Arquivos da categoria ‘Meio ambiente’

Foto: Fabio Pozzebom/ABr

“O problema do mundo é que o barato está saindo caro, porque poderão ocorrer mudanças climáticas e dificuldades que irão afetar as populações dos países.” Essa é a questão, segundo Luiz Pinguelli Rosa ao falar sobre as inovações tecnológicas que não estão sendo utilizadas no Brasil. Quando questionado sobre os objetivos da Rio+20, o pesquisador contesta que “os objetivos da Rio+20 não serão rapidamente atingidos. Vai haver um período ainda para que essas tecnologias, que estão sendo discutidas, possam ser utilizadas, implantadas. A nossa ideia é que tecnologias que permitem evitar as emissões dos gases do efeito estufa venham a ser mais utilizadas e é essa a nossa intenção”.

Sobre a Conferência obter sucesso ou não,  o secretário executivo do Fórum Brasileiro de Mudanças Climáticas acredita que não vai ser um grande sucesso, mas espera que se avance alguma coisa em direção a um mundo um pouco mais equilibrado. Luiz Pinguelli Rosa acredita que o Brasil melhorou a sua situação quanto a pobreza nos últimos anos, com políticas sociais como o Bolsa Família, o aumento do salário mínimo, etc. Segundo ele, isso contribui, mas há muito mais a fazer, porque as pessoas melhoraram de vida, mas ainda tem uma diferença enorme entre as condições de vida das classes média e alta e as da grande população.
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Luiz Pinguelli Rosa (foto) concedeu uma entrevista para a Revista IHU On-Line, por telefone e estará presente no IHU no próximo dia 23 de maio, onde abordará o tema “Rio + 20 e a questão das mudanças tecnológicas”. Para mais informações sobre o evento, acesse o sítio do IHU.

“Falar da questão ambiental não se resume a tratar apenas da preservação dos animais, dos rios, do ar, das florestas… Trata-se de falar da economia, das grandes corporações que influenciam e decidem as políticas relativas a esse campo”, disse Larissa Packer, na sua fala, no quadro do Ciclo de Palestras Rio+20: desafios e perspectivas.
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E pergunta: “Por que, 40 anos depois de Estocolmo e com os acordos subsequentes nos encontramos numa situação de fracasso em relação a todos eles?”. Porque, responde, “os acordos internacionais limitam-se a sugerir metas, mas não impõem mecanismos de cumprimento”, que implicariam em sanções impostas aos países descumpridores, como acontece, por exemplo, na Organização Mundial do Comércio (OMC).
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Larissa
destaca que o interesse sobre o meio ambiente é o fundamento do atual capitalismo. A economia assenta-se sobre o princípio da escassez dos recursos naturais. Há, portanto, uma corrida pela apropriação de recursos ainda não apropriados pelo mercado.
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Foto: Divulgação

Larissa aponta a existência de três correntes econômicas para lidar com a escassez. Uma primeira corrente propõe que a solução para a contradição entre crescimento e preservação passa pelo desenvolvimento tecnológico. Ou seja, a resolução passa pela tecnologia e não pela política, ou pela mudança de modos de produção e hábitos de consumo. Uma segunda corrente aposta na distribuição de propriedade sobre os bens. Tudo o que é comum é de ninguém. É preciso privatizar para cuidar. E uma terceira corrente defende que o crescimento econômico não é compatível com a preservação. O planeta impõe limites ao crescimento ilimitado. Esta corrente defende o decrescimento.
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As duas primeiras correntes são as dominantes. Elas impõem suas políticas desde o século XVIII, mais especificamente desde Estocolmo para cá nas discussões ambientais. As decisões políticas são tomadas por economistas ou em base aos argumentos econômicos liberais.
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No contexto do pressuposto de que tudo o que é escasso é caro, as grandes corporações (Monsanto, Syngenta…) e empresas (Petrobras…) correm atrás de novos recursos, até mesmo para obter lastro. O lastro não se dá mais primordialmente em base ao dólar, mas dos recursos naturais (florestas, ar…), o que explica a colocação em prática de iniciativas como a compra e sequestro de carbono, compra e venda do ar… A biodiversidade passa a ser incorporada como riqueza.
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“A economia verde não tem, portanto, nada de verde, mas tudo de cinzento”, referência à economia do petróleo, salienta a Larissa. A economia verde, uma das temáticas centrais da Rio+20, não passa, portanto, de um engodo.
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Larissa Ambrosino Packer
é assessora jurídica da Terra de Direitos, sediada em Curitiba, e integra a comissão organizadora da Cúpula dos Povos, no Rio de Janeiro.
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O Ciclo de Palestras Rio+20
: desafios e perspectivas é uma parceria entre o Cepat, o Instituto Humanitas UnisinosIHU e a Pontifícia Universidade do Paraná – PUCPR. Propõe-se a debater a questão através de um ciclo de palestras que possibilite compreender o que está envolvido na Conferência, desde sua formação histórica até os seus possíveis impactos no futuro do Planeta.
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Para maiores informações, consultar a programação completa no sítio do IHU.
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Por André Langer

Foto: Ruedi Suter, OnlineReports.ch

Ao comparar Belo Monte à Idade Média, Telma Monteiro (foto) explica que a Altamira de hoje, acuada pelas obras de Belo Monte, sofre a falta de estrutura de forma muito mais intensa do que antes de se pensar no projeto. “Prometer saneamento básico, água de qualidade, hospitais e escolas, infraestrutura urbana, são formas de se obter o poder. É o mesmo poder da Idade Média, em que os senhores feudais tinham as terras e exploravam os camponeses. Belo Monte é, aos olhos da população de Altamira e região, uma forma de rompimento com um período atrasado de ausência do Estado para uma nova era classificada de moderna, onde energia significa progresso”, disse na entrevista que concedeu, por e-mail, à IHU On-Line.
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“O governo mente quando diz que os projetos das usinas do rio Madeira, Santo Antônio e Jirau, e de Belo Monte no rio Xingu, foram alterados para reduzir os impactos socioambientais. O fato de diminuir o potencial das usinas não significa em hipótese nenhuma uma garantia de sustentabilidade nas respectivas regiões”, explica a pesquisadora. E critica: “Nesse clima de falta de disposição das autoridades brasileiras de rever o planejamento em que se induz a demanda de energia porque tem oferta e tem oferta porque expande a geração sem, no mínimo, estabelecer metas e compromisso com programas de eficiência, vai ficar muito difícil ouvirmos propostas de sustentabilidade energética na Rio+20.”
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Telma Monteiro é pesquisadora independente e estará novamente palestrando hoje (16/05), às 19h30min, na Sala Ignacio Ellacuría e Companheiros, no IHU. O tema a ser abordado desta vez será “Rio + 20 e a questão da matriz energética brasileira“. Para realizar a inscrição é necessário entrar no sítio do evento e preencher o documento. O investimento da palestra é de R$5,00 por aluno e R$10,00 por profissional.
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Confira a entrevista de Telma Monteiro para a edição 392 da Revista IHU On-Line. Belo Monte: “um conto de fada” disfarçado

Por Luana Taís Nyland

Para ler mais:

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Há alguns dias, o Congresso aprovou um projeto de lei catastrófico que dá aos madeireiros e fazendeiros carta branca para desmatar enormes faixas de nossas preciosas florestas, da Amazônia à Mata Atlântica. Agora, somente a presidenta Dilma pode impedir essa lei.

O universo está conspirando a nosso favor. Em algumas semanas a Dilma será anfitriã da maior conferência ambiental do mundo. Informantes disseram que ela não pode pagar o preço de ser considerada a líder que aprovou a devastação da Amazônia. Dezenas de pessoas já foram assassinadas por serem contra o desmatamento – agora é a nossa vez de fazer pressão e forçar Dilma a escolher a opção de veto.

Não temos tempo a perder – ela pode tomar uma decisão a qualquer momento. Vamos dar mais força à nossa petição de 1.2 milhão de assinaturas. Assine a petição para salvar a Amazônia e divulgue essa campanha para todos – quando alcançarmos 2 milhões de assinaturas a Avaaz juntará forças com ex-ministros do Meio Ambiente para entregar a petição diretamente para Dilma.

Assine a petição!

Por que é importante assinar a petição?

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O Brasil tem estado em uma saia justa quando se trata da questão ambiental. Isso, porque faltam menos de dois meses para a Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, a Rio+20, e a alteração do Código Florestal – cujo retalhamento foi aprovado pelos ruralistas – está nas mãos da presidente Dilma Rousseff.

Aumentam agora as expectativas de como se comportará o Brasil como anfitrião do evento. Se carregará o fardo de conivente com uma legislação que vai na contramão de tudo o que se defende internacionalmente ou se terá coragem de enfrentar os setores conservadores. As expectativas são a de que o país tenha um papel protagonista e impulsione acordos ousados e não meramente protocolares.

“A presidente Dilma terá que decidir qual modelo de desenvolvimento quer para o país. Não dá para ter na mesma base de apoio o sonido da motosserra e o canto do uirapuru. Agora, resta a ela usar seu poder de veto ou compactuar com o que está posto. Chegou a hora da verdade. Veta, Dilma. Veta tudo, não pela metade”, pede Marina Silva.

O relator do retalhamento do Código, Paulo Piau (PMDB-MG), disse por sua vez que espera “que a presidente não queira dar satisfação para o mundo e para a opinião pública nacional”.

No caso de um eventual veto parcial, o ministro do Desenvolvimento Agrário, Pepe Vargas, que esteve reunido com a presidente pós-alteração no Código Florestal, não crê em derrubada de veto por parte do Congresso. Para derrubar um possível veto da presidente é preciso maioria absoluta tanto na Câmara dos Deputados quanto no Senado Federal, ou seja, o aval de 257 deputados e 41 senadores.

A conjuntura da semana apresenta uma análise aprofundada sobre o tema. Elaborada pelos colegas do Centro de Pesquisa e Apoio aos Trabalhadores – CEPAT em fina sintonia com o IHU, a conjuntura apresenta uma (re)leitura das Notícias do Dia publicadas diariamente em nosso site. Não deixe de conferir!