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Na quinta-feira, dia 02-06-2016, ocorreu o IHU Ideias: “Feiras Agroecológicas. Para quê?”. A atividade teve o intuito de fortalecer o debate sobre a questão dos alimentos orgânicos e mobilizar a comunidade para participação na Ecofeira Unisinos, que será realizada no dia 08-06-2016.

Segundo o Instituto Nacional do Câncer – INCA, o Brasil é o maior consumidor de agrotóxicos do mundo, alcançando a média de até 5 litros de componentes químicos nos alimentos que são consumidos ao longo de um ano. Além disso, resultados do Programa de Análise de Resíduos de Agrotóxicos – PARA, da Anvisa, mostrou quantidades de produtos químicos acima do permitido e também outros tipos de substâncias não autorizados nos alimentos vendidos.

Através de dados disponibilizados pela Anvisa, é possível constatar um aumento de 190% no uso dos produtos, enquanto em nível mundial o aumento foi de 93%. Para Laura Reis, socióloga e comunicadora da Feira dos Agricultores Ecologistas, de Porto Alegre, não existe explicação para os motivos desse grande índice do uso de agrotóxicos na comida. “Pensar que estamos sendo envenenados por interesses econômicos não faz sentido,” alega.

Ecofeira

O tema foi levantado durante a conferência “Feiras Agroecológicas. Para quê?”, ministrada por Laura Reis e Marcelo Fernandes Ritter no dia 02-06-2016, na sala Ignacio Ellacuría e Companheiros – IHU.

A atividade faz parte das ações da Ecofeira Unisinos, uma iniciativa que foi idealizada pelo Instituto Humanitas Unisinos – IHU, por meio do Observatório da Realidade e das Políticas Públicas do Vale do Rio dos Sinos – ObservaSinos e que conta com diversos parceiros, entre eles o Programa de Ação Socioeducativa na Comunidade – PASEC, o Projeto Tenda Viva – Curso de Comunicação Social Jornalismo Unisinos, a Associação Rio-grandense de Empreendimentos de Assistência Técnica e Extensão Rural e Banco de Alimentos São Leopoldo.

Foto: Carolina Lima

A Ecofeira, que terá sua primeira edição experimental na próxima quarta-feira, dia 08-06-2016, tem como objetivo sensibilizar a comunidade acadêmica e do entorno da Unisinos para os benefícios de uma alimentação saudável, estimulando o debate para o avanço das políticas públicas de incentivo à produção agroecológica.

Para Marcelo, extensionista rural na Emater/RS – Ascar, as feiras agroecológicas são uma forma de tensionar a lógica de mercado, que incentiva o uso dos agrotóxicos. “Um dos porquês é a aproximação do consumidor com o agricultor, proporcionando uma conexão entre ambiente urbano e ambiente rural”, salienta. Marcelo ainda aponta que o incentivo aos produtos orgânicos só trazem benefícios à sociedade no geral. “O plantio natural ajuda a preservar o solo, a água, a natureza e isso se reflete na comunidade”, complementa.

Dinâmica da vida

Laura cita quatro dimensões que justificam as feiras agroecológicas. A primeira delas é a econômica, que favorece diretamente as famílias do campo, responsáveis diretos pelo cultivo dos alimentos. “É uma forma de devolver dignidade ao campo que tem uma sabedoria que está sendo resgatada”, afirma Laura. Conforme a socióloga, a relação entre produtor e consumidor humanizada favorece o comércio justo sem atravessadores e ainda apresenta a segunda dimensão, que é a ecológica, responsável pela biodiversidade a partir de uma perspectiva que olha para o solo como um organismo vivo. “Agricultura que segue uma dinâmica da vida, que busca a proteção do solo e dos organismos vivos que os constituem, além de incentivar a desintoxicação do ambiente e da população”, explica.

Os outros dois pontos apresentados pela conferencista e comunicadora abrangem a dimensão social e a dimensão de visão de mundo. A terceira dimensão, a social, pensará no consumidor como um parceiro. “Parceiro urbano consciente, que não apenas come, mas também participa do processo da alimentação”, provoca. Além disso, favorece a soberania alimentar, de escolha entre produtos nutritivos e saudáveis que respeitam quem planta e quem consome, favorecendo as conexões. “As feiras são espaço para a construção de vínculos. As pessoas sabem de quem estão comprando, os alimentos têm identidade, tem rosto, enquanto no supermercado existe impessoalidade”, pondera.

A quarta dimensão apresenta uma troca de paradigma entre a ideia de escassez e abundância. Segundo Laura, os intercâmbios proporcionados pelas feiras geram sentimentos de compaixão, empatia e colaboração que permitem entender o papel do agricultor. “Agricultura é uma atividade da esperança, a gente espera que o tempo ajude e que os alimentos possam continuar sendo cultivados,” explica.

Incentivo a novos hábitos

Durante o evento, os participantes trouxeram reflexões e dúvidas em relação ao tema proposto. O professor Lucas Luz apontou para a dimensão política que as feiras também apresentam, no sentido de que colaboram para o projeto de mundo que queremos. O estudante de Publicidade e Propaganda Rafael apontou que o espaço serviu de aprendizado e incentivo ao cultivo de frutas e verduras na sua alimentação. Além dessas, outras contribuições atentaram para os desafios dos alimentos orgânicos e a necessidade do diálogo com a comunidade sobre os benefícios de ações como a feira agroecológica.

Luan Pazzini, acadêmico do curso de Jornalismo, chamou atenção para o Projeto Tenda Viva, que consiste no mapeamento das feiras orgânicas na Região Metropolitana de Porto Alegre. “O objetivo é mapear as feiras orgânicas e cooperativas, através de um mapa colaborativo. Para nós o mais importante é pessoas que acreditem e incentivem o trabalho que queremos desenvolver”, ressalta.

Para encerrar, a professora e coordenadora do ObservaSinos, Marilene Maia reforçou o convite para a Ecofeira Unisinos que ocorrerá no dia 08-06-2016. “Que a gente siga participando desse processo. Nossa projeção é fazer a feira com oficinas, cine-vídeos e outras atividades de formação e debate. A contribuição de todos é muito bem vinda”, convida. Ela ainda reforçou a importância de fortalecer o incentivo às feiras orgânicas e aos alimentos agroecológicos. “Estamos na contra corrente, essa é uma bandeira comum pra todos nós que acreditamos numa vida que seja garantidora de vida para todos”, frisa.

A conferência “Feiras Agroecológicas. Para quê?” foi transmitida ao vivo por meio do canal do IHU no Youtube e pode ser assistida on-line.

Por Carolina Lima e Marilene Maia

Saiba mais:

No dia 4 de abril, aconteceu em São Leopoldo o 5º Seminário Anual – Agenda 2020 e o Programa Cidades Sustentáveis no Vale do Sinos. A atividade foi realizada pelo Instituto São Leopoldo 2024 com o intuito de promover o debate a respeito do projeto de cidade que se deseja, assim como da perspectiva de constituir-se em cidade sustentável.

O Observatório da realidade e das políticas públicas do Vale do Rio dos Sinos – ObservaSinos, programa do Instituto Humanitas Unisinos – IHU, foi convidado a participar do Seminário com o intuito de apresentar os dados para leitura da realidade da cidade de São Leopoldo.

O ObservaSinos, por meio da Profa. Marilene Maia e do acadêmico em Ciências Econômicas João Conceição, apresentou indicadores sobre a situação do saneamento básico da região e a situação do Rio do Sinos. Também exibiu dados gerais da cidade e o perfil da população, assim como dos índices econômicos e sociais do município e dos seus bairros. Destacou as características da população e dos territórios em situação de (des)proteção social.

Foto: Carolina Lima / ObservaSinos – IHU

O evento ainda contou com a participação de Luiz Guilherme Gomes, assessor do Programa Cidades Sustentáveis. O Programa possibilita aos gestores públicos uma agenda completa da sustentabilidade urbana, indicadores e um banco de práticas associadas a essa agenda a serem desenvolvidas pelos municípios. Para isso, existem 12 eixos temáticos que abordam diferentes áreas da gestão pública, incorporando as dimensões social, ambiental, econômica, política e cultural.

Também houve a exposição, feita pela Secretária Adjunta de Monitoramento, Pollyana Perinazzo, sobre a realidade do município de Canoas, que, em 2014, ganhou o Prêmio Nacional de Cidade Sustentável. A partir disso, Pollyana apresentou ferramentas de monitoramento e gestão em relação aos dados do município, assim como as estratégias utilizadas para a sua afirmação como cidade sustentável.

O Instituto São Leopoldo reuniu representantes de outras organizações com atuação na cidade, assim como os representantes dos partidos que têm presença no município, a fim de ampliar o debate sobre a cidade que se tem e a cidade que se quer. Debate que se faz indispensável neste tempo, que deve ser ampliado com a participação da população.

Por Carolina Lima e Marilene Maia

No último ano o mundo se voltou para a questão das mudanças climáticas, que foi o principal tema da 21ª Conferência das Partes da Convenção das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas – COP-21, realizada entre os dias 30 de novembro e 11 de dezembro de 2015 em Paris, na França. Com o objetivo de debater este e outros assuntos relacionados ao meio ambiente, o Instituto Humanitas UnisinosIHU promove o Ciclo de atividades. O cuidado de nossa Casa Comum.

Entre as atividades que estão programadas para acontecer, duas serão ministradas, no dia 17 de março, pelo coordenador executivo do Observatório do Clima, Carlos Rittl, mestre e doutor em Biologia Tropical e Recursos Naturais.

Rittl, que participou da COP-21, descreveu em entrevista à IHU On-Line, quando ainda estava em Paris, que “há aspectos frágeis, como por exemplo, a falta de uma data, ano ou período objetivo para pico global de emissões de gases de efeito estufa e para eliminação das emissões”.

Foto: http://bit.ly/24n7Uob

Serviço

A palestra 21ª Conferência das Partes da Convenção das Nações Unidas sobre Mudança do Clima – COP 21. Avaliação e prospectivas ocorrerá no dia 17 de março, quinta-feira, das 17h30min às 19h. No mesmo dia, às 19h30min, o biólogo Carlos Rittl falará sobre Mudanças climáticas no Brasil e seus impactos sociais e econômicos. As conferências serão realizadas na Sala Ignacio Ellacuría e Companheiros, no IHU.

Confira no sítio do IHU a programação completa das atividades que integram o Ciclo de atividades. O cuidado de nossa Casa Comum.

Sobre o palestrante

Carlos Rittl é mestre e doutor em Biologia Tropical e Recursos Naturais. Foi coordenador do Greenpeace Brasil, como coordenador da Campanha de Clima, e do WWF-Brasil, como coordenador do Programa de Mudanças Climáticas e Energia. Atualmente é coordenador executivo do Observatório do Clima.

Por Fernanda Forner

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Para debater a crise civilizacional, relacionando as crises ecológica, energética, financeira, climática e alimentar, o Instituto Humanitas Unisinos – IHU promove o Ciclo de Estudos em EAD: Sociedade Sustentável – Edição 2016, que acontece entre os dias 21 de março e 09 de maio, pela plataforma Moodle.

O grande foco do curso será a relação que há entre as crises atuais (econômico-financeira, climática, alimentar etc.), far-se-á enxergar os pontos em comum que interpassam tais crises. Isso tendo como fazendo referencia a ecologia integral. O ministrante do ciclo de estudos será o Prof. MS Gilberto Antonio Faggion, da Unisinos.

Além de perpassar todos os módulos, o último deles, o número 5 será dedicado a uma reflexão em torno da Carta Encíclica Laudato Si’ do Papa Francisco sobre o cuidado da casa comum.

foto: usp.br/portalbiossistemas

Serão debatidos também quais outros paradigmas são possíveis para permitir o surgimento de uma sociedade mais sustentável. O ministrante abrirá o conceito de tecnociência, segundo ele não precisamos apenas isso: “O ser humano também faz parte da natureza e precisamos repensar nossas atitudes diante dos desafios atuais”, comenta.

O curso em EAD terá uma periodicidade semanal. Cada semana corresponde a quatro horas de estudos e atividades, as quais incluem leitura de textos e participação nos debates dos fóruns virtuais e webconferências, desenvolvidas semanalmente. Os alunos são convidados a sugerir vídeos e contribuir nos fóruns.

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Nahiene Alves

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O Observatório da realidade e das políticas públicas do Vale do Rio dos Sinos – ObservaSinos, programa do Instituto Humanitas Unisinos – IHU, promoveu no dia 28 de julho a Oficina Realidades, Diagnóstico Socioterritorial e Mapa Falado, com a assessoria de MS Marlene Rosa de Oliveira Fiorotti e Acad. Roberto Pereira do Nascimento Junior, trabalhadores da Diretoria de Vigilância Socioassistencial do município de Canoas.

Oficina – Realidades, Diagnóstico Socioterritorial e Mapa Falado

O objetivo da oficina foi apresentar as referências e metodologia do Diagnóstico Socioterritorial e do processo de construção do Mapa Falado, que se constituem em estratégia fundamental para conhecer, analisar e debater sobre as realidades, em vista do planejamento de políticas públicas locais. A exposição foi realizada a partir da experiência realizada no município de Canoas.

A Oficina iniciou com a reflexão individual dos participantes sobre suas experiências de cidadania. Seguiu-se a socialização das experiências, revelando diferentes expressões, territórios e perspectivas de atuação, que, na sua maioria se constitui em redes.

Em um segundo momento, foram formados grupos para a realização de uma atividade. A estes grupos foram entregues mapas de alguns municípios da Região Metropolitana de Porto Alegre, para que os participantes se identificassem como moradores e/ou trabalhadores destes territórios. A partir disso, a tarefa dada aos grupos foi de indicar os pontos de proteção e desproteção sociais, caracterizando as realidades que constituem cada território.

A partir daí foi apontado o desafio de que os grupos escolhessem um ponto de desproteção e indicassem estratégias para a sua superação. Assim, alguns dos pontos de desproteção apontados foram os de mobilidade urbana, infraestrutura urbana e acesso a saneamento básico.

A partir desta dinâmica, Marlene e Roberto apresentaram o Diagnóstico Socioterritorial de Canoas e o Mapa Falado elaborado, aliados aos seus resultados, avaliações e perspectivas futuras, que foi realizado no município de Canoas durante o ano de 2014.

Entenda o Diagnóstico Socioterritorial de Canoas
O Diagnóstico Socioterritorial é uma produção coletiva que envolveu a Secretaria Municipal de Desenvolvimento Social – Diretoria de Vigilância Socioassistencial de Canoas, e a Universidade do Vale do Rio dos Sinos – Instituto Humanitas Unisinos e Curso de Serviço Social, com contribuições do Centro Universitário Lasalle – Observatório do Trabalho e a assessoria da Professora Dirce Koga.

Este exercício coletivo iniciou-se com levantamento dos indicadores sociais junto aos institutos de pesquisa, tais como Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE, bem como a outros possíveis produtores de informações nas políticas públicas, como Secretaria Municipal de Saúde, Secretaria Municipal de Segurança Pública, setor de monitoramento, entre outras instituições municipais.

Os indicadores sociais apresentam a realidade dos quadrantes e os seus respectivos bairros com georreferenciamento das informações coletadas. Para compor o diagnóstico foram realizadas pesquisas de campo para os quadrantes, com o envolvimento de todos os bairros em cada quadrante, com o objetivo de captar a realidade vivida em cada território.

Para tanto, foram feitas oficinas com a Rede intersetorial em cada quadrante, seguida por oficinas com a população e com representação de todos os bairros do referido quadrante, bem como entrevista com a população em geral em lugares variados da cidade, quais sejam: ponto de ônibus, no Centro de Referência de Assistência Social, na Unidade de Saúde, na escola, na associação de Moradores, no salão da igreja, entre outros.

A pesquisa que direcionou a construção do diagnóstico socioterritorial foi a questão de proteção e desproteção social no território. Sendo assim, este diagnóstico desde a sua origem fez o exercício de leitura de realidade neste sentido, buscando parceria com as políticas sociais em geral da cidade.

Para além do “mapeamento” da população em vulnerabilidade e territórios com incidência de pobreza, o diagnóstico quer sinalizar em que medida a proteção social está sendo efetivada e o que precisa ser melhorado para o enfrentamento da desproteção social no e do território.

O diagnóstico socioterritorial ora apresentado será uma das principais ferramentas para planejamento, intervenção, monitoramento e avaliação da política de assistência social, em articulação com as demais políticas públicas locais.

Entenda o Mapa Falado

O Mapa Falado foi construído a partir da dinâmica do Diagnóstico Socioterritorial, que contou com a participação da comunidade. Foram indicados os pontos de proteção e desproteção social com o auxílio de mapas georreferenciados, em encontros realizados em cada quadrante. Por isso, a denominação Mapa Falado.

Esta experiência foi apresentada no 3° Simpósio de Investigação e Ação Participativa, em Bogotá, na Colômbia. Marlene comentou que algumas experiências semelhantes ao Mapa Falado de Canoas foram realizadas em outros países e denominadas de Cartografia Social.

Por Marilene Maia e Matheus Nienow.

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