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O Instituto Humanitas Unisinos – IHU, em parceria com o Escritório da Fundação Ética Mundial no Brasil, promove o evento “Amazônia em debate”, nos dias 05 e 06 de agosto, trazendo para a Unisinos um dos maiores conhecedores da realidade socioambiental da Amazônia e um dos principais defensores dos interesses dos povos indígenas e ribeirinhos e do cuidado com o meio ambiente naquela região.

Dom Erwin Kräutler, bispo da Prelazia do Xingu e presidente do Conselho Indigenista Missionário – Cimi, fará a palestra “Belo Monte, impactos socioambientais”, no dia 05 de agosto, na Sala Ignacio Ellacuría e Companheiros – IHU, das 17h30min às 19h.

No mesmo dia, das 20h às 22h, no Teatro Municipal de São Leopoldo – Centro Cultural José Pedro Boéssio (R. Osvaldo Aranha, 934, Centro) estarão em debate os “Povos Indígenas na Amazônia: lutas e restrições de direitos”.

No dia seguinte, 06 de agosto, Dom Erwin irá se focar sobre a “Presença Eclesial na Amazônia: desafios e perspectivas”, das 14h30 às 16h, novamente na Sala Ignacio Ellacuría e Companheiros – IHU.

Dom Erwin Kräutler, 70 anos, atua na região há 45 anos e conhece como ninguém a realidade do povo amazônida. Nascido em Koblach, na Áustria, veio para o Brasil em 1965 e, desde então, mora na Amazônia, onde é bispo da Prelazia do Xingu desde 1981.

O evento é gratuito e aberto ao público em geral. Mais informações e detalhes sobre inscrição e certificados, na página do evento ou pelo telefone (51) 3590-8223.

Para ler mais:

O diálogo entre Carlo Petrini, fundador do Slow Food e Jeremy Rifkin, pode ser visto no vídeo abaixo, em italiano.

Em português, leia aqui.

Carlos Lessa, que estará na Unisinos no dia 23 de agosto, escreveu o artigo “Belo Monte e o diabo“, publicado no jornal Valor e reproduzido nas Notícias do Dia, 31-05-2010.

Peter Midkiff, leitor das Notícias do Dia, comenta e contesta a opinião do economista e ex-presidente do BNDES, em mensagem enviada à IHU On-Line.

Eis o comentário.

Caro Carlos Lessa, autor desta matéria, eu gostaria que o Sr. considerasse a informação que exponho abaixo. É um assunto pertinente que deve ser analisado, corrigido (e, se for o caso) ampliado para uma discussão maior. Pelo que eu percebo, a energia hidrelétrica não é uma energia ‘renovável’, sustentável, ou ‘limpa’.

As represas hidrelétricas tem vida útil de 50, 70, até 100+ anos, apenas. Com o tempo, as represas ficam sedimentadas – assoreados com detritos (areia, terra) carregados pelo processo de erosão natural nas cabeceiras nos períodos chuvosos. Depois de assoreado, a represa fica com apenas uma fina lâmina de água superficial, sem reserva hídrica para a geração de energia.

A imensa quantidade de sedimentos depositados ao longo do tempo impossibilita a sua remoção, e não teria onde depositar essa quantia de sedimentos. E é apenas no fim da vida útil que aparecem os principais problemas sócio-econômicos: não tem mais peixe, não gera mais energia, não gera mais impostos, não há mais navegação comercial, o que levaria á um colapso econômico-ambiental após varias décadas de aquecimento econômico.

Esses efeitos só apareceriam em 4,5,6 gerações, lá para frente, no futuro, quando os executores, os técnicos de licenciamento e os governantes vigentes não estarão mais vivos… E pior, as pessoas, as comunidades futuras que vão sofrer com estas e outras consequências secundárias, essa nova geração de pessoas cidadãos, ainda não nasceram hoje; ainda não estão entre nós para expor as suas opiniões, para pedir consideração e exigir seus direitos constitucionais á um ambiente minimamente equilibrado, passível ainda de sustentar a vida e gerar cultura e desenvolvimento sustentável econômico e social.

Eu nunca vi ou ouvi falar de um Plano de Recuperação Ambiental ou um Programa de Encerramento de Projeto (quando chega o fim da vida útil) incluído nos condicionantes de licenciamento de projetos hidrelétricos. Como outros projeto de impacto, deve ser formulado um plano de recuperação e diminuição desses impactos – ou mesmo contemplar alternativas tecnológicas, econômicas ou sociais para garantir o direito ambiental dos nossos descendentes, dos nossos herdeiros.

É uma cegueira não enxergar para frente, é uma falta de sensitividade; é uma irracionalidade não contemplar a qualidade de vida das nossas futuras gerações. São nossos ta-ta-ra-netos, ta-ta-ta-ra-netos, que vão sofrer as consequências de nossas ações hoje; são os nossos herdeiros, nossos queridos filhos dos filhos dos filhos que vão sofrer á médio e longo prazo as consequências dos nossos atuais atos. A falta de uma visão para o futuro, para além das nossas próprias vidas torna inconsequente a nossa forma de pensar, de planejar.

A constituição especificamente defende as futuras gerações. Os autores da Constituição foram pensadores seculares, e previam tambem um mundo equilibrado para nós e para nossos descendentes. O uso de tanta energia para ‘eletro-intensivos’ (mineração e exportação de matéria-prima, não manufaturada) é uma outra questão a ser melhor avaliada.

Um governo socialista deveria exigir de empresas/países que querem minerar aqui, que somente podem ‘exportar’ produtos manufaturados, e não bens primários. Exportar matéria-primária, não beneficiada, é, como dizem, ‘exportar empregos’ brasileiros. Um governo socialista, do PT, deveria no mínimo, exigir das empresas estrangeiras a implantação de fábricas para o beneficiamento dos bens primários em produtos manufaturados com mão de obra brasileira, gerando empregos aqui e não lá fora.

Desta forma também deixamos uma vasta reserva mineral para as nossas futuras gerações fazerem o mesmo com seus descendentes.

Agradeço a oportunidade, e eu gostaria de um retorno sobre estas questões: por favor me corrija se eu estiver errado nas minhas colocações.

Peter Midkiff – piter.veadeiros@yahoo.com.br

“A carne que eu compro desmata a Amazônia? Foi produzida com o trabalho escravo? Foi temperada com lavagem de dinheiro? Essas são algumas das perguntas que se quer responder”.

Publicamos aqui o artigo de Renata Camargo, formada em Jornalismo pela Universidade de Brasília (UnB), especialista em Direito Ambiental e Desenvolvimento Sustentável pelo CDS/UnB. Já atuou como repórter nos jornais Correio Braziliense, CorreioWeb e Jornal do Brasil e como assessora de imprensa na Universidade de Brasília e Embaixada da Venezuela. Trabalha no Congresso em Foco desde 2008.

Eis o texto.

Os pecados da carne estão sendo vistos, cada vez mais, com maus olhos. Erros fatais e ações que em nada agregam de valor à sociedade estão ficando fora de moda e perdendo espaço. Não, não é de sexo nem de luxúria que estamos falando. Não que a sociedade esteja se tornando mais puritana nem que esteja em uma busca espiritual mais elevada. É pecado da carne, literalmente. Se trata de custo e benefício: a carne bovina fruto do desmatamento para a criação de grandes áreas de pasto não tem trazido mais benesses à sociedade.

O Ministério Público Federal no Pará lançou nesta semana uma campanha interessante, que vem ao encontro dessa onda de mobilizações da sociedade brasileira. A campanha “Carne Legal” leva o consumidor a refletir sobre a procedência da comida que ele tem colocado no prato. Hoje, nos supermercados, ainda predomina a lógica do preço mais baixo, com um mínimo, de qualidade. Mas quais as conseqüências de n ão pensar na origem do produto que você consome?

A campanha chama a atenção do consumidor para o fato de cerca de 70% das áreas desmatadas ilegalmente na Amazônia ser proveniente da pecuária. O MP mostra que derrubar a mata para transformar em pasto é bem mais barato do que investir em aumento de produtividade e, por isso, muitos produtores optam pelo custo baixo em vista do alto lucro. Segundo a Embrapa, o custo de derrubar a floresta para se ter um hectare de pasto é de R$ 800, enquanto para aumentar a produtividade de área semelhante gasta-se R$ 1.200.

As conseqüências do desmatamento são inúmeras: aumento da poluição, redução de recursos naturais, degradação dos solos, aquecimento do clima local e global, além de muitas outras. Mas, se o consumidor não é ligado às causas ambientais nem se motiva tanto por essas “ecochatices” de desmatamento, a campanha apela para outros aspectos e leva a refletir sobre as responsabilidades em relação ao combate ao trabalho escravo e à lavagem de dinheiro.

O Ministério Público alerta que, para tornar a atividade ainda mais lucrativa, alguns fazendeiros utilizam mão-de-obra escrava para desmatar e preparar a terra para o gado. Ele enfatiza que a lista suja do trabalho escravo é encabeçada por fazendas da pecuária e mostra que pecuaristas já chegaram a responder por 80% das ocorrências de trabalho em condições análogas à escravidão. O Pará, no caso, é o estado campeão em ocorrência desse tipo de afronta aos direitos humanos.

Veja aqui a propaganda sobre trabalho escravo e pecuária.

Mas, se o consumidor ainda não estiver convencido da importância de saber a procedência da carne comprada no supermercado ou na venda da esquina, a campanha alerta ainda que a pecuária é um setor muito vulnerável à lavagem de dinheiro. O Ministério Público explica que, muitas vezes, criminosos utilizam-se da pecuária para dar uma aparência de legalidade ao dinheiro obtido de maneira ilegal e, como é difícil o controle sobre as cabeças de gado, fica relativamente simples “inventar” o nascimento de novas cabeças.

Assista aqui a propaganda sobre lavagem de dinheiro na pecuária.

O objetivo maior da campanha é convidar os consumidores a refletirem e participarem de um consumo consciente e mais sustentável, pois as escolhas dos consumidores ditam muitas regras no mercado. A carne que eu compro desmata a Amazônia? Foi produzida com o trabalho escravo? Foi temperada com lavagem de dinheiro? Essas são algumas das perguntas que o Ministério Público quer levar o público a responder.

O consumo consciente – aquele em que o consumidor busca saber não só o preço e a qualidade do produto, mas foca o custo/benefício em quesitos como a procedência do produto – é uma coisa relativamente nova no Brasil. O hábito nas compras no dia a dia ainda condiciona aos consumidores a um perfil mais prático, sem grandes ações politicamente corretas. Mas essa realidade está mudando. Há cada vez mais brasileiros querendo evitar os pecadinhos da carne.

Para saber mais sobre a campanha, acesse o site da campanha Carne Legal. Informações bem interessantes sobre o processo histórico envolvendo a pecuária na Amazônia brasileira, a importância dessa atividade e as medidas que estão sendo tomadas para evitar os maus pecuaristas podem ser vistas no vídeo Virando o Jogo.

Veja a seguir o vídeo da campanha “Carne Legal”:

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O aquecimento global está deslocando a preocupação com o futuro da vida na Terra para o centro das atenções, a ponto de se tornar um novo eixo axial. E com ele, nos descobrimos umbilicalmente ligados ao Planeta Terra a tal ponto que é a nossa casa. O Planeta não é um barco que podemos abandonar quando começar a afundar. Mais do que nunca, torna-se válida a divisa de que somos terráqueos e, portanto, cidadãos do mundo.

A crise ecológica significa o fracasso da nossa civilização assentada sobre a ideia do progresso infinito e linear, na concepção dominadora de poder e sobre a crença do não esgotamento dos recursos naturais limitados e não renováveis. Uma sociedade sustentável exige mudanças drásticas e urgentes no nosso modo de produzir e consumir que questionem a lógica imposta pela sociedade industrial e que nasçam de uma visão holística da vida e do nosso lugar no Planeta.

O programa Crise Ecológica e Cinema – iniciativa do CEPAT e IHU – propõe-se a compreender o caráter e o significado da crise ecológica, a partir de obras cinematográficas, na perspectiva de contribuir para a adoção do princípio da “ecologia da ação”.

Programação:

12 de junho de 2010
Home – O Mundo é a Nossa Casa. Direção: Yann Arthus-Bertrand, França, 2009, 93min
Debatedor: Dr. André Langer

10 de julho de 2010
A Última Hora – Direção: Leila Conners Petersen & Nadia Conners, EUA, 2007 – 91min
Debatedora: Tereza Urban

14 de agosto de 2010
The Age of Stupid (A Era da Estupidez). Direção: Franny Armstrong, EUA, 2009, 100min
Debatedor: Dr. Jelson Oliveira

11 de setembro de 2010
Mudanças do clima, mudanças de vidas. Direção: Todd Soutghate – Greenpeace, Brasil, 2006, 51 min
Debatedor: Dr. Cesar Sanson

16 de outubro de 2010
Avatar. Direção: James Cameron, EUA, 2009, 161 min
Debatedor: Rafael Filipi

13 de novembro de 2010
A carne é fraca. Direção: Denise Gonçalves – Instituto Nina Rosa, Brasil, 2004, 53 min
Debatedora: Mariana Formighieri Hoffmann

Local: SENGE-PR/Curitiba-Pr
Rua Mal. Deodoro, 630 – Edifício do Centro Comercial Itália – 22º andar

Informações: 41 – 3349-5343 begin_of_the_skype_highlighting              41 – 3349-5343      end_of_the_skype_highlighting (Cepat)