Neste espaço se entrelaçam poesia e mística. Através de orações de mestres espirituais de diferentes religiões, mergulhamos no Mistério que é a absoluta transcendência e a absoluta proximidade. Este serviço é uma iniciativa feita em parceria com o Prof. Dr. Faustino Teixeira, teólogo, professor e pesquisador do PPG em Ciências da Religião da Universidade Federal de Juiz de Fora.
Pedra – Dora Ferreira da Silva
Na pedra recolho o sol
na pedra quente, imóvel.
E o pródigo calor pródigo,
imóvel, ao corpo que se abeira
desse lago plácido.
Sem turbulência a alma aqueço
ao sol e vai-se este calor
à alma que se abeira, imóvel.
É um signo simples, cadência
de água, incandescência e sol
de quem só se encontra
em plenitude ou ânsia
na pedra quente e só.
Fonte: Dora Ferreira da Silva. Uma via de ver as coisas. São Paulo: Duas Cidades, 1973, p. 43.
Dora Ferreira da Silva foi uma poetisa e tradutora brasileira. Sua vocação poética surgiu na infância, através das leituras na biblioteca de seu pai, o qual ela não conheceu. Com dois anos, mudou-se com a família de Conchas, SP, cidade onde nasceu, para a capital do estado, onde mais tarde estudou no Instituto de Educação da então recente Universidade de São Paulo.
Sua obra merece especial atenção na poesia: ganhou três vezes o Prêmio Jabuti e também mereceu o Prêmio Machado de Assis, da Academia Brasileira de Letras.
Dora Ferreira da Silva fundou e dirigiu, ao lado do marido, a revista Diálogo, nos anos 50 e, no final da década de 1960, criou a revista Cavalo Azul.