Arquivos da categoria ‘Meio ambiente’

CNBB e Belo Monte

Em 26 fevereiro, 2010 Comentar

Brilhante, corajosa e profética a posição da presidência da CNBB sobre o faraônico projeto de construção da usina hidrelétrica de Belo Monte.

Igualmente merece aplausos a decisão da CNBB de apoiar a indicação de D. Erwin Kräutler para o prêmio Nobel Alternativo dos Direitos Humanos.

Aliança Tapajós Vivo

Em 24 fevereiro, 2010 1 comentário

Recebemos de Edilberto Sena, padre e diretor da Rádio Rural de Santarém, a seguinte mensagem:

Prezados editores do excelente noticiário IHU On-line que recebemos diariamente e que nos ajuda bastante aqui na Rádio Rural de Santarém, Pará.

Hoje lhes repasso um relato do último encontro em defesa dos povos e rio Tapajós, realizado na última sexta feira em Itaituba.

Ao ler sobre os movimentos em defesa do rio Xingu, estando nós solidários e em sintonia com o Movimento Xingu Vivo, ao mesmo tempo ficamos muito preocupados com o andamento deste processo autoritário do governo federal em construir mega hidroelétricas na Amazônia.

O rio Xingu, graças a Deus, tem tido magnífica defesa e solidariedade aos lutadores contra a famigerada hidroelétrica de Belo Monte.

Ao mesmo tempo ficamos bastante preocupados. Pode ser que com tal pressão nacional o governo venha a recuar da obstinada empreitada e aí, nossa preocupação: o processo de implantação de cinco hidroelétricas na
bacia do rio Tapajós
. Afinal, em termos de potência, as cinco do Tapajós promete a Eletronorte garante 10.500 megawatts, o equivalente a Belo Monte. Como o movimento em defesa do Tapajós está mais lento, a sociedade circundante ainda está em boa parte iludida com as mentiras da strong>Eletronorte, de geração de empregos, desenvolvimento e chegando a atual governadora do Pará, Ana Júlia Carepa dizer publicamente em
Itaituba duas semanas atrás, que o Pará precisa de mais hidroelétricas, num comportamento irresponsável.

Mas nossa luta vai se firmando e lutaremos até as últimas conseqüências na defesa de nossas culturas e o belo rio Tapajós.

Segue abaixo um relato do último encontro que criou a Aliança Tapajós vivo, com 27 representações de entidades e organizações da sociedade civil
regional. Gostaríamos que IHU fortalecesse essa nossa luta em defesa da vida.

Grato pela atenção,
Pe. Edilberto Sena

Eu um artigo reproduzido hoje nas Notícias do Dia, a ex-ministra Marina Silva, pré candidata à presidência pelo PV, manifesta a sua opinião sobre a construção da usina hidrelétrica de Belo Monte. A sensação que fica ao término da leitura do artigo é de frustração. A senadora não deixa claro se ela é contra ou a favor da construção da usina.

O resultado é o mesmo de sua entrevista concedida ao sítio do IHU. Na oportunidade, lendo-se a entrevista, a impressão é a mesma, ou seja, Marina fica em cima do muro.

A ex-ministra faz uma série de críticas ao processo dos estudos de impacto ambiental e social, comenta os prejuízos, mas não se opõe com contundência ao projeto. Fala que podemos estar perdendo o bonde da história ao afirmar que “apesar dos discursos em contrário, ainda estamos operando no padrão antigo, que considera o meio ambiente como entrave ao desenvolvimento”, mas não se pronuncia com clareza contra o projeto.

Postado por Cesar Sanson.

Quem acompanha com freqüência o sitio do IHU percebe que o tema acerca da construção da usina hidrelétrica de Belo Monte é recorrente. Ele ocupa importante espaço nas Notícias do Dia e foi alvo de várias entrevistas publicadas no espaço Entrevista do Dia.

Alguém pode se perguntar: Por que insistir tanto nesse tema? Belo Monte é relevante porque reúne elementos da área econômica, social e ambiental. É a maior obra do PAC, envolve interesses de grandes grupos econômicos (empreiteiras, bancos e fundos de pensão); relaciona-se diretamente com o urgente tema da ecologia – a obra destruirá parte da natureza intocável e de rara beleza e afetará o ecossistema na região), e atingirá povos ribeirinhos e populações indígenas, obrigando-os ao deslocamento.

Porém, mais do que tudo isso, Belo Monte é importante porque revela determinada concepção de desenvolvimento. A grande questão posta hoje é que tipo de crescimento econômico queremos? A voracidade por energia está associada aos padrões sempre crescentes de produção e consumo. O mundo necessita sempre mais de petróleo, carvão, gás, eletricidade, energia nuclear e agora biocombustíveis. A nossa civilização centrada no petróleo, e podem-se acrescentar aqui as megas hidrelétricas e usinas nucleares, não se justificam mais, são tributárias de uma sociedade que está ficando para trás.

A humanidade está passando da era do petróleo para uma era em que a produção de energia se dará em escala descentralizada e com impactos menores sobre o ambiente. A nova economia tendo como paradigma a Revolução Informacional está deixando para trás a Revolução Industrial. “Belo Monte não agrega novas tecnologias, não embica o país para o futuro. É uma obra de cimento e aço, típica do século que passou”, afirma Marcelo Furtado, diretor executivo do Greenpeace no Brasil.

Esse é o erro de uma obra como Belo Monte. O Brasil em vez de assumir a vanguarda no processo de descarbonização da economia – considerando-se sua fantástica biodiversidade –, investe em matrizes superadas, grandes hidrelétricas como as do Rio Madeira e de Belo Monte. Essas grandes obras implicam em grandes inundações de terras, em significativos deslocamentos de pessoas e em devastação ambiental gigantesca e sucessivos apagões. O futuro das novas matrizes energéticas está na descentralização, em que a energia consumida será diretamente produzida no local de produção, reduzindo a concentração em mega centrais energéticas.

Há ainda outro problema manifestada pelo gigantismo de Belo Monte. Por muito tempo, inclusive na esquerda, acreditou-se que o crescimento econômico seria a varinha de condão para a resolução de todos os problemas. Particularmente da pobreza. A equação é conhecida. O crescimento econômico produziria um círculo virtuoso: produção-emprego-consumo. Porém, o axioma de que apenas o crescimento econômico torna possível a justiça social não é verdadeiro. Será que o grande projeto brasileiro é transformar todos cidadãos em consumidores.

É preciso complexificar o debate. O debate sugerido, a partir do princípio da ‘ecologia da ação’ recomenda que devemos construir uma sociedade que seja sustentável com a natureza, às necessidades humanas presentes e futuras, com uma ética solidária, definidas desde os setores populares, tendo como fim a construção de uma sociedade baseada em valores da solidariedade, liberdade, democracia, justiça e equidade.

Postado por Cesar Sanson

Belo Monte é um erro

Em 2 fevereiro, 2010 Comentar

O governo acaba de anunciar a concessão da licença ambiental para a construção da usina hidrelétrica de Belo Monte. O tema vem sendo acompanhado e discutido de perto pelo sítio do IHU. Várias entrevistas especiais foram realizadas ao longo dos últimos anos – elas podem ser conferidas nas várias matérias sobre o tema postado no dia de hoje -, em especial destacamos a entrevista de Dom Erwin Kräutler que acusa a obra de “projeto faraônico e gerador de morte”. Em todas as entrevistas uma unanimidade Belo Monte, configura-se na análise como um projeto economicamente, socialmente e ambientalmente devastador.

A decisão do governo é um erro. Belo Monte, pensada sob a perspectiva da lógica produtivista, imediata e pragmática encontra argumentos justificáveis e favoráveis; pensada, entretanto, a partir do princípio da “ecologia da ação” se torna questionável, ou seja, Belo Monte desejável nesse momento pode ser lamentada mais tarde.

 Postado por Cesar Sanson