Arquivos da categoria ‘Revista IHU On-Line’

A financeirização da vida. Os processos de subjetivação e a reconfiguração da relação ‘economia e política’  é o tema de capa da revista  IHU On-Line desta semana.

Pesquisadores de várias áreas do conhecimento refletem sobre este fenômeno da vida contemporânea.

Yann Moulier Boutang, redator-chefe da revista Multitudes, numa entrevista ampla e profunda, aponta que a financeirização tem ampla influência na organização social, atingindo aspectos como a biosfera e a noosfera.

Segundo o filósofo e sociólogo italiano Maurizio Lazzarato, a figura do “homem endividado” é uma das engrenagens que colaboram para a produção e reprodução da máquina de guerra do Capital.

Massimo Amato, da Universidade Bocconi, de Milão, afirma que uma das implicações da financeirização é a despolitização da política.

O economista italiano Stefano Zamagni, da Universidade de Bolonha, aponta a economia civil como alternativa à economia financeirizada e globalizada.

O cientista político Giuseppe Cocco, da Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ, destaca o esvaziamento da concepção de esquerda na política.

O filósofo Rodrigo Karmy, da Universidade do Chile, debate a potência anárquica do poder destituinte.

Sandro Luiz Bazzanella, da Universidade do Contestado – UnC, fala sobre a sacralização do dispositivo da economia e do esvaziamento da política.

Para o filósofo Adriano Correia, da Universidade Federal de Goiás – UFG, os conceitos de homo oeconomicus, de Foucault, e animal laborans, de Hannah Arendt, são importantes para pensarmos o tempo presente.

Albert Ogien, cientista social francês, diretor do Institut Marcel Mauss (IMM-EHESS/CNRS), acentua que podemos compreender o nascimento de movimentos políticos sem líder e sem partido a partir do crescimento da autonomia de juízo dos cidadãos.

A publicação da Carta Encíclica do Papa Francisco Laudato Si’ sobre o cuidado da casa comum, é tema da entrevista com Deborah Terezinha de Paula, doutora em Ciência da Religião, pela Universidade Federal de Juiz de Fora – UFJF. Ela analisa a impacto e a presença da obra de Teilhard de Chardin no importante documento. Nesta edição também pode ser conferido um Guia de Leitura do documento pontífício.

Por fim, o Prof. Dr. Castor Bartolomé Ruiz publica o quarto artigo da série “A filosofia como forma de vida”, sob o título “A regra da vida (regula vitae), fuga e resistência ao controle social”.

Confira a edição nas versões:

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Por Cristina Guerini

Para o jornalista Austen Ivereigh, a prática da reforma do Papa Francisco e suas evidências dependem do “quanto a Igreja está disposta a incorporar, em sua cultura e em suas estruturas, a reforma à qual Francisco está convocando os católicos”. Segundo ele esta “ainda é uma questão em aberto“.

Foto: ultimosegundo.ig.com.br

Em entrevista concedida por e-mail à revista IHU On-Line, nº 465, Ivereigh, também filósofo, confessa que três palavras poderiam definir Francisco: peronista, jesuíta e reformador, constituindo assim as características de Bergoglio, que, como argentino, foi influenciado pelo pensamento peronista.

Apesar de ver “o movimento peronista como a expressão legítima dos valores dos argentinos comuns”, Ivereigh ressalta que isso não fez do pontífice um pró-peronista acrítico, tendo criticado fortemente nomes como Menem e Kirchner. O jornalista acredita que Francisco merece o título de “reformador” não só pelo que propõe no Papado, mas pela história de mudanças que vem fazendo ao longo dos séculos.

Ivereight é autor do livro The Great Reformer: Francis and the Making of a Radical Pope [O Grande Reformador. Francisco e a construção de um Papa radical, em tradução livre], onde produz uma pesquisa para analisar o fenômeno que é Francisco. Por ser um tema pertinente a quem deseja compreender seu pontificado, o sítio do Instituto Humanitas Unisinos – IHU vem publicando inúmeras resenhas do livro.

Segundo Ivereigh, o papa busca, inquietantemente, desde sua formação uma Igreja evangelizadora: “Francisco é profunda e inteiramente jesuíta de toda uma série de modos, mas, acima de tudo, em sua visão de reforma. Sob vários aspectos, a renovação que Bergoglio procurou implementar dentro da Província jesuíta argentina estava baseada na Companhia de Jesus primitiva”.

Foto: Brandonvogt

Austen Ivereigh vive em Londres. Foi editor da revista britânica The Tablet e diretor de Assuntos Públicos do ex-arcebispo de Westminster, o cardeal Cormac Murphy-O’Connor. Fundador e coordenador do Catholic Voices, que capacita as pessoas a colocar o caso da Igreja Católica nos meios de comunicação, ainda contribui para revistas e jornais.

A entrevista está disponível online, para acessar clique aqui.

Por Nahiene Alves

Para ler mais: 

“Essa obra volumosa de Christoph Theobald é, sem dúvida alguma, uma grande contribuição para o campo dos estudos do Vaticano II. Não me parece exagero dizer que se trata, atualmente, da contribuição mais importante nesse campo por parte de um teólogo sistemático”, escreve o teólogo Gilles Routhier em resenha do livro La Réception du Concile Vatican II: Accéder à la source (Paris: du Cerf, 2009), de Christoph Theobald. A resenha foi publicada na Revista IHU On-Line, Nº 465.

A síntese desenvolvida por Routhier compara o livro de Theobald com as principais obras sobre o Concílio Vaticano II: Herders theologischer Kommentar zum zweiten, de G. Hilberath e P. Hünermann, e L’histoire de Vatican II, de G. Alberigo. Mas, sobretudo, elogia bastante a forma como Theobald conduz o sentido de Pastoridade, onde supõe uma abordagem hermenêutica da doutrina e tradição.

Segundo Routhier, a obra de Theobald, apesar de ter se beneficiado bastante com as anotações do livro de Alberigo, diferencia-se das demais por não focar apenas na história do Vaticano II, mas por uma “questão que interessará a uma nova geração: ‘O que podemos esperar de Vaticano II’”, enfatiza Routhier.

A resenha ainda destaca a originalidade do estudo, cuja pesquisa iniciou-se há quase 10 anos em um importante artigo publicado em 1996, sobre o qual Theobald escreve com frequência, “Le concile et la ‘forme pastorale’ de la doctrine”. No artigo, o pesquisador busca compreender como surgiu na Igreja Católica um novo jeito de se relacionar com seu patrimônio dogmático; o artigo também funciona como base de uma tese bem fundamentada que foi cada vez mais trabalhada e resulta em uma das principais partes do livro: a definição de pastoralidade.

“Sou muito grato a Theobald por esse trabalho colossal, que impulsiona os estudos sobre o Vaticano II, e aguardo impacientemente a continuação, no segundo volume anunciado”, conclui Routhier ao final da resenha.

O livro La Réception du Concile Vatican II: Accéder à la source, foi apresentado no II Colóquio Internacional IHU – O Concílio Vaticano II: 50 anos depois. A Igreja no contexto das transformações tecnocientíficas e socioculturais da contemporaneidade.

Christoph Theobald

Christoph Theobald é teólogo jesuíta, nasceu em Colônia, na Alemanha, mas desde a década de 1970 reside na França. É autor de três livros sobre teologia: A revelação (2002), O Cristianismo como estilo: uma maneira de fazer teologia na pós-modernidade e Transmitir um Evangelho de Liberdade, ambos lançados em 2007. No Brasil, as obras foram lançadas pela editora Edições Loyola.

Em um de seus últimos estudos acadêmicos, a pesquisa As grandes instituições de futuro do Concílio Vaticano II: a favor de uma ‘gramática gerativa’ das relações entre Evangelho, sociedade e Igreja, Theobald apresenta uma visão global do Vaticano II, esclarecendo-o como um “corpus textual”, cujo objetivo do estudo é “aprofundar-se nas maneiras de proceder que o Concílio soube inventar”, diz o próprio Theobald em relação à sua pesquisa.

Em 2012, Christoph Theobald esteve na Unisinos participando do XIII Simpósio Internacional IHU, Igreja, Cultura e Sociedade: a semântica do Mistério da Igreja no contexto das novas gramáticas da civilização tecnocientífica, promovido pelo IHU.

Para ler mais

Operário – Tarcila do Amaral

 

estoriasdahistoria12.blogspot

O Dia Mundial do Trabalho é a celebração da luta dos trabalhadores e trabalhadoras por melhores condições de trabalho. A data lembra a greve geral de 1886, em Chicago/EUA, que tinha como objetivo reduzir a jornada de trabalho para 8h/dia, durante a Revolução Industrial. Nos anos seguintes, em outros países, os movimentos foram instituindo a data de 1º de maio como referência às suas mobilizações e em homenagem aos americanos mortos durante a primeira manifestação.

No Brasil, o feriado foi decretado pelo presidente Artur da Silva Bernardes, em 1925, após o fortalecimento da classe operária com a greve geral de 1917. Nos últimos anos, a passagem da data no país foi caracterizada por manifestações sindicais, comícios e passeatas em todo país. Neste ano, será marcada pela tensão por conta da aprovação do Projeto de Lei que amplia a terceirização.

O mundo trabalho e suas transformações, no Brasil e no mundo, é um tema que reiteradamente é analisado e refletido nas publicações e eventos do Instituto Humanitas Unisinos – IHU

Na edição 464 da Revista IHU On-Line intitulada Terceirização e acumulação flexível, a abordagem central é sobre a aprovação do PL 4330 na Câmara dos Deputados.

Os especialistas ampliam e intensificam o debate em torno do tema, sinalizando uma precarização nas condições de trabalho a partir de uma redução salarial dos empregados terceirizados e um regime de contratação análogo ao trabalho escravo, como adverte Vitor Filgueiras: “A atual situação de precarização, quando não de degradação das condições de trabalho dos trabalhadores terceirizados, vai se legitimar, por conseguinte, será estimulada e aprofundada. Não bastasse, haverá uma nova onda de expansão da terceirização sobre o mercado de trabalho, rebaixando as condições de trabalho e de vida do conjunto dos trabalhadores no país, incluindo desde redução de salários até o aumento das mortes no trabalho.”

Traçando uma perspectiva sobre o futuro do mercado de trabalhado brasileiro, o professor Ruy Braga aponta para uma “inversão estrutural”: “A implicação que estou prevendo, caso o projeto tramite e seja sancionado pela Presidência, é de que em cinco anos haverá uma inversão estrutural no mercado de trabalho no Brasil, na qual a maior parte do trabalho será terceirizada e a menor parte será diretamente contratada. Hoje se tem 49 milhões de carteiras assinadas com 12,7 milhões de trabalhadores terceirizados. Em cinco anos — essa é minha previsão — haverá algo em torno de 28 milhões de trabalhadores terceirizados, e o restante, alguma coisa em torno, talvez, de 15 milhões de trabalhadores, diretamente contratados”.

Em depoimento, o professor Gilberto Faggion, fala sobre a importância da data e provoca:  “mais do que dia do trabalho, primeiro de maio é dia do trabalhador. É um momento de refletir sobre que perspectivas se abrem para este indivíduo e que desafios ele enfrenta diante do sistema econômico em que vive. Busca-se também, alimentar esperanças, como a de pleno respeito à dignidade de quem trabalha, seja da forma que for, formal ou informal. Ainda, ir além da ideia de que trabalhador é a pessoa que tem alguma atividade remunerada.”

A partir dessas análises o IHU propõe (re)pensar os desafios da classe trabalhadora.

Confira as edições anteriores sobre o mundo do trabalho:

Por Cristina Guerini

Creio em que? E espero em que? Apenas essas duas questões serviram de provocação para os entrevistados da IHU On-Line desta semana.

Foto: Sementes do Espirito

Telma Monteiro, pesquisadora independente e especialista em análises de processos de licenciamento ambiental e social; Augusto Teixeira, professor do Programa de Pós-Graduação em Ciência da Religião da Universidade Federal de Juiz de Fora – UFJF e Dom Erwin Kräutler, Bispo do Xingu são algumas das pessoas que participam da última edição da revista IHU On-Line.

Uma das reflexões é relatada por uma filósofa e teóloga feminista/ecofeminista: “Os dogmas, as teorias, as grandes sínteses do pensamento, as grandes ‘revelações divinas’ compiladas em livros sagrados não poderão nos ensinar nada se nosso coração não for capaz de enternecer-se diante de um homem faminto, de uma criança chorando de abandono, de uma mulher violada, de um estrangeiro buscando um lugar para viver”, afirma  Ivone Gebara, teóloga feminista.

Também nesta edição pode ser lida a entrevista com Luigi Perissionotto, professor de Filosofia da Linguagem e Filosofia da Comunicação na Universidade Cá Foscari de Veneza. Perissinotto é um dos maiores especialistas do pensamento e da obra de Wittgenstein.

A revista IHU On-Line é uma publicação semanal do Instituto Humanitas Unisinos – IHU e pode ser acessada nas seguintes versões:

 

 

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A edição impressa já está circulando no campus Unisinos São Leopoldo.

 

 

 

Confira mais edições da revista IHU On-Line.

 

Por Nahiene Alves