Arquivos da categoria ‘Orações inter-religiosas’

Neste espaço se entrelaçam poesia e mística. Por meio de orações de mestres espirituais de diferentes religiões, mergulhamos no Mistério que é a absoluta transcendência e a absoluta proximidade. Este serviço é uma iniciativa feita em parceria com o Prof. Dr. Faustino Teixeira, teólogo, professor e pesquisador do PPG em Ciências da Religião da Universidade Federal de Juiz de Fora e com Paulo Sérgio Talarico, artista plástico de Juiz de Fora.

A palavra da tua paz

Pai,
rogo-te que me guardes
nesse silêncio
para que eu aprenda dele
a palavra da tua paz,
a palavra da tua misericórdia
e a palavra da tua mansidão
para com o mundo.
E que por mim, talvez,
tua palavra de paz
possa ser ouvida onde,
por muito tempo,
não foi possível
a ninguém ouvi-la.

Fonte: Thomas Merton. Reflexões de um espectador culpado. Petrópolis: Vozes, 1970, p. 206.

Thomas Merton (1915-1968): Monge trapista, místico, artista plástico, defensor do diálogo inter-religioso e importante escritor, com mais 70 livros publicados sobre espiritualidade, dos quais 40 estão em português, entre eles, “A montanha dos sete patamares” (Editora Vozes, 2005). Manteve contato com líderes espirituais e intelectuais, e foi principalmente ligado ao Budismo e às questões políticas. Tornou-se “inabalável” na sua busca constante por Deus, fato retratado pelas orações que escrevia.

Veja mais sobre Merton:

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Meu Deus,

Toma-me pela mão;
seguir-te-ei decididamente,
sem muita resistência.
Não me furtarei
a nenhuma das tempestades
que se abaterão sobre mim
nesta vida;
Suportarei o embate
com o melhor de minhas forças.
Mas dá-me, de vez em quando,
um breve instante de paz.
E não acreditarei,
em minha inocência,
que a paz que descer sobre mim
é eterna;
Aceitarei a inquietude
e o combate que se seguirão.
Gosto de demorar-me
no calor e na segurança,
mas não me revoltarei
quando tiver de enfrentar o frio,
desde que me guies pela mão.
Seguir-te-ei por toda parte
E tentarei não ter medo.
Onde quer que eu esteja,
tentarei irradiar um pouco de amor,
desse verdadeiro amor ao próximo
que há em mim. (…)
Não quero ser nada especial.
Quero tão somente tentar
tornar-me aquela que já está em mim,
mas ainda busco seu pleno desabrochar.

Fonte: Pierre Ferrière & Isabelle Meeús-Michiels. 15 dias de oração com Etty Hillesum. São Paulo: Paulina, 2014.

Etty (Esther ) Hillesum (1914 – 1943): Jovem holandesa de família judaica, a mística foi voluntária no campo de passagem de Westerbork, quando começou a escrever seu diário, em 1941. Durante os dois anos em que esteve nos campos de concentração, até sua morte em Auschwitz, Etty expressava em seu diário suas angústias e seu encontro com Deus, demonstrando uma experiência espiritual, relatando seu testemunho e compartilhando a dor dos horrores do Holocausto. Teve a oportunidade de salvar a si própria, mas decidiu compartilhar o destino do seu povo.

Leia mais sobre o legado místico de Etty Hillesum:

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Do lírio e do pássaro

Pai celestial!
Que aprendamos o que é tão difícil de aprender
em meio à sociedade humana,
especialmente em seu tumulto;
aquilo que, se alhures aprendemos,
tão facilmente esquecemos em meio à sociedade humana,
especialmente em seu tumulto:
o que significa ser homem,
e aprendamos que isso piedosamente é demandado.
Que o aprendamos, e caso o tenhamos esquecido,
tornemos a aprender do lírio e do pássaro!
Que o aprendamos, senão de uma só vez
e cabalmente, ao menos em parte e pouco a pouco!
Que aprendamos agora do lírio e do pássaro:
silêncio, obediência e alegria!

Fonte: Soren Kierkegaard. Os lírios do campo e as aves do céu. Três discursos piedosos, 1849.

Søren Kierkegaard (05-05-1813 – 11-11-1855): Teólogo e filósofo dinamarquês. Um pensador pós-iluminista que estava vinculado a uma pauta cristã, mas que não deixou de servir como modelo ao mundo secular. Suas obras tratam, em especial, da existência humana e do modo de vida que cada indivíduo deve viver, abordando as opções pessoais que cada um pode seguir. Kierkegaard deixou um grande legado de sua criação, com inúmeras publicações. Entre suas obras traduzidas para o português, destacamos: O conceito de ironia (Bragança Paulista: Editora Universitária São Francisco, 2005); Migalhas filosóficas (Petrópolis: Vozes, 2008); As obras do amor (Vozes; Bragança Paulista: Editora Universitária São Francisco, 2007); e In vino veritas (Lisboa: Antígona, 2005).

*Fonte da imagem: www.recantodasletras.com.br

Para ler mais:

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Hino ao Senhor do Universo
Salmo 148

Aleluia!
Louvai o Senhor, do alto dos céus,
louvai-o nas alturas!
Louvai-o vós todos, seus anjos,
louvai-os vós todos, seus exércitos!
Louvai-o, sol e lua,
louvai-o vós todas, estrelas brilhantes!
Louvai-o vós, os mais altos céus,
louvai-o, águas que estais acima dos céus!
Que eles louvem o nome do Senhor,
pois ele mandou, e foram criados!
Ele os fixou para todo o sempre,
ao promulgar uma lei, que não passará.
Louvai o Senhor, vós da terra;
dragões e vós, todas as profundezas do oceano,
fogo e granizo, neve e neblina;
vento de tempestade, dócil à sua palavra;
montanhas e todas as colinas,
árvores frutíferas e todos os cedros;
todos os animais selvagens e domésticos,
répteis e aves que voam;
reis da terra e todos os povos,
príncipes e todos os chefes da terra;
moços e vós também moças,
velhos e crianças!
Que eles louvem o nome do Senhor,
pois o seu nome é o único que é sublime!
Sua majestade, sobre a terra e o céu,
suscita o vigor de seu povo,
o louvor de todos os seus fiéis,
dos israelitas, o povo que lhe é próximo.
Aleluia!

 

*Fonte da imagem: www.baixaki.com.br/papel-de-parede/14922-montanhas.htm

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JUSTIFICAÇÃO DE DEUS
Leonardo Fróes

o que eu chamo de deus é bem mais vasto
e às vezes muito menos complexo
que o que eu chamo de deus. Um dia
foi uma casa de marimbondos na chuva
que eu chamei assim no hospital
onde sentia o sofrimento dos outros
e a paciência casual dos insetos
que lutavam para construir contra a água.
Também chamei de deus a uma porta
e a uma árvore na qual entrei certa vez
para me recarregar de energia
depois de uma estrondosa derrota.
Deus é o meu grau máximo de compreensão relativa
no ponto de desespero total
em que uma flor se movimenta ou um cão
danado se aproxima solidário de mim.
E é ainda a palavra deus que atribuo
aos instintos mais belos, sob a chuva,
notando que no chão de passagem
já brotou e feneceu várias vezes o que eu chamo de alma
e é talvez a calma
na química dos meus desejos
de oferecer uma coisa.

Fonte: Leonardo Fróes. Sibilitz. Alhambra, 1981

*Fonte da imagem: www.mdig.com.br/?itemid=3469