o desenvolvimento, onde os empreendimentos urbanos encontram-se profundamente vinculados às atividades rurais.

DSC_0678Por fim foi a vez do painel “Direito Humano ao alimento e à nutrição: fundamento da democracia brasileira”, que contou com a participação do Dr. Paulo Leivas, representante do Ministério Público/RS e do Dr. Marcelo de Oliveira Milagres, representante do Ministério Público /MG (MPMG).

Na visão dos palestrantes, a fome é a manifestação mais extrema da pobreza e da privação humana, que viola um direito humano fundamental: o direito a uma alimentação adequada. A desigualdade e demais violações do direito humano à alimentação adequada não existem por falta de leis, já que são garantidos constitucionalmente em dispositivos internacionais.

De acordo com Leivas, no Brasil o Direito Humano à Alimentação Adequada está prevista em diversos instrumentos legais no Estado, tendo sido incorporada em vários dispositivos e princípios presentes na Constituição de 1988. Esta estabelece a realização deste direito como uma obrigação do Estado brasileiro e responsabilidade de todos nós.

Além disso, foi discutido o conceito de segurança alimentar. Relacionado à garantia de acesso físico de todos a quantidades suficientes de alimento, foi incorporado também o fato de que os alimentos devem ser seguros, ou seja, não devem ser contaminados quimicamente ou biologicamente, de qualidade, nutricional e sanitária e produzidas de forma sustentável.

O XV Simpósio Internacional IHU “Alimento e Nutrição no contexto dos Objetivos do Desenvolvimento do Milênio” encerra na manhã desta quinta-feira (8). Mais informações sobre as atividades do evento podem ser encontradas neste link.