
Em 1992, a cidade do Rio de Janeiro foi sede da Conferência das Nações Unidas sobre o Ambiente e o Desenvolvimento, conhecida como ECO-92. Durante o encontro, que reuniu governantes e ambientalistas de todo o mundo, foram criados tratados como o Protocolo de Kyoto e convenções sobre a preservação da biodiversidade. Vinte anos após este evento, o mundo se mobiliza novamente para tratar do meio ambiente, com a Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, ou Rio+20.
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O assunto tem sido polêmico, já que muitos especialistas afirmam que, desde a ECO-92, nada consistente foi feito. O Ciclo de Palestras: Rio+20 – desafios e perspectivas vai trazer a Dra. Ilza Girardi para um debate sobre o tema “Da Eco 92 aos acordos que a sucederam e o que está em jogo na Rio + 20”. O evento vai ocorrer no dia 18 de abril, na Sala Ignacio Ellacuría e Companheiros, no IHU, a partir das 19h30.
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Ricardo Abramovay foi exilado muito jovem, pois era ligado a organizações de esquerda e possui em sua formação de base uma influência sobre o pensamento de Marx (capital), pois o estudou de maneira muito profunda. Abramovay esteve no Instituto Humanitas Unisinos – IHU na tarde de quarta-feira (11/04) e organizou sua Roda de Conversa (foto) com algumas questões. A grande base apresentada por Ricardo é a de que para mudar a sociedade, as pessoas teriam que promover a socialização dos grandes meios de produção e troca.
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A questão que mais o desafia é de “como é possível que grandes objetivos emancipatórios possam ser formulados e aplicados no âmbito de uma sociedade, onde empresas existem e continuam existindo, sendo assim, uma sociedade capitalista?”. Há uma preocupação mais geral, fazendo uma retórica anticapitalista que não acena no horizonte de menor transformação. Ricardo diz que o mal das pessoas é pensar “vamos aproveitar o que temos e ir pelas brechas”. O professor acabou de escrever um livro chamado “Muito além da economia verde” que será lançado na Rio+20 pela Editora Sustentável que surgiu do sítio Planeta Sustentável. Este será o primeiro livro lançado pela editora.
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Abramovay ainda citou a parábola “O Sapo e o Escorpião” que define as atitudes das pessoas pela natureza de cada uma, com o final “essa é a minha natureza”. Assim, “é fácil pensar o capitalismo mais pela sua natureza do que por sua história”, justifica o professor. Ainda diz que há uma série de exemplos do quanto a pressão social está determinando a mudança nos comportamentos humanos. Com isso, o palestrante questiona “Como a sociedade contemporânea está utilizando os recursos que tem?”, explicando que ocorre uma espécie de “suicídio coletivo” pela questão da desigualdade. “Seria necessário analisar elementos materiais como o consumo de energia, a utilização de gases do efeito estufa, entre outros”, impõe Abramovay.
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No caso da Rio+20, Ricardo pontua economia verde e a governança, mas especifica que a governança está focada em produzir mais e que o necessário seria produzir menos, mas questiona “Como fazer menos? Como se organizar para emitir menos e utilizar menos materiais?”. Ele acredita que uma parte da resposta estaria em inovação com transição de energias fósseis por energias renováveis, por exemplo. Contudo “a inovação perderá o sentido, se não existirem limites”, justifica. Em sua opinião, os sistemas de inovação são sistemas antiquados no Brasil com exceção de alguns setores, pois os brasileiros pensam em produtividade do trabalho e produtividade do capital, muito mais do que pensam em melhorar recursos materiais que é o grande desafio.
Ricardo Abramovay também palestrou no evento da noite e concedeu uma entrevista para a IHU On-Line. Será possível conferir sua entrevista no sítio do IHU dentro dos próximos dias.
Por Luana Taís Nyland