Arquivos da categoria ‘Teologia’

Reprodução da obra Noli me tangere,  de Giotto. Fonte: Jornal La Stampa

Marko I. Rupnik, Madalena e o Ressuscitado. Detalhe do mosaico da igreja Os Santos Primo e Feliciano Em Vrhpolje, Eslovênia

Pela primeira vez, hoje, 22 de julho, Maria Madalena é lembrada com festa. A elevação da memória litúrgica de Madalena à festa, pelo papa Francisco, inspira muitas reflexões acerca dessa personagem histórica e do próprio papel da mulher no cristianismo.

Esta, que hoje é considerada “apóstola dos apóstolos”, teve, por muito tempo, sua figura encoberta pela má interpretação dos textos bíblicos. Passou de seguidora fiel à prostituta e pecadora arrependida. Com esse reconhecimento, o papa traz à tona a imagem daquela que foi a responsável por transmitir o anúncio que representa o ápice da fé cristã: a “boa nova”, a ressurreição do Deus que se fez homem.

Inspirado por esses movimentos de resgate da importância feminina no cristianismo, através da figura de Maria Madalena, a edição número 489 da IHU On-Line reflete sobre o tema. A revista, intitulada Maria de Magdala. “Apóstola dos Apóstolos”, tem como eixo central a presença desta importante mulher na história dos cristãos. O número conta com diversas entrevistas que reconstituem as múltiplas faces de Madalena e sua inspiração para o cristianismo.

Entre os entrevistados estão Elizabeth Johnson, que destaca a importância de uma mudança na perspectiva das análises feministas nos textos bíblicos para valorizar as mulheres da Igreja primitiva e inspirar as mulheres de hoje; Lilia Sebastiani, que recupera a transformação da imagem da discípula a partir das interpretações das escrituras; e Wilma Tommaso, que analisa Maria de Magdala a partir das artes criadas sobre ela ao longo do tempo. A edição também conta com um artigo do Cardeal Gianfranco Ravasi, que define Madalena como uma pessoa “espiritualmente elevada à Sabedoria transfigurada”.

Reprodução da obra Cristo morto sorretto da san Giuseppe con la Madonnna e la Maddalena, de El Greco

Em seu portal, o IHU repercute o assunto através de diversos artigos e notícias que recuperam essa importante personagem bíblica, que é citada em todos os evangelhos do Novo Testamento.

Por Cristina Guerini e João Vitor Santos

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Algumas imagens que fazem parte da galeria (a galeria completa está disponível na entrevista)  disponibilizada pela professora Wilma, que aprofunda a construção de Maria Madalena através das imagens criadas em cada tempo:

Carlo Crivelli (1430-1502). Santa Maria Madalena, 1478. National Gallery, Londres

 

 

 

Mística e música abrem o ano no Instituto Humanitas Unisinos – IHU. Em seu primeiro evento neste ano, o IHU apresentará duas audições comentadas, em preparação para a Páscoa.

A atividade contará com a presença da Profa. Dra. Yara Borges Caznok, nos dias 10 e 11 de março, às 17h30min e às 9h, respectivamente.

As apresentações ocorrem na Sala Ignacio Ellacuría e Companheiros, no IHU.

Na oportunidade, a professora apresentará a Magnificat em Ré Maior, de Johann Sebastian Bach, e a Missa Papae Marcelli (Missa do Papa Marcelo), de Giovanni Pierluigi da Palestrina. Duas obras vistas como transcendentes e como expressões do sagrado.

Composições

Magnificat em Ré Maior é considerada a mais importante composição vocal de Bach.

Sua letra representa o cântico da Virgem Maria, do mesmo modo em que aparece retratado no Evangelho de Lucas. A obra é dividida em 12 partes, que podem ser agrupadas em três movimentos; cada um começa com uma ária e é concluído pelo coro que desenvolve um tema em forma de fuga. Sua execução dura aproximadamente trinta minutos.

Missa Papae Marcelli é uma composição em homenagem ao Papa Marcelo, que ficou no papado somente por três semanas. A Missa renascentista é uma das mais executadas em Roma e foi usualmente apresentada em todas as missas de posses papais até a de Paulo VI, em 1963.

É uma missa polifônica para seis vozes, divida em três partes e com estilo declamatório.

É, também, uma das missas mais apresentadas aos alunos de música.

As duas obras são consideradas notáveis pelos especialistas, tanto pelo prestígio dos compositores, quanto por seus dotes místicos, que transcendem até a atualidade. Além disso, as composições evidenciam, através dos seus movimentos, sua relação com o tempo de Páscoa.

Os compositores

Johann Sebastian Bach (1685 – 1750): Um dos mais famosos compositores alemães. Além disso, foi professor, maestro, cantor e tocava vários instrumentos. É visto por muitos como um gênio capaz de traduzir os mistérios divinos em suas cantatas.

Giovanni Pierluigi da Palestrina (1525 – 1594): Nascido em Palestrina, região de Roma, foi referência nas composições sacras da Igreja e um dos mais conhecidos compositores do século XVI. Eleito pelo Papa Júlio III como cantor da Capela Sistina, Palestrina é conhecido como “o Príncipe da Música”, e suas obras são identificadas como a “perfeição absoluta” do gênero eclesiástico.


Quem é Yara Borges Caznok

A professora Yara, como gosta de ser chamada, leciona na Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho, no Departamento de Artes. É graduada em Letras Franco-Portuguesas pela Fundação Faculdade Estadual de Filosofia, Ciências e Letras de Cornélio Procópio – FAFICOP, e em Música pela Faculdade Paulista de Arte – FPA. Especialista em Educação pela Universidade de São Paulo – USP, cursou mestrado em Psicologia da Educação na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo – PUC-SP e doutorado em Psicologia Social pela USP com a tese Música: entre o audível e o visível (São Paulo: Edunesp, 2004). É autora, entre outros, de Ouvir Wagner – Ecos nietzschianos (São Paulo: Editora Musa, 2000) e O desafio musical (São Paulo: Irmãos Vitale, 2004).

Serviço

As atividades integram o evento O cuidado de nossa Casa Comum, que é o tema central da 13ª edição da programação de Páscoa do IHU. Este ano as ações estão voltadas para uma abordagem transdisciplinar sobre a atual crise ambiental, ecologia integral e teologia da criação.

As inscrições são gratuitas e as palestras ocorrem até 03 de maio de 2016. Confira a programação completa aqui.

Créditos das imagens: Amanda Cass – www.esfmp.pt; Wikipédia; italianrenaissance1.wikispaces.com; e Ricardo Machado/IHU, respectivamente. 

Por Cristina Guerini

Para ler mais: 

Camilo Torres Restrepo nasceu em 03 de Fevereiro de 1929, em Bogotá, Colômbia. Foi ordenado sacerdote em 1954. Após a ordenação foi estudar Sociologia em Louvain, na Bélgica. Em 1959, retornou a Bogotá e foi nomeado capelão da Universidade Nacional da Colômbia. Foi um dos pioneiros do pensar(ação) a libertação como uma opção preferencial pelos excluídos/pobres, posteriormente toma corpo e se consolida na América Latina. É um labor “importado”, mas dinamizado e enriquecido com os próprios traços latino-americanos. Foi co-fundador da primeira faculdade de Sociologia da Colômbia (1960) e da Frente do Povo Unido (1965), um movimento de inspiração marxista, antes de juntar ao Exército de Libertação Nacional (ELN).

“Um católico, um padre católico,
não pode ser expectador inerte de um sistema social
que nega à maioria a possibilidade de comer, vestir e ter casa […].
Próprio por ser colombiano, católico e padre, não posso não ser revolucionário”.
Camilo Torres

A revolução é uma alternativa para o povo (a maioria exploradora) chegar ao governo e derrubar o predomínio de um grupo (minoria exploradora) que dispõe de todos os instrumentos de poder. Ele buscou em sua vida conciliar marxismo e cristianismo, respondendo assim ao desafio de resistir a uma sociedade colombiana cruel e injusta. O envolvimento com estudantes e movimentos políticos lhe garantiu um bom prestígio e um grande número de seguidores. Não lhe faltaram os detratores, especialmente o governo colombiano e a própria Igreja. Foi repreendido pela hierarquia católica por sua militância politica, motivo pelo qual abandonou o sacerdócio e se vinculou ao Exército de Libertação Nacional (ELN) em 1965.

“Se Jesus tivesse vivo hoje, ele seria um guerrilheiro”
Camilo Torres

Em 15 de fevereiro de 1966, Camilo Torres, o padre guerrilheiro, foi morto em combate com a força pública, em Patio Cemento, Santander. É um mártir-ícone das lutas de libertação do povo. Com ele guerrilheiros e pessoas que nesse continente de Libertação, América Latina, grita com o Deus cantado por Victor Jara: Revolução! É revolução de libertação.

O corpo de Camilo Torres permaneceu em segredo por muito tempo. Em janeiro deste ano, a guerrilha Exército de Libertação Nacional solicitou ao Governo a revelação do local onde o sacerdote foi sepultado. O pedido é reconhecido como um gesto inicial de disposição pela paz entre o governo e a guerrilha (FARC, ELN). A iniciativa de sentar-se a “mesa de negociação”, na busca de um diálogo construtivo, conta com novos passos concretos, que encontram a sua força no valor da memória, e contará com a “mediação” da Igreja local e de Roma.

“Que seu pensamento social e teológico, sua liderança pela unidade,
sua obra e suas cinzas, voltem à memória do povo e da Igreja,
ao patrimônio acumulado para a paz com verdade e justiça social,
com reconciliação e perdão, como base de garantias do nunca mais”

Dom Dario de Jesús Monsalve
Arcebispo de Cali

Música Camilo Torres de Víctor Jara (1969)

Por Jéferson Ferreira Rodrigues

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No final de 2013, o Papa Francisco publicou a Exortação Apostólica Evangelli Gaudium, um texto de sua autoria sobre a nova evangelização.  A publicação foi a programação para o papado de Francisco, um documento chave do seu Pontificado, que funciona como um guia, apontando os novos rumos da igreja.

A partir dessa publicação e tendo como base os documentos do Concílio Vaticano II, Christoph Theobald analisa a Evangelii Gaudium ao escrever o artigo “A exortação apostólica Evangelii Gaudium. Esboço de uma interpretação original do Concílio Vaticano II”, publicado no Cadernos Teologia Pública, nº 104. 

No texto o autor questiona se “é possível identificarem Evangelii Gaudium a mesma pretensão, a mesma tentativa de dotar a Igreja de um princípio de interpretação da obra altamente complexa e diversificada do Vaticano II? “, relacionando o documento ao quinquagésimo aniversário do encerramento do Concílio. E traz um trecho, no qual o Papa anuncia que escolheu “propor algumas diretrizes que possam encorajar e orientar, em toda a Igreja, uma nova etapa evangelizadora, cheia de fervor e dinamismo”, tendo como base a Lumen gentium, documento que integra o Concílio Vaticano II, e que foi escolhido como prioridade para as referências do artigo de Theobald.

Cadernos Teologia Pública, nº 104

A citação do início do documento “A alegria do Evangelho enche o coração e a vida inteira daqueles que se encontram com Jesus”, como prova de que sua intenção é libertar os corações de todos fiéis que querem se entregar à Jesus e transformar a Igreja em um canal mais aberto à contemporaneidade, proporcionando  uma evangelização mais abrangente.

Christoph Theobald durante Colóquio Vaticano II. Foto: João Vitor Santos

Theobald traz, também, um trecho do documento em que é feito um contraste entre a Gaudium et Spes e a Evangelii Gaudium, que expressa uma melhor visão de mundo,  por exemplo não só a ação pastoral como também a ação política: “O todo é mais do que a parte, sendo também mais do que a simples soma delas. Portanto, […] é necessário mergulhar as raízes na terra fértil e na história do próprio lugar, que é um dom de Deus. Trabalha-se no pequeno, no que está próximo, mas com uma perspectiva mais ampla […]. Não é a esfera global que aniquila, nem a parte isolada que esteriliza”.

Neste ano o professor esteve no IHU, durante o II Colóquio Internacional IHU – O Concílio Vaticano II: 50 anos depois, quando apresentou a conferência As potencialidades de futuro da Constituição pastoral Gaudium et spes. Por uma fé que sabe interpretar o que advém – aspectos epistemológicos e constelações atuais e também participou das mesas-redondas do evento. Em 2012 também esteve na Unisinos participando do XIII Simpósio Internacional IHU, Igreja, Cultura e Sociedade: a semântica do Mistério da Igreja no contexto das novas gramáticas da civilização tecnocientífica, ocasião em que ministrou a conferência “As grandes intuições do Concílio Vaticano II: desafios e possibilidades de aproximações às gramáticas atuais”.

Esta e outras edições dos Cadernos Teologia Pública estão disponíveis na versão on-line e gratuita.  Podem ser adquiridas diretamente na secretaria Instituto Humanitas Unisinos – IHU ou solicitados pelo endereço humanitas@unisinos.br.

Clique aqui para acessar este artigo em PDF.

Por Nahiene Alves

Para ler mais:

No dia 8 de dezembro foram celebrados os 50 anos do encerramento do Concílio Vaticano II . O evento foi convocado no dia 25 de dezembro de 1961 pelo papa João XXIII e realizado em 4 sessões, entre 11 de outubro de 1962 e 08 de dezembro de 1965. O encerramento, que marcou a final da reunião dos bispos, foi realizada por Paulo VI.

Para enfatizar a importância dos encontros, o Instituto Humanitas UnisinosIHU publicou em sua página da internet diversos textos e entrevistas sobre o tema. As notícias podem ser acessadas no sítio, na Revista IHU On-line, nos Cadernos Teologia Pública e na plataforma Medium, esta última dispõe de um guia de leitura.

Neste ano o IHU também promoveu o II Colóquio Internacional IHU – O Concílio Vaticano II: 50 anos depois. A Igreja no contexto das transformações tecnocientíficas e socioculturais da contemporaneidade com o objetivo de avaliar o Vaticano II.

Destacando essas publicações, o teólogo Jéferson Ferreira Rodrigues, do Programa Teologia Pública/IHU, publicou no sítio do Instituto uma nota sobre os principais textos já divulgados pelo IHU acerca do Vaticano II. Na matéria, Rodrigues faz uma breve contextualização da relevância do evento para a igreja e resgata os principais materiais do IHU sobre o conteúdo. O texto por ser acessado aqui.

Confira algumas das publicações divulgadas pelo IHU sobre o Concílio Vaticano II:

Revistas IHU On-line 

O IHU produziu em sua plataforma medium um guia de leitura sobre o Vaticano II.

Guia de leitura

O Guia de Leitura recupera as produções realizadas e veiculadas em vista da celebração dos 50 anos do encerramento do Concílio Vaticano II e compõe-se de seis linhas orientadoras:

  1. O Concílio, um evento dialogal e primaveril na Igreja;
  2. Os Papas do Concílio: João XXIII e Paulo VI;
  3. Pacto das Catacumbas: uma Igreja serva e pobre;
  4. A recepção do Concílio;
  5. 50 anos depois…;
  6. Francisco e o Concílio Vaticano II.

Confira também os artigos que já foram publicados sobre o assunto:

Por Fernanda Forner

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