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Atualmente, o Brasil vive uma crise política, econômica e social, resultando em um cenário de desemprego, mudanças políticas, instabilidade econômica, manifestações etc. A solução ainda parece estar longe e um dos fatores que contribuíram para agravar o problema econômico pode ter sido o Modelo Liberal PeriféricoMLP, segundo o economista Reinaldo Gonçalves.

                                  Fonte: Fundação Lauro Campos

O MLP tem como características centrais: liberalização, privatização, desregulação; subordinação e vulnerabilidade externa estrutural; e dominância do capital financeiro. O economista Reinaldo Gonçalves, doutor em Ciências Sociais pela University of Reading, na Inglaterra, é o criador dessa teoria e defende esse fator como uma das principais razões da crise econômica no Brasil. Ele será o ministrante da conferência A Necessidade de o Brasil romper com o Modelo Liberal Periférico, no próximo dia 06 de junho, às 19h30min, na Sala Ignacio Ellacuría e Companheiros, no IHU.

Em entrevista concedida ao Instituto Humanitas UnisinosIHU, Gonçalves disse que o MLP atua há 20 anos no país. “O MLP tem padrões específicos de dominação, acumulação e distribuição. No que se refere ao padrão de dominação, o MLP envolve pacto dos grupos dirigentes com os setores dominantes (empreiteiras, bancos, agronegócio e mineradoras) que aumenta a concentração de riqueza e poder”, afirma.

Durante o evento, Gonçalves explicará em que consiste o MLP e como o Brasil pode romper com este modelo. Segundo o economista, os países que utilizam esse padrão como modelo acabam negando qualquer chance de um projeto nacional. “No MLP brasileiro a trindade da economia política (dominação/acumulação/distribuição) é perversa, visto que é sustentada por um sistema político corrupto e clientelista”, aponta.

A atividade faz parte do ciclo de debates Economia Brasileira: Onde estamos e para onde vamos, organizado pelo Instituto Humanitas UnisinosIHU e que teve início no dia 12 de abril.

Sobre o autor

Reinaldo Gonçalves é formado em Economia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), mestre em Economia pela Fundação Getulio Vargas (FGV-RJ) e doutor em Ciências Sociais pela University of Reading, na Inglaterra. Atualmente, é professor titular do curso de Economia na UFRJ.

Gonçalves vem criticando o plano econômico do Brasil desde o mandato do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, quando chamou o governo Lula de “anomalia” e de “fracasso rotundo”.

O economista também é autor de vários livros sobre economia. Entre outros, destacam-se:

Economia internacional. Teoria e experiência brasileira (Rio de Janeiro: Elsevier, 2004), Economia política internacional. Fundamentos teóricos e as relações internacionais do Brasil (Rio de Janeiro: Elsevier, 2005) e Desenvolvimento às Avessas. Verdade, má-fé e ilusão no atual modelo brasileiro de desenvolvimento. Rio de Janeiro: LTC, 2013.

Por Matheus Freitas

Para ler mais:

Imagem: http://bit.ly/214cNj8

As crises econômica e política que atingem o Brasil estão afetando diretamente o emprego e o salário dos brasileiros. Percebe-se este impacto não somente no valor dos produtos que estão nas prateleiras dos supermercados, mas também na rotina de milhares de pessoas. Com as empresas reduzindo o quadro de funcionários, e até mesmo fechando as portas, e com o Projeto de Terceirização, que provavelmente seguirá depois do impeachment para a votação no Senado, a taxa de desemprego é cada vez maior.

Em decorrência desses acontecimentos, o Instituto Humanitas Unisinos – IHU promove a palestra A atual crise econômica e o desemprego no Brasil, com Clemente Ganz Lúcio, do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos – DIEESE. O evento ocorrerá no dia 28 de abril, das 19h às 20h30, na Sala Ignacio Ellacuría e Companheiros, no IHU.

Desemprego: o reflexo da crise no país

Ganz Lúcio, em artigo publicado no sítio do IHU, apresentou dados sobre o emprego e desemprego no ano de 2015 “As taxas de desemprego crescem nas regiões metropolitanas. Segundo o DIEESE e a Fundação Seade, de 2014 para 2015, o desemprego cresceu em São Paulo de 10,8% para 13,2%; em Salvador, de 17,4% para 18,7%; em Fortaleza de 7,6% para 8,6%; e em Porto Alegre, de 5,9% para 8,7%.” Ele afirma que “As consequências aparecem na redução do número de pessoas com carteira de trabalho assinada, algo que não se observava há uma década”.

O sociólogo defende que o reflexo do desemprego na indústria e na construção atinge mais os chefes de família, e no comércio e nos serviços afeta diretamente os mais jovens e as mulheres, pelo fato de terem que procurar um emprego para complementar a renda familiar. Segundo Ganz Lúcio, o fim da crise ainda é incerto. “O que podemos dizer aos jovens é que essa grande turbulência vai passar, que sairemos dela. O que ninguém sabe dizer é quando”, comenta.

Confira a entrevista e os artigos publicados por Clemente Ganz Lúcio, no sítio do IHU.

Por Fernanda Forner

Serviço:

Palestra: A atual crise econômica e o desemprego no Brasil
Data: 28 de abril
Horário: Das 19h às 20h30
Conferencista: Clemente Ganz Lúcio – Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos – DIEESE
Local: Sala Ignacio Ellacuría e Companheiros – IHU

 

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Acompanhe também as coberturas dos eventos, ao vivo pelo Twitter do IHU, por meio da #eventosIHU.

Camilo Torres Restrepo nasceu em 03 de Fevereiro de 1929, em Bogotá, Colômbia. Foi ordenado sacerdote em 1954. Após a ordenação foi estudar Sociologia em Louvain, na Bélgica. Em 1959, retornou a Bogotá e foi nomeado capelão da Universidade Nacional da Colômbia. Foi um dos pioneiros do pensar(ação) a libertação como uma opção preferencial pelos excluídos/pobres, posteriormente toma corpo e se consolida na América Latina. É um labor “importado”, mas dinamizado e enriquecido com os próprios traços latino-americanos. Foi co-fundador da primeira faculdade de Sociologia da Colômbia (1960) e da Frente do Povo Unido (1965), um movimento de inspiração marxista, antes de juntar ao Exército de Libertação Nacional (ELN).

“Um católico, um padre católico,
não pode ser expectador inerte de um sistema social
que nega à maioria a possibilidade de comer, vestir e ter casa […].
Próprio por ser colombiano, católico e padre, não posso não ser revolucionário”.
Camilo Torres

A revolução é uma alternativa para o povo (a maioria exploradora) chegar ao governo e derrubar o predomínio de um grupo (minoria exploradora) que dispõe de todos os instrumentos de poder. Ele buscou em sua vida conciliar marxismo e cristianismo, respondendo assim ao desafio de resistir a uma sociedade colombiana cruel e injusta. O envolvimento com estudantes e movimentos políticos lhe garantiu um bom prestígio e um grande número de seguidores. Não lhe faltaram os detratores, especialmente o governo colombiano e a própria Igreja. Foi repreendido pela hierarquia católica por sua militância politica, motivo pelo qual abandonou o sacerdócio e se vinculou ao Exército de Libertação Nacional (ELN) em 1965.

“Se Jesus tivesse vivo hoje, ele seria um guerrilheiro”
Camilo Torres

Em 15 de fevereiro de 1966, Camilo Torres, o padre guerrilheiro, foi morto em combate com a força pública, em Patio Cemento, Santander. É um mártir-ícone das lutas de libertação do povo. Com ele guerrilheiros e pessoas que nesse continente de Libertação, América Latina, grita com o Deus cantado por Victor Jara: Revolução! É revolução de libertação.

O corpo de Camilo Torres permaneceu em segredo por muito tempo. Em janeiro deste ano, a guerrilha Exército de Libertação Nacional solicitou ao Governo a revelação do local onde o sacerdote foi sepultado. O pedido é reconhecido como um gesto inicial de disposição pela paz entre o governo e a guerrilha (FARC, ELN). A iniciativa de sentar-se a “mesa de negociação”, na busca de um diálogo construtivo, conta com novos passos concretos, que encontram a sua força no valor da memória, e contará com a “mediação” da Igreja local e de Roma.

“Que seu pensamento social e teológico, sua liderança pela unidade,
sua obra e suas cinzas, voltem à memória do povo e da Igreja,
ao patrimônio acumulado para a paz com verdade e justiça social,
com reconciliação e perdão, como base de garantias do nunca mais”

Dom Dario de Jesús Monsalve
Arcebispo de Cali

Música Camilo Torres de Víctor Jara (1969)

Por Jéferson Ferreira Rodrigues

Para ler mais…

Tudo se encaminhava para ser mais um dia comum na vida do líder sindical Santo Dias da Silva. Era 30 de outubro de 1979, o Brasil ainda vivia sob a Ditadura Militar e, enquanto Dias reunia trabalhadores à fábrica Sylvania para participarem de uma greve, a polícia militar começou a se aproximar para interver na situação. Logo, deu-se início à confusão entre policiais e militantes. Em meio ao tumulto, o PM Herculano Leonel deu um tiro em Silva. Era para ser mais um dia de luta pelos trabalhadores. Mas não foi. Aquele foi o último dia da vida de Santo Dias da Silva.

Foto: www.pastoralfp.com

Operário de sonho e de  criança
Operário da terra e oficina
Operário que um dia se cansa
De esperar as mudanças de cima
Operário, esperança que vela
Operário suado, sem fala
Operário algemado na cela
Operário calado à bala! […]
Santo, a luta vai continuar!
(Luiz Augusto Passos)

Santos Dias da Silva foi um dos mártires que morreram durante a Ditadura Militar, regime que predominou no Brasil de 1964 a 1985. Sempre defendendo os ideais dos metalúrgicos e trabalhadores, Silva, nascido em 1942, iniciou ainda jovem na luta por melhores condições de trabalho.

Militância

O operário iniciou sua vida de militante aos 20 anos quando se juntou ao movimento operário. Começou lutando por aumentos salariais e o direito ao 13º salário. Em 1965, durante a Ditadura Militar, Silva passou a integrar a Oposição Sindical Metalúrgica de São Paulo.

Ainda na década de 60, o militante começou a atuar em outras organizações que surgiram na capital. Católico praticante, Silva se tornou membro ativo das Comunidades Eclesiais de Base (CEBs), grupo ligados à Igreja Católica e, também, participou de vários movimentos de bairro que surgiram a partir das ações das CEBs.

Protesto pela morte de Santo Dias. Fonte: Pastoral Fé e Política – Arquidiocese de São Paulo

Movimento Sindical

Em outubro de 1979, a Oposição Sindical Metalúrgica de São Paulo, que já tinha Silva entre seus principais líderes, estava reivindicando um aumento salarial de 83%. Seus patrões recusaram o pedido, o que acabou resultando, no dia 28 daquele mesmo mês, na primeira grande paralisação dos metalúrgicos.

Nesse mesmo dia, as sedes dos Sindicatos iriam estar abertas para abrigar os operários da greve, no entanto, a Polícia Militar invadiu os locais e prendeu mais de 130 pessoas. Com a repressão da PM e a falta de apoio do próprio Sindicato, os grevistas foram obrigados a buscar abrigo dentro da Capela do Socorro, em São Paulo. Após dois dias de reclusão, Santo Dias decidiu ir até a frente da fábrica Sylvania e convocar seis mil operários que estavam começando o turno de trabalho da tarde. Assim que iniciou a discussão com os trabalhadores, a polícia militar chegou ao local. Os PMs agiram com violência para tentar conter os trabalhadores e, em meio a toda a confusão, Herculano Leonel atirou em Silva. O militante foi resgatado e levado ao hospital, mas já estava morto.

Julgamento

Após a morte de Santo Dias, sua família e amigos criaram o Comitê Santo Dias para tentar a condenação do PM responsável pelo tiro, Herculano Leonel.

O Comitê surtiu efeito. Em 1982, Leonel foi condenado a seis anos de prisão. No entanto, o policial militar recorreu da ação e o processo foi arquivado.

Caminhada

Até hoje, a luta de Santo Dias é lembrada com uma caminhada em sua homenagem. O percurso, que ocorre todos os anos desde a sua morte, é iniciado em frente à portaria do antigo prédio que ficava a fábrica Sylvania e vai até o cemitério de Campo Grande, onde Silva está enterrado. Durante o trajeto, as pessoas cantam músicas feitas para o militante metalúrgico.

Caminhada realizada em homenagem a Santo Dias. Fonte: Repórter Brasil

Santo Dias, inclusive, ganhou um álbum de músicas e depoimentos em homenagem a sua contribuição para os direitos dos trabalhadores. As músicas e as poesias que compõem o álbum foram feitas por trabalhadores. Luiz Augusto Passos também dedicou uma canção ao operário.

Clique na imagem para ter acesso ao álbum:

Álbum de músicas e depoimentos sobre Santo Dias da Silva. Fonte: Youtube.

Livro escrito por sua filha, Luciana Dias. Fonte: Repórter Brasil

Livros

A vida de Santo Dias da Silva serviu de inspiração para dois livros: Santo Dias. Quando o passado se transforma em história e Santo – dos nossos – Dias: fé política e compromisso social no cotidiano de luta de um operário na Paulicélia dos anos 70.

O primeiro foi escrito por sua filha, Luciana Dias, a jornalista Jô Azevedo e a fotógrafa Nair Benedicto; o segundo pelo escritor e educador Silvio Luiz Sant’Anna. Ambas foram lançadas em 2004.

Filme

A morte de Santo Dias também foi repercutida no filme Eles não usam Black-Tie, de 1981. O longa-metragem é baseado em uma peça teatral de mesmo nome e conta a história de um operário que resolve não participar de um movimento grevista liderado por seu pai. Preocupado com a gravidez de sua namorada, o trabalhador decide seguir trabalhando, dando início a um conflito familiar.

O filme, que começou a ser rodado após a morte de Santo Dias, tem uma das cenas finais baseada no episódio que tirou a vida do operário. A cena em questão é protagonizada pelo personagem Bráulio (Milton Gonçalves), que, em meio a um conflito com policiais militares, é acertado por um tiro fatal (parecendo-se com o acontecimento que resultou na morte de Silva).

Clique na imagem para assistir o filme:


Prêmio

Desde 1996, a Comissão de Defesa dos Direitos Humanos da Assembleia Legislativa de São Paulo realiza a entrega do Prêmio Santo Dias de Direitos Humanos, que visa reconhecer o trabalho de pessoas e entidades em benefício dos direitos humanos. Os homenageados de 2014 foram o Padre Giuliani e o advogado Belisário dos Santos Jr.

Giuliani é italiano e há mais de 50 anos vive no Brasil. Durante a década de 70, liderou diversos movimentos populares, entre eles, o Movimento Custo de Vida e o Clube de Mães.

Belisário dos Santos é advogado, graduado pela Universidade de São Paulo (USP), com mestrado em Legislação Penal Especial, também pela USP, e especialista em direito administrativo pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC – SP). Santos é advogado militante desde 1970 e atualmente coordena o Programa de Direitos Humanos de São Paulo.

Por: Matheus Freitas

Para ler mais

Aconteceu nesta terça-feira, dia 25 de agosto, a Oficina “Realidades e Sistema de Informações Geográficas (Quantum GIS)”, ministrada por Roberto Pereira do Nascimento Junior, que atua na equipe de Vigilância Socioassistencial do município de Canoas.

A oficina foi uma atividade promovida pelo Observatório da Realidade e das Políticas Públicas do Vale do Rio dos Sinos – ObservaSinos, programa do Instituto Humanitas Unisinos – IHU, com o objetivo de apresentar a ferramenta Quantum GIS, que é um software livre de Sistema de Informações Geográficas utilizado para criar, visualizar, editar e compor mapas com dados georreferenciados. A ferramenta é de acesso gratuito e está disponível para download no sítio: http://qgisbrasil.org/.

Foto: Carolina Lima

Foram apresentados, inicialmente, os conceitos básicos, seguido das orientações sobre a sua aplicação no georreferenciamento e, finalmente, realizado o exercício da construção de mapas. Foi destacada a importância do programa, da mesma forma que incentivada sua utilização na construção de mapas a partir das demandas e interesses conforme as especificidades de cada participante.

Estiveram presentes acadêmicos da Unisinos, assim como professores da rede pública de ensino municipal do município de São Leopoldo. Na avaliação, se falou da importância do conhecimento da ferramenta para auxiliar as atividades de construção dos mapas falados. Este é mais um evento gratuito que se propõe a contribuir com os processos de informação, análise e intervenção nas realidades e políticas públicas.

A próxima Oficina promovida pelo ObservaSinos – IHU acontece no dia 9 de setembro e tem como tema “Indicadores da Realidade e Infográficos”. Essa atividade será ministrada pela Profa. Dra. Juliana Alles de Camargo de Souza. As inscrições são gratuitas e podem ser feitas pelo sítio.

Para acompanhar estas e outras atividades, acesse o sítio do IHU.

Nota elaborada por:  Carolina Lima, Marilene Maia e Matheus Nienow

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