O desafio de romper a difícil realidade enfrentada por crianças de comunidades carentes através da arte, possibilitando e edificando um conhecimento mais amplo, mais humano, baseado na valorização da expressão e do sentimento, tem motivado jovens artistas a se envolverem cada vez mais em projetos sociais. Este é o caso do estudante de Dança da Ulbra, o portoalegrense William Freitas, que ao longo de 2010 participou do projeto “Jovens construindo cidadania através da música e da dança”, uma iniciativa do Movimento de Consciência Negra Palmares, de São Leopoldo – RS.
“A dança entrou na minha vida aos 16 anos, quando tive a grande decepção de muitos jovens brasileiros: não conseguir me tornar um jogador de futebol profissional”, conta William que, aos 24 anos, cursa o terceiro semestre da graduação em dança, é professor e coreógrafo há quatro e bailarino da companhia profissional Muovere de Porto Alegre – RS. “A dança é a minha vida e isto significa pensar todos os meus passos no sentido de promover a arte, comunicar, transformar, idealizar, modificar. As situações que enfrento em processos de criação, elaboração e execução de projetos mexem com meus princípios de vida e minhas crenças”, afirma.
Convidado a compor a equipe de professores do projeto, William viu nesta oportunidade a possibilidade de contribuir, através da sua arte, na construção de outros horizontes possíveis para estes jovens. Após aceitar o convite, dedicou suas manhãs de sábado, de março a novembro, a crianças e adolescentes de 7 a 15 anos, ministrando suas aulas nas dependências da escola de samba Imperatriz Leopoldense, no bairro Feitoria. Além das aulas de dança, os jovens contaram com oficinas de música e debates sobre violência familiar, reciclagem e ecologia. “A possibilidade de conviver com estas crianças, poder dar um abraço, ensinar um passo de dança, ouvir, dividir momentos e conversar sobre temas relevantes para a realidade social delas, foi intensamente gratificante”, revela.
William acredita que os objetivos do projeto de construir cidadania através da música e da dança foram plenamente alcançados. “A comunidade se modificou, identificou outros valores e reconheceu nosso trabalho”, comenta. O encerramento do projeto ocorreu no dia 12 de novembro no Teatro Municipal de São Leopoldo com a apresentação dos trabalhos desenvolvidos com os jovens ao longo do ano. “O encerramento foi lindo! Acompanhar a entrada deles pela primeira vez em um teatro, sendo contagiados pela magia do palco, o envolvimento dos pais e familiares. Foi possível reconhecer as boas sementes plantadas pelo nosso trabalho”, afirma.
Infelizmente o projeto não terá continuidade em 2011, mas William espera que outras oportunidades semelhantes possam surgir, pois os resultados obtidos desta experiência fizeram-no reconhecer que “é possível fazer a diferença com determinação, boas ideias e sensibilidade para transitar em outras realidades”, finaliza.