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Com o desenvolvimento cada vez mais acelerado das mídias – impressas, radiofônicas, televisivas e em especial digitais – e de suas possibilidades comunicacionais, a midiatização da sociedade torna-se um fenômeno cada vez mais instigante para a pesquisa. Dentro desse contexto, as religiões, em suas diversas denominações, são um foco especial para o estudo das sociedades em midiatização.
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Promovida pelo Instituto Humanitas Unisinos – IHU, em parceria com o Programa de Pós-Graduação em Ciências da Comunicação, a 1ª Jornada de Mídias e Religiões: “A comunicação e a fé em sociedades em midiatização” visa a promover o debate entre pesquisadoras/es e estudantes, mediante o viés específico da Comunicação, sobre os desafios e possibilidades da interface mídias e religiões em diálogo com as sociedades contemporâneas.
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“Esse evento é um convite para estudantes de diversas religiões e mídias, tanto dos cursos da graduação, quanto da pós-graduação, que pesquisam sobre o assunto ou se interessam pelo mesmo. Também é uma maneira de profissionais compartilharem informações sobre o tema e terem a oportunidade de ouvirem pesquisadores e o palestrante Prof. Dr. Pe. Antonio Spadaro (Civiltà Cattolica e Pontifícia Universidade Gregoriana, Roma, Itália), realizando, assim, a troca de conhecimentos”, diz Thamiris Magalhães, mestranda da Unisinos e coordenadora executiva do evento.
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Encontre mais informações sobre o evento no sítio do IHU.
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Para ler mais sobre o tema:

“A resiliência, entendida como a capacidade de superar as situações adversas, é um esforço do ser humano de todos os tempos”, diz a Professora Doutora Susana María Rocca Larrosa, uma das coordenadoras do programa de Teologia Pública do Instituto Humanitas Unisinos – IHU, e palestrante do IHU Ideias dessa semana.
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A palestra “Resiliência: o papel da espiritualidade e dos fatores de proteção na juventude” ocorre nessa quinta-feira (31), das 17h30 às 19h, na sala Ignacio Ellacuría e Companheiros, no IHU.  Em entrevista para a IHU On-Line, Susana conta os detalhes do evento.
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Confira a entrevista com Susana Rocca (foto), sobre o tema que será abordado na palestra.
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O que tu estás preparando para o evento?
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Foto: Luana Taís Nyland

Susana – A discussão pretende abordar alguns pontos da minha pesquisa de Doutorado intitulada: “As contribuições da espiritualidade e da Pastoral católicas no desenvolvimento da resiliência, em jovens de 18 a 29 anos”.
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O que tu pretendes discutir? Quais são os pontos fundamentais do debate?
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Susana – O estudo está baseado, em primeiro lugar, na perspectiva psicológica da resiliência, entendendo-a como o processo comportamental ou psíquico de superação de situações adversas e traumáticas. Baseada em estudos da Sociologia da Religião, pontuarei algumas características da espiritualidade contemporânea. E, aprofundando em publicações atuais sobre Pastoral Juvenil (latino-americanos, do Brasil, da França), discutiremos se a espiritualidade e a contribuição da Igreja são significativas ou não para que o jovem supere situações adversas ou traumáticas, no contexto atual. Além dos principais tópicos da pesquisa bibliográfica, apresentarei os resultados de uma pesquisa social quantitativa que conclui em 2010, na qual participaram 13 jovens, de 21 a 29 anos de idade, católicos, com alta resiliência, residentes em São Leopoldo/RS. A maioria passou por uma constelação de fatores de risco e traumáticos significativos. A investigação mostra que as condições adversas e as situações traumáticas não determinam necessariamente um destino negativo. Por outro lado, reafirma-se que para superar situações traumáticas é preciso algumas condições do entorno, pois a resiliência se tece na interação do contexto social e das aptidões, das competências, das características e das posturas pessoais. Concluirei apresentando os “fatores de proteção” (externos) e os “pilares de resiliência” (internos, próprios do jovem) que podem ser fomentados para promover a resiliência de pessoas ou grupos, tendo em conta especialmente o contexto brasileiro.
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Qual a importância de se debater este assunto?
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Susana – Considerando que estamos numa época de mudança de paradigmas e de valores, e num contexto latino-americano onde há diversas situações adversas que afetam de forma especial à juventude, precisa-se entender os novos desafios e descobrir as possibilidades e as perspectivas que as instituições (religiosas ou outras) têm para contribuir na promoção da resiliência. Esta contribuição abrange tanto o trabalho de prevenção, potencializando os recursos para promover a resiliência, quanto à superação de situações adversas ou traumáticas já existentes. Tendo investigado uma ampla literatura em língua francesa, espanhola e portuguesa, creio interessante analisar e discutir como concretamente a resiliência dos jovens pode ser promovida através do trabalho das comunidades e das instituições, e através da presença e das atitudes de integrantes dos determinados grupos organizados.
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Como surgiu este tema?
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Susana – A escolha da temática está profundamente ligada a minha trajetória pessoal. Sempre me perguntei como ajudar às pessoas a superar os sofrimentos. Sendo nova, me formei como psicóloga e consagrei minha vida numa comunidade missionária católica. Dediquei mais de 25 anos ao acompanhamento de jovens e adultos, tendo morado em quatro países (Uruguai, Argentina, Brasil, França). O contato com a diversidade de culturas, de ambientes, e de mentalidades, me levou a me aproximar de diferentes experiências de sofrimento, assim como das tentativas das pessoas e das instituições para superá-las. O contexto atual de grandes mudanças desafiou-me ainda mais. Como contribuir com as instituições, as associações, os ambientes de formação e com os próprios jovens para ajudá-los a serem mais capazes de resolver os conflitos, superar as adversidades e se reconstruírem positivamente depois das dificuldades e situações traumáticas? O interesse de encarar uma pesquisa de Mestrado e Doutorado nasceu desta exigência de atualização nos conhecimentos acadêmicos e de aprofundamento na prática pastoral. A ideia de pesquisar resiliência surgiu em 2004, ao tomar contato com algumas obras sobre “resiliência” de Boris Cyrulnik (psicanalista, neurologista, psiquiatra e etólogo francês); de Stefan Vanistendael, (do BICE-Bureau International Catholique pour l’Enfance); e das publicações do CIER (Centro Internacional de Información y Estudios de Resiliencia, da Universidad de Lanús, na Argentina).
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Algum outro destaque importante?
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Susana – Na pesquisa de campo há dados interessantes. Situada num contexto de novos paradigmas, as características da espiritualidade juvenil também suscitam novos desafios. Por exemplo: os jovens se autodefinem como católicos e salientam que a ajuda de Deus e da família é essencial para poderem superar situações adversas e traumáticas. Porém, a maioria dos entrevistados não têm prática institucional coletiva na Igreja Católica nem mencionam como significativas nem autoridades, nem lideranças católicas, e sim alguns grupos de Igreja. A oração pessoal, espontânea, nas suas casas é uma prática privilegiada e freqüente, sendo a dimensão pessoal, subjetiva e emocional, um traço característico da sua espiritualidade. O que significam estes dados para as pessoas e as instituições que trabalham em favor da juventude, especialmente aqueles jovens expostos a maiores situações de risco? São desafios que merecem ser debatidos.
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Confira também a edição 241 da revista IHU On-Line, “Resiliência. Elo e sentido”.

Na comemoração dos 50 anos da abertura do Concílio Vaticano II, a cidade de São Leopoldo/RS vai sediar, entre os dias 7 e 11 de outubro, o Congresso Continental de Teologia.  O evento também marca os 40 anos do lançamento do livro Teologia da Libertação, de Gustavo Gutiérrez.

No último sábado (05/05), publicamos a primeira parte da entrevista com as integrantes da Fundação Amerindia Continental, de Montevideo (Uruguai), Sylvia Alsina e Rosário Hermano, que estão organizando o encontro. O texto gira em torno do tema do congresso e dos resultados do Concílio Vaticano II.

A segunda parte segue abaixo, tratando da importância de um novo debate acerca dos 50 anos do concílio, da efetividade da teologia da libertação, e dos desafios para a teologia.

IHU-Online – Comemorando 50 anos da abertura do Concílio Vaticano II e 40 anos desde a publicação do livro Teologia da Libertação (Gustavo Gutiérrez). Qual é a importância de discutir os 50 anos do Conselho para a Igreja na cultura contemporânea?

Ameríndia – O Concílio Vaticano II foi realizado em Roma por quatro anos (1962 a 1965) com a participação de todos os bispos do mundo daquela época. Essa assembléia fez uma revisão profunda e crítica da Igreja, e propôs mudanças importantes na teologia, na Liturgia e sua relação com o mundo. Deu inicio a um processo de reforma com resultados positivos no primeiro, que diminuiu com o tempo.

O Concílio elaborou 14 documentos programáticos. Entre eles destacamos: a Constituição Dogmática “Lumen Gentium”, cujo nome significa “luz para as pessoas”, sobre a vida interna da Igreja, e a Constituição Pastoral sobre a Igreja no Mundo Moderno “Gaudium et Spes”, que significa “alegria e esperança para o mundo “.

Os dois referenciais mostram a perspectiva do evento: re-ler a partir do novo contexto em que vivemos a tradição latino-americana tecida em torno da recepção criativa do Vaticano II por Medellin, pelas práticas de comunidades eclesiais inseridas em um contexto de injustiça social, a centralidade da Palavra e leitura popular da Bíblia, a opção pelos pobres, o testemunho dos mártires das causas sociais e nossa característica reflexão teológica, em chave liberadora.

IHU-Online – Como vocês percebem a efetividade da teologia da libertação? Ela ainda está ativa na Igreja? Onde ela é mais ativa na América?

Ameríndia – Na América Latina, a recepção e aplicação do Concílio Vaticano II teve a sua expressão na teologia da libertação como uma reflexão teológica. Isso é um primeiro relacionamento e articulação precisa ser feito. E quando ele é feito, a Igreja na América Latina reconhece esse sacramento de libertação para os pobres. E a partir daí é que vemos a construção do Reino. Esta teologia está viva e presente em todo o continente, desde diferentes áreas e desde diferentes níveis, seja a partir das CEBs, dos círculos bíblicos, da leitura popular da Bíblia, etc. De lá, continuam a refletir sobre a vida, a dominação e a libertação. Também a partir do nível pastoral, de onde se situa a reflexão de muitos leigos, pastores, bispos e também desde o nível acadêmico dos teólogos que escrevem, ensinam, aconselham as comunidades e nunca perdem o contato com a vida dos pobres.

IHU-Online – O objetivo do Congresso é por encima de todo olhar para o futuro e questionar aos desafios e as tarefas da teologia na América Latina. Você acredita que podem surgir idéias para um novo Concílio?

Ameríndia – Todo o Congresso é prospectivo, mas especialmente no último dia de trabalho, se quer enfatizar o olhar para o futuro. Identificar os novos desafios e tarefas para a teologia no Continente é o foco do Congresso. O término do Congresso é o momento de recolher as contribuições de seus participantes, em vista de uma teologia que seja alimento na práxis da fé das nossas comunidades eclesiais, inseridas profeticamente no mundo de hoje, particularmente em um Continente injusto e excludente. Se a partir daqui surgem idéias para um novo Concilio, isso não pode sabe-o, mais sim aguardamos que surjam idéias que mobilizem toda a comunidade teológica. “A teologia precisa continuar sendo esperança para os pobres e excluídos”.

Confira a primeira parte da entrevista aqui.

Para ler mais:

A Sexta-feira Santa, ou ‘Sexta-feira da Paixão’, é a sexta-feira antes do Domingo de Páscoa. É a data em que os cristãos lembram o julgamento, paixão, crucificação, morte e sepultura de Jesus Cristo, através de diversos ritos religiosos. Segundo a tradição cristã, a ressurreição de Cristo aconteceu no domingo seguinte ao dia 14 de Nisã, no calendário hebraico. A mesma tradição refere ser esse o terceiro dia desde a morte. Assim, contando a partir do domingo, e sabendo que o costume judaico, tal como o romano, contava o primeiro e o último dia, chega-se à sexta-feira como dia da morte de Cristo.
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Na Igreja Católica, este dia pertence ao Tríduo pascal, o mais importante período do ano litúrgico. A Igreja celebra e contempla a paixão e morte de Cristo, pelo que é o único dia em que não se celebra, em absoluto, a Eucaristia. Por ser um dia em que se contempla de modo especial Cristo crucificado, as regras litúrgicas prescrevem que neste dia e no seguinte (Sábado Santo) se venere o crucifixo com o gesto da genuflexão, ou seja, de joelhos.
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Em respeito e veneração pela morte de Cristo, a Igreja convida-os à prática do jejum e da abstinência da carne e qualquer tipo de ato que se refira a Prazer. Exercícios piedosos, como a Via Sacra (antiga via romana) e o Rosário (oração católica), são também recomendados como forma de assinalar este dia especialmente importante para a fé cristã.
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Algumas pessoas questionam o motivo pelo qual fazer o jejum, a explicação é que, em respeito à Cristo, não se deve comer carne de sangue quente, lembrando sua morte. As tradições religiosas permitem que as pessoas se alimentem da carne dos peixes ou frutos do mar. Esses não têm a capacidade de controlar adequadamente a própria temperatura corpórea, portanto seus corpos possuem a temperatura próxima à do ambiente, sendo nomeados como animais de sangue frio, pela temperatura da água. Vamos aproveitar esta data para refletir e orar.
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Por Luana Taís Nyland

Inspirado em fatos reais, ocorridos na Argélia em 1996, Homens e Deuses, do diretor francês Xavier Beauvois, sustenta a tensão da crônica de uma morte anunciada. Mas o cineasta empenha-se de tal maneira em aprofundar um perfil de seus personagens, monges católicos sitiados pelo fundamentalismo islâmico, que seu filme torna-se um libelo pela tolerância.

Vencedor do Grande Prêmio do Júri no Festival de Cannes em 2010, “Homens e Deuses” detalha a vida despojada destes religiosos que, liderados pelo prior Christian de Chergé (Lambert Wilson, de “Um Plano Brilhante”), dedicam seu tempo a orações, cânticos e trabalho agrícola, numa atmosfera de silêncio e contemplação.

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A harmonia com que os monges cistercienses se encontram em meio a população islâmica é constantemente evidenciada. Um deles presta serviços médicos em uma pequena clínica e todos são publicamente admirados pelos habitantes da região, que cresceu justamente em torno do mosteiro. Ao serem informados dos últimos acontecimentos envolvendo grupos radicais, eles vão debater justamente com líderes religiosos islâmicos, quando fica clara a cumplicidade entre as duas crenças.

Alguns se referem ao povo como “rebanho” e chegam a proferir trechos inteiros do Alcorão.

O filme escolhido como um dos melhores de 2011 será exibido no Ciclo de Filmes da Programação de Páscoa no Instituto Humanitas Unisinos e discutido com um palestrante.

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28/03 – Exibição do filme: Homens e Deuses (Xavier Beauvois, França, 2010, Drama, 11 min)

Palestrante: Abade Dom Bernardo Bonowitz, OCSO – Mosteiro Nossa Senhora do Novo Mundo, em Campo do Tenente – PR

Local: Sala Ignacio Ellacuría e Companheiros, no IHU

Horário: 19h30min às 22h

Para ler mais: