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Entre os dias 02 e 05 de outubro ocorreu o XIII Simpósio Internacional IHU – Igreja, Cultura e Sociedade para tratar de temas relacionados à semântica do Mistério da Igreja no contexto das novas gramáticas da civilização tecnocientífica. Estiveram presentes nomes como Marcelo Gleiser, Massimo Pampaloni, Paul Valadier, Antônio Spadaro, Mário de França, Christoph Theobald e Peter C. Phan. Temáticas como “Teologia x Ciência”, “o Mistério no cinema” e “o Concílio Vaticano II” foram apresentadas e debatidas entre os palestrantes e participantes do evento.
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Para Agnaldo Barbosa Duarte, padre jesuíta de Teresina/PI, a experiência de participar do evento foi muito boa. Ele trabalha com a Pastoral de uma escola e disse que o Simpósio o ajudou a perceber novas linguagens de como trabalhar relacionando teologia e ciência. Ele acredita que é possível relacionar e que é importante se aprofundar nesse discurso. Duarte ainda declarou que as questões foram relevantes e despertaram o desejo de pesquisar mais.
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“Acho que o Simpósio foi uma atualidade no campo teológico, principalmente a capacidade de discutir a relação entre ciência e teologia, e abre espaço para dialogar mais profundamente, principalmente porque a teologia enfrenta muitos conflitos sobre algumas questões que parecem fechadas, mas não estão. As questões discutidas são bastante delicadas, em destaque a do pluralismo religioso, mas toda a temática trouxe grandes riquezas”, afirmou José Rocha Cavalcante Filho, teólogo, doutorando em Ciências da Religião na PUC/SP.
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Segundo Adilina Benetti, graduada em Ciências Sociais e Teologia, de Porto Alegre, o Simpósio veio confirmar um ponto fino e essencial de trabalhar e conquistar esse jeito de viver ecumênico, porque com essa cultura atual da sociedade, nós, como Igreja, ficamos fechados. Para Adilina, um ponto forte do evento foi a discussão teológica dentro da sociedade em evolução, pois a proposta formativa é diversificada e desafiadora. “Gostei muito das oficinas, pois foram bem diversificadas. Dou uma nota de muito bom para ótimo”, declara.
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Além de discutir propostas profundas sobre ciência e teologia, o Simpósio também foi capaz de produzir sensibilidade, visto que, ao ouvir algumas palestras, alguns participantes reacenderam sua vida espiritual.
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Apesar de o Simpósio ter sido encerrado na sexta-feira, 05-10-2012, hoje inicia mais um evento que procura buscar a espiritualidade e religiosidade. O Congresso Continental de Teologia visa refletir sobre os 50 anos da inauguração do Concílio Vaticano II, celebrada pelo papa João XXIII, e os 40 anos da publicação do livro Teologia da Libertação. Perspectivas, de Gustavo Gutiérrez, que inaugura a rica trajetória da teologia em nosso continente. Para conferir mais informações sobre o evento, acesse o sítio.
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Por Luana Taís Nyland

Baseado em uma pesquisa de caráter teológico antropológico, Luiz Carlos Susin ministrou na tarde de ontem o minicurso “A semântica do sacrifício na obra da salvação” no XIII Simpósio Internacional IHU – Igreja, cultura e sociedade. A semântica do Mistério da Igreja no contexto das novas gramáticas da civilização tecnocientífica.

Antes de tratar precisamente sobre o sacrifício, Susin contextualizou o assunto a partir de diversos autores importantes, como Joseph Campbell, estudioso de mitologia e religião comparativa, que aponta o nascimento da religião com o humano na era neolítica. Os coletores e caçadores, que não produziam, estavam totalmente imersos no ambiente. Depois, com a sedentarização e a agricultura, surge a separação do sacro e do profano. Esse distanciamento, explica o teólogo, leva, posteriormente, à busca da religação, “dando início ao fascínio e ao tremor diante do sagrado”. Segundo Susin, assim começa a complicação da dualidade entre o humano e o divino.

Walter Burkert, outro autor citado por Susin, aponta os traços da biologia na religião arcaica. Ele diz que assim como é importante se nutrir, é importante que as fontes sejam sacras: vegetais, animais, agrícolas. “Assim, estabelece-se uma ligação entre a saúde e o sacro,surgindo as tradições dos sacrifícios de animais para curar e prevenir”, esclarece.

Outro aspecto importante para o entendimento do sacrifício vem do conceito de Émile Durkheim e Marcel Mauss. Eles dizem que a totalidade de uma sociedade é sempre de caráter sacro, que na cultura contemporânea pode ser exemplificada com o indivíduo, que é considerado sagrado.

O sociólogo Max Weber, também mencionado pelo teólogo, acrescenta ao tópico, o espírito do capitalismo. Ele considera a religião como uma “função social, de conservação e manutenção. Não consegue pensar na ética sem que haja uma religião. Poupança e prosperidade como bênção, sinal de salvação”.

Outro nome importante para a discussão é o de Sigmund Freud, que disse que “a neurose é uma religião particular, e a religião é uma neurose coletiva” e comparou os crentes com histéricos, quando estes falavam com imagens de santos em estátuas de gesso. Outro ponto abordado por Freud é que “a obsessão cria rituais e os rituais são a nossa maneira de lidar com a nossa obsessão”.

“A questão que mais desafia a partir da psicanálise é a projeção do desamparo do narcisismo que luta por manter imortalidade e onipotência”, comenta Susin.

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“Ciência e Religião: Quando uma invade a esfera da outra, surgem os conflitos”, afirma o Prof. Dr. Marcelo Gleiser, físico brasileiro, em debate com o Prof. Dr. Michael Welker, teólogo alemão, na noite de ontem (03/10), durante o XIII Simpósio Internacional IHU – Igreja, Cultura e Sociedade.

O tema escolhido para a palestra foi “Fé e ciência: um diálogo possível?”. Gleiser iniciou explicando que “todas as religiões fazem uma suposição fundamental: que existe uma realidade paralela que é a realidade física, que é além do material, que só pode se comunicar com a gente de formas imponderáveis. E isso para o cientista não funciona. A ciência funciona com relações de causa e efeito”.

“Muitos cientistas esquecem que a ciência tem limites, a própria maneira como ela é feita tem limites metodológicos óbvios. Você tem que isolar o que você está estudando do entorno. Cria condições para estudar um fenômeno específico. Mas existem questões que você não consegue isolar, por exemplo, o Universo. O Universo não pode ser um objeto de estudo de fora para dentro. A questão da origem do Universo força uma nova forma científica”, continua.

Welker questiona: “E como ficam os fenômenos culturais?”. Antes que Gleiser respondesse, o teólogo continuou: “Nós temos dois tipos de comunidades que buscam a realidade e não significa que a religião não tenha racionalidade”.

O debate foi intenso e alguns espectadores questionaram sobre o assunto. Marcelo Gleiser ainda deixou claro que “pensar só de uma forma é um empobrecimento cultural”.

Para ler a cobertura completa do evento, acesse o sítio.

Confira abaixo algumas fotos do evento.
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Por Luana Taís Nyland

Sensações. Essa é a palavra chave do evento ministrado pela professora Yara Caznok na tarde de ontem (2) no Simpósio Internacional do IHU. A audição comentada de 3 peças de Beethoven trazem emoções impressionantes.

Beethoven, compositor na transição do século XVIII e XIX, escreveu em 1802 o testamento de Heiligenstadt relatando toda sua solidão que veio com a surdez. “A doença, porém, não impossibilitou Beethoven de compor. Um bom músico não precisa ouvir externamente. Ele precisa conhecer música”, conta Yara.

O contraste dessa condição que isolou Beethoven se dá em sua obra. “A música dele nos dá a sensação de que não estamos sozinhos, que, juntos, faremos algo. Não sei o que, mas faremos”, observa a professora. “É uma proposição de uma felicidade compartilhada”, completa.

Beethoven é impressionantemente moderno. Ele deixa a gente suspenso no ar e provoca o ouvinte, unindo sensação, intuição. Ele investe nessa totalidade, nos fazendo questionar como isso é possível”, diz Yara.

Confira mais sobre o evento nas notícias do dia, na cobertura realizada pela jornalista Graziela Wolfart. Leia também a entrevista que Yara concedeu à IHU On-Line.

Por Natália Scholz

Igreja, Cultura e Sociedade são os temas escolhidos para os debates do XIII Simpósio Internacional IHU que inicia hoje (02/10). A sociedade atual, entendida por alguns pensadores como sociedade pós-metafísica, vem transformando profunda e radicalmente não só a ideia de Deus na cultura contemporânea, mas também as condições e possibilidades do discurso e narrativa teológica no contexto hodierno. Essa realidade coloca em questão as possibilidades e também o significado e a relevância do discurso teológico na sociedade em que vivemos na forma como tem se desenvolvido até o presente momento.
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Dentre os nomes que debaterão no evento estão o Prof. Dr. Marcelo Gleiser – Dartmouth College – Hanover/EUA – para apresentar “As novas gramáticas que emergem hoje das ciências”, o Prof. Dr. Paul Valadier – Centre Sèvres – Paris – para apresentar “Crise da racionalidade, crise da religião: desafios e perspectivas para o discurso cristão na atualidade”, o Prof. Dr. Roger Haight – Union Theological Seminary – New York/EUA – para apresentar “Seguir a Cristo em uma era científica” e  Prof. Dr. Peter C. Phan – Georgetown University – Washington D.C./EUA – para apresentar “A semântica do Mistério da Igreja no contexto das gramáticas atuais. Uma perspectiva inter-religiosa”.
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“Estamos nos detalhes finais para o evento que contém 130 pessoas inscritas. Nós, como coordenadores, estamos ansiosos para o início do evento. O Simpósio Internacional IHU nos proporciona um momento de integração e reflexão. Por isso, o aguardamos com tanta alegria”, diz Rejane Bastos, secretária do Simpósio.
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Durante  o evento, a equipe de Comunicação do IHU cobrirá as palestras e minicursos, oferecendo aos/as leitores/as o conteúdo debatido pelos conferencistas. Para mais informações, acesse o sítio.