Arquivos da categoria ‘Meio ambiente’

Luiza Tomáz, integrante do Fórum do Meio Ambiente de Belém, falou na Cúpula dos Povos, na tenda das Feministas e concedeu uma entrevista especial para o Instituto Humanitas Unisinos – IHU. Relatou a problemática que estão enfrentando por causa da poluição dos curtumes. Três curtumes se instalaram na região e trouxeram muita poluição e degradação.  Um deles instalou-se próximo ao Rio Maguari, e os outros dois, nas proximidades do Rio Paraíba. Os curtumes trouxeram muita poluição, degradação à região, desmatamento do leito dos rios, desabrigaram as comunidades, e trouxeram doenças de pele, náuseas, dores de cabeça etc. O Fórum do Meio Ambiente de Belém surgiu há sete anos para defender esta causa. Nesses anos, ainda não receberam nenhum benefício da justiça, mas o processo está aberto e estão lutando.
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Muitas pessoas que estavam lutando no fórum e agora participam pouco, pois os curtumes deram emprego a muitos homens. Para as mulheres deram cestas básicas e construíram creches. Então, o processo de reivindicação ficou enfraquecido. Luiza Tomáz apresentou a necessidade que as universidades e a população em geral têm de saber o que está acontecendo nesta região e como conseguem desarticular com as pessoas e o próprio fórum. A poluição dos curtumes e as doenças são muitas. Vamos seguir buscando articulações, porque o processo segue na justiça!

Chico Alencar – Deputado Federal PSOL/RJ – esteve hoje na Cúpula dos Povos falando da necessidade de resignificar o socialismo no encontro com a natureza.  Ele explicou o que significa socializar. Socializar os meios de produção e de governar, fazer um socialismo planetário  trata-se de manter a identidade, integridade e diversidade de todos os seres vivos; de reconhecer as águas como fonte de vida e bem comum, o ar limpo como vital e os solos – montanhas, planaltos, planícies e bosques – livres de dejetos plásticos, tóxicos e radioativos.
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No Rio de Janeiro só 3% do lixo é reciclado, é muito pouco, o lixo intoxica. É preciso reciclar. Pelo menos cada um de nós devemos fazer a nossa parte. Temos que vincular a luta geral com a postura pessoal, individual, cotidianizar a utopia. Usar o transporte público, coletivo, fazer do necessário o suficiente, cuidar da água que é fonte de energia, buscar a inclusão do campo e da cidade, dos trabalhadores com os estudantes, dos pequenos agricultores que são os que trazem a maior parte dos alimentos para as nossas casas.
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A Mata Atlântica e o Pantanal estão em um estado de vulnerabilidade, a bancada ruralista, o desmatamento e o agronegócio têm violentado o ambiente. O ídolo do agronegócio é Aldo Rebelo. Ele estava na marcha ontem. Muito obrigada! Mas quando se fala de Belo Monte a palavra de ordem cessa. Quando se fala da Transposição do Rio São Francisco, dos doze milhões de pessoas que passam necessidades no semiárido por da falta de água, o carro diminui o som. Temos que denunciar as contradições.
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Por Ana Formoso

Foto: Ana Formoso

Com certeza, a marcha ocorrida na tarde de 20 de junho, dentro da programação/mobilização da Cúpula dos Povos, não é um movimento homogêneo. Ela se caracteriza muito mais como multidão, como diversidade/pluralidade que talvez sejam verdadeiras características de uma sociedade da abundância. Dessa forma, uma maneira de melhor compreender a diversidade da marcha, a sua pluralidade, é buscar ouvir e observar diferentes sujeitos que dela participaram.
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Nessa perspectiva, a fala de Idon Moises Chiui Vargas (Aymara – vindo da Bolívia) mostra a diferença da Cúpula dos Povos e sua marcha, em relação a Rio+20, de maneira bastante veemente: “a Rio+20 oficial está decidindo apenas qual é a cor da tinta da caneta que assinará o atestado de óbito do Planeta. Mesmo que pequenos países tentem mudar isso, o que será decidido lá é apenas a cor dessa tinta. Já a cúpula, a marcha, é a expressão da diversidade que nos é trazida pela Mãe Terra. É um movimento da vida, das suas possibilidades.
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Ao mesmo tempo, e seguindo a lógica da diversidade e do diálogo intercultural, o movimento em prol de uma língua universal, neutra e de aprendizado gratuito – o Esperanto, se manifesta de forma a mostrar que “a língua pode ser um espaço de fraternidade, de reciprocidade e, por isso, deve ser um bem comum, neutro, não mercantilizado”, afirma Joana, professora de escola pública e participante do movimento “Esperanto – língua internacional” no Rio de Janeiro.
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O Núcleo de Ambientalistas de Morion na Argentina, formado basicamente por jovens, defende a formulação de políticas públicas locais, municipais, relacionadas à questão ambiental, dada a diversidade do local e o impacto disso no global, bem como sua proximidade com os sujeitos, segundo palavras de um dos seus integrantes, o estudante Rodrigo.
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Foto: Ana Formoso

Já os Marãiwatsédé-Xavantes, do estado do Mato Grosso, dançaram, cantaram e protestaram durante toda a marcha, pedindo a desinclusão em suas terras. Segundo o xavante Arimateia, faz 20 anos que as terras foram demarcadas, reconhecidas, mas os não índios; os fazendeiros continuam as ocupando. Ele afirma não compreender o que ocorre com a justiça brasileira em relação aos índios. Também em forma de canto e de dança, integrantes da escola de samba Acadêmicos de Vigário Geral, defenderam e difundiram na marcha a ideia de um projeto iniciado na Alemanha, cujo título é Bread Tank (Tanque de Pão), que defende o redirecionamento do investimento militar. Sem dança, mas com um enorme cartaz escrito “Eles não nos representam”, estudantes de Rio Claro reivindicam por processos que fortalecem a participação direta, e não formas de democracia representativa apenas.

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Pode-se somar a essas manifestações a fala do senhor Adão, carioca, morador da Baixada Fluminense, porteiro de um prédio comercial, que estava na porta do referido edifício observando a manifestação e, questionado sobre sua percepção do movimento, declarou: “tem mais é que fazer mesmo. Não importa se bagunça. Se não bagunça ninguém nota, ninguém percebe, o governo fica numa situação fácil. Eu não me importo que parem o trânsito e a cidade. Tem que fazer alguma coisa, corrupção, poluição, salário baixo, tudo está precisando mudar”. Já a comerciária Luciana, de uma loja de relógios e moradora do Rio, acredita que esse tipo de manifestações atrapalha a população e o comércio local.
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Soma-se a essa heterogeneidade de expressões e projetos outras tantas manifestações relacionadas a gênero, a liberdade de orientação sexual, contra a indução-midiatização que leva ao consumismo infantil, em favor dos direitos dos animais, de movimentos veganos, contra a violência no campo, dentre outros. Se não bastasse essa multiplicidade de atores, de movimentos, de perspectivas que em comum tem um projeto de sociedade – de desenvolvimento, de vida diferente, ainda atravessaram a marcha, uma série de movimentos grevistas, principalmente de servidores federais, bem como grupos de três centrais sindicais.
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Enfim, essa diversidade de propostas muitas vezes não prontas, em forma de protesto, sinaliza muitas vezes para iniciativas pequenas, locais, em cada realidade, porém, que diante da lógica da complexidade, quiçá, pode resultar em significativas transformações. O certo é que, se ainda não há clareza do novo, dessas propostas, do que nasce, a marcha buscou ser um contraponto ao movimento oficial da Rio+20, que parece ainda não perceber que o “velho” (modelo de desenvolvimento, de sociedade) se ainda não morreu, mostra estar morrendo.
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Por Lucas Luz
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Para ler mais:

Foto: Célia Severo

O Movimento Nacional dos Catadores de Material Reciclável (MNCR) promoveu um encontro entre trabalhadores/as sul americanos deste segmento e a Organização dos Catadores da Índia,   representada pelas Sras. Sushila Vittal Sabale e Jyoti Mhapsekar, ambas da Aliança Índia de Catadoras, que apresentaram o vídeo “A Dúvida da Natureza“, ainda em edição, além de cantarem e interagirem muito com os presentes.
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Em suas falas, destacaram a importância do correto manuseio do lixo, aproveitando-se os resíduos sólidos possíveis de serem reciclados e destinando corretamente os orgânicos.
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“É nosso dever e responsabilidade salvar o planeta Terra dos efeitos nocivos provenientes do indevido tratamento do lixo”, destacou Jyoti. Questionada sobre a possibilidade de queima destes materiais para produção de energia, ela salientou: “Queimar lixo libera toxinas que são letais, tanto para o homem quanto para a natureza. O processo não resulta em bioprodutos favoráveis como o estrume. Além disso, o cálcio, o magnésio e outros minerais importantes do lixo são destruídos. Também perde-se a oportunidade de reciclar o lixo seco…”
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Enfim, mais um dos importantes momentos de debate e reflexão sobre as questões que envolvem a defesa da justiça social e ambiental, contra a economia verde, a mercantilização da vida e da natureza e em defesa dos bens comuns e dos direitos dos povos, que tem marcado fortemente esta Cúpula dos Povos.
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Por Célia Severo

Em 2003 a equipe do CEPAC – PUCRS (Centro de Excelência em Pesquisa e Inovação em Petróleo, Recursos Minerais e Armazenamento de Carbono) começou a construção do conceito sobre a energia de Carbono para depois executar e consolidar. O CEPAC fez o primeiro projeto piloto de armazenamento na América Latina. Para apresentar e debater o tema “Rio+20 e alternativas energéticas: tecnologias limpas para o aproveitamento do carvão mineral“, o IHU trouxe na última quinta-feira (15/06) para o evento IHU Ideias, o Prof. Dr. Roberto Heemann (PUCRS) – Pesquisador do Centro de Excelência em Pesquisa e Inovação em Petróleo, Recursos Minerais e Armazenamento de Carbono (CEPAC).

“Temos um potencial muito grande e produção de gás na nossa costa do Rio Grande do Sul”, diz o professor Roberto Heemann. Segundo o professor, no Rio Grande do Sul temos muito carvão, temos um potencial energético muito grande e os pesquisadores estão estudando as tecnologias para o aproveitamento limpo do carvão.

Heemann acredita que uma das alternativas para evitar a concentração de CO2 na atmosfera seria sequestrar e armazenar o CO2 ou fazer uma injeção de CO2, produzindo mais gás ou óleo. “Assim torna mais limpo o processo de produção de energia e mais eficiente também”, acredita Heemann.

O Rio Grande do Sul tem falta de gás e precisa gerar mais eletricidade. O professor apresentou alguns benefícios para adotar-se a energia do carvão, como o maior aproveitamento da jazida e eficiência energética, a redução de gases de efeito estufa associados ao uso do carvão e o menor custo para a captura de energia. “Para que esse projeto de energia do carvão seja colocado em prática, já há tecnologia e pesquisadores, mas ainda falta agenda política”, finaliza Heemann.

Por Luana Taís Nyland