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“Tudo leva a crer que a pesquisa de uma instituição pública como a Embrapa se tornará apenas um negócio, e o patenteamento de seus resultados uma consagração ideológica da mesquinharia.” Na entrevista que concedeu à IHU On-line na última semana, e que é publicada hoje nas Notícias do Dia,  o engenheiro agrônomo e ex-presidente da Associação Brasileira de Reforma Agrária (ABRA), Horácio Martins Carvalho não poupou críticas à Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), principalmente, pela posição neocapitalista assumida pelo órgão. Durante a conversa, Horácio falou ainda sobre a neutralidade científica que, na década de 1970, foi apresentada como mito em um livro do filósofo Hilton Japiassu. Para o engenheiro agrônomo, na Embrapa, a lógica do capital extingue qualquer neutralidade.

“Quando se afirma que a ciência deve obedecer ao postulado da objetividade, o que se pressupõe de fato é a explicitação e prática de uma racionalidade, a qual tende a ser, na maioria dos contextos como o da Embrapa, a dominante e, no caso, a lógica do capital”, afirmou Horácio. E completou: “A possibilidade de transgressão dessa objetividade dominante pelo exercício de outros paradigmas para se aproximar e explicar o real deveria ser um dos eixos da busca de ‘verdades’, procura essa que uma instituição mantida com recursos públicos deveria ter a liberdade de exercitar. E a Embrapa tem pessoal qualificado para tal.”

O Rio dos Sinos hoje

Em 19 janeiro, 2011 1 comentário

A situação do Rio dos Sinos preocupa. Em um simples mutirão realizado nesta semana por dezenas de pessoas,  foram retiradas seis toneladas de lixo do percurso do Rio dos Sinos, que abastece mais de 1.500.000 habitantes. “Qual é a nossa responsabilidade com as águas que nós próprios consumimos?”, questiona Jackson Müller, mestre em Bioquímica pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).

Jackson Müller

Jackson Müller, que já atuou como secretário do Meio Ambiente de Novo Hamburgo e como diretor técnico da Fundação Estadual de Proteção Ambiental, conversou com a IHU On-Line sobre a atual realidade do Rio dos Sinos e da empresa Utresa. A empresa de Estância Velha foi apontada pelo Ministério Público Estadual e pela FEPAM como a principal responsável pela mortandade de 86,2 toneladas de peixes no Rio dos Sinos em 2006. “Nesses quatro anos muitos foram os avanços positivos e melhorias implementadas”, revela.

Confira a entrevista.

IHU On-Line – Qual é a atual situação do Rio dos Sinos?

Jackson Müller – Vejo com muita preocupação a situação do Sinos. Temos um rio que recebe volumes expressivos de esgotos e efluentes não tratados, num período de estiagem, o que agrava a situação da concentração de poluentes e prejudica a qualidade das águas para consumo humano. Há diversos pontos do Sinos que estão sem mata ciliar, com seu leito assoreado, com as margens tomadas de lixo. Não parece o rio que abastece mais de 1.500.000 habitantes. Essa situação gera tristeza e frustração. Qual é a nossa responsabilidade com as águas que nós próprios consumimos? Não cuidamos do Sinos como deveríamos…

IHU On-Line – Após o incidente em 2006, as empresas responsáveis pelo desastre ecológico mudaram suas formas de atuação? Essa postura segue cinco anos depois?

Jackson Müller – Há mais cautela por parte das empresas. Podemos dizer que há um bom grupo de empresários com responsabilidade sócio-ambiental, conscientes de sua responsabilidade e preocupação, que já assimilaram a questão ambiental em seus negócios. Atuam de forma a efetivamente proteger o meio ambiente.

Entretanto ainda há uma parcela de donos de firma, despreocupados, insensíveis com os apelos e necessidades de controle dos seus processos. Por vezes esses grupos acabam maculando a imagem dos bons empresários. É preciso separar esse grupo, com uma fiscalização eficiente e com punição severa.

“Nenhum empresário da bacia do Sinos pode alegar desconhecer os problemas do Sinos e poluir irresponsavelmente as águas que bebemos.”

Do ponto de vista industrial, muitas coisas boas aconteceram. Novas legislações foram criadas e tecnologias mais limpas estão surgindo. Menos desperdício já é uma realidade no setor e a economia de materiais e insumos, em especial de água é uma condição presente em muitas empresas. Temos um bom “know how” no Vale na área de tratamento de efluentes e gerenciamento de resíduos. Precisamos efetivamente assimilar essas mudanças no setor público, mais lento e que sofre os efeitos da descontinuidade administrativa.

As soluções na área ambiental levam mais de quatro anos para se efetivarem. Por vezes a descontinuidade faz com que retornemos ao ponto de partida sem termos chegado à solução da questão. É um eterno recomeçar. Com isso os problemas ambientais se aguçam e se agravam.

IHU On-Line – O que ainda precisa ser revisto para que um outro desastre de tamanha proporção não ocorra?

Jackson Müller – Há muito por fazer. O Sinos sofre com os usos múltiplos de suas águas sem um planejamento mais efetivo. Há muitos remendos. Para atender o setor agrícola remendamos licenças ambientais onde ocorrem incompatibilidades de usos. Para atender as demandas da indústria são autorizados novos empreendimentos onde já existe saturação para lançamentos de efluentes. Liberam-se novos loteamentos onde já estão sufocadas as cidades. Cortam-se florestas para abrir estradas e proporcionar o necessário progresso. Logo, os fins sempre justificam os meios e não chegaremos a lugar algum, senão a um quadro cada vez mais grave e crítico, remendos e mais remendos… Talvez ao ponto de ruptura, que levará necessariamente a uma reversão forçada desse modelo que está posto. As notícias recentes indicam que necessitamos incluir sistemas novos de comando e controle, mais eficientes e menos burocráticos. As cidades crescem independente da ação por vezes inócuo do poder público. Quando presente (o setor público) se amenizam os efeitos negativos da falta de planejamento. Mas efetivamente justificamos a degradação ambiental, do solo, das águas, do ar, da qualidade de vida como inerentes ao progresso que todos desejamos. Isso está errado! Podemos progredir de outra forma, menos agressiva, mais sustentável, conforme a capacidade de suporte do ambiente. Por exemplo: Não podemos continuar estimulando o plantio de arroz nas nascentes do Sinos, assim como devemos exigir o tratamento de esgotos dos municípios e maior fiscalização das indústrias, com a reposição da mata ciliar, cuidados com o lixo, e assim por diante. É necessário agir em várias frentes, ao mesmo tempo. Não podemos ficar esperando que as coisas se resolvam sozinhas.

IHU On-Line – Como podemos analisar a situação da UTRESA atualmente, visto que a empresa foi uma das principais responsáveis pelo desastre ecológico de 2006?

Jackson Müller – A UTRESA apresentava muitas situações críticas quando iniciamos a intervenção judicial em 2006. Mais de 13 locais de vazamentos de líquidos altamente contaminados escapavam para os arroios da região; Valas de disposição de resíduos operavam a céu aberto; resíduos eram enterrados diretamente no chão; muitos ilícitos foram identificados e contidos. Nesses quatro anos muitos avanços também foram obtidos. Novas valas cobertas foram construídas, uma estação de tratamento foi implantada e está operando. Diversas foram as alterações nos procedimentos de controle operacional. Essas mudanças indicavam um caminho positivo de amadurecimento institucional da empresa, uma vez que mais de R$ 20 milhões foram investidos para adequações ambientais e novas construções.

O grande avanço foi o fato de que a intervenção judicial não inviabilizou a empresa, muito pelo contrário, permitiu que ela fosse se ajustando às normas ambientais concomitantemente a geração de receita com sua operação para recuperação dos passivos existentes. Nesses quatro anos muitos foram os avanços positivos e melhorias implementadas. Todos os dias haviam surpresas, tanto positivas como negativas. As investigações que realizamos ainda nos causam surpresa, tamanha a malha de relações existentes entre a UTRESA e outras centrais de resíduos. A auditoria ambiental recentemente concluída traz mais de 15 recomendações para qualificação das estruturas operacionais internas da UTRESA.

IHU On-Line – Recentemente tivemos o caso de um incêndio em uma vala da UTRESA.  O que podemos refletir a partir de mais irregularidades por partes da empresa?

Jackson Müller – Esse episódio deve ser visto como um caso isolado. A Polícia está investigando a situação, mas demonstra, de certa forma que a UTRESA ainda não possui maturidade gerencial para caminhar sozinha, caracterizando um certo retrocesso na sua administração. A falta de um Plano de Prevenção e Controle de Incêndio – PPCI capaz de atender às demandas num caso como o ocorrido, bem como as irregularidades administrativas apontadas, denotam que a empresa ainda precisa ajustar seus procedimentos internos. Essa situação, contudo, não afasta a possibilidade de um incêndio criminoso, praticado para macular a imagem da instituição e das pessoas envolvidas. Há uma concorrência feroz associada ao setor de coleta e destinação de resíduos industriais, movimentando muitos milhões de reais no Vale dos Sinos. A desmoralização da UTRESA poderia estar associada a interesses econômicos. Temos a lamentar esse episódio, especialmente no período em que o mesmo ocorreu. As medidas de controle adotadas permitiram conter o incêndio aos limites da vala, sem lançamentos de líquidos contaminados para arroios ou solo. A gravidade da situação residiu nas emissões de poluentes atmosféricos.

Para ler mais:

O Rio dos Sinos hoje

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A situação do Rio dos Sinos preocupa. Em um simples mutirão realizado nesta semana por dezenas de pessoas,  foram retiradas seis toneladas de lixo do percurso do Rio dos Sinos, que abastece mais de 1.500.000 habitantes. “Qual é a nossa responsabilidade com as águas que nós próprios consumimos?”, questiona Jackson Müller, mestre em Bioquímica pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).

Jackson Müller

Jackson Müller, que já atuou como secretário do Meio Ambiente de Novo Hamburgo e como diretor técnico da Fundação Estadual de Proteção Ambiental, conversou com a IHU On-Line sobre a atual realidade do Rio dos Sinos e da empresa Utresa. A empresa de Estância Velha foi apontada pelo Ministério Público Estadual e pela FEPAM como a principal responsável pela mortandade de 86,2 toneladas de peixes no Rio dos Sinos em 2006. “Nesses quatro anos muitos foram os avanços positivos e melhorias implementadas”, revela.

Confira a entrevista.

IHU On-Line – Qual é a atual situação do Rio dos Sinos?

Jackson Müller – Vejo com muita preocupação a situação do Sinos. Temos um rio que recebe volumes expressivos de esgotos e efluentes não tratados, num período de estiagem, o que agrava a situação da concentração de poluentes e prejudica a qualidade das águas para consumo humano. Há diversos pontos do Sinos que estão sem mata ciliar, com seu leito assoreado, com as margens tomadas de lixo. Não parece o rio que abastece mais de 1.500.000 habitantes. Essa situação gera tristeza e frustração. Qual é a nossa responsabilidade com as águas que nós próprios consumimos? Não cuidamos do Sinos como deveríamos…

IHU On-Line – Após o incidente em 2006, as empresas responsáveis pelo desastre ecológico mudaram suas formas de atuação? Essa postura segue cinco anos depois?

Jackson Müller – Há mais cautela por parte das empresas. Podemos dizer que há um bom grupo de empresários com responsabilidade sócio-ambiental, conscientes de sua responsabilidade e preocupação, que já assimilaram a questão ambiental em seus negócios. Atuam de forma a efetivamente proteger o meio ambiente.

Entretanto ainda há uma parcela de donos de firma, despreocupados, insensíveis com os apelos e necessidades de controle dos seus processos. Por vezes esses grupos acabam maculando a imagem dos bons empresários. É preciso separar esse grupo, com uma fiscalização eficiente e com punição severa.

“Nenhum empresário da bacia do Sinos pode alegar desconhecer os problemas do Sinos e poluir irresponsavelmente as águas que bebemos.”

Do ponto de vista industrial, muitas coisas boas aconteceram. Novas legislações foram criadas e tecnologias mais limpas estão surgindo. Menos desperdício já é uma realidade no setor e a economia de materiais e insumos, em especial de água é uma condição presente em muitas empresas. Temos um bom “know how” no Vale na área de tratamento de efluentes e gerenciamento de resíduos. Precisamos efetivamente assimilar essas mudanças no setor público, mais lento e que sofre os efeitos da descontinuidade administrativa.

As soluções na área ambiental levam mais de quatro anos para se efetivarem. Por vezes a descontinuidade faz com que retornemos ao ponto de partida sem termos chegado à solução da questão. É um eterno recomeçar. Com isso os problemas ambientais se aguçam e se agravam.

IHU On-Line – O que ainda precisa ser revisto para que um outro desastre de tamanha proporção não ocorra?

Jackson Müller – Há muito por fazer. O Sinos sofre com os usos múltiplos de suas águas sem um planejamento mais efetivo. Há muitos remendos. Para atender o setor agrícola remendamos licenças ambientais onde ocorrem incompatibilidades de usos. Para atender as demandas da indústria são autorizados novos empreendimentos onde já existe saturação para lançamentos de efluentes. Liberam-se novos loteamentos onde já estão sufocadas as cidades. Cortam-se florestas para abrir estradas e proporcionar o necessário progresso. Logo, os fins sempre justificam os meios e não chegaremos a lugar algum, senão a um quadro cada vez mais grave e crítico, remendos e mais remendos… Talvez ao ponto de ruptura, que levará necessariamente a uma reversão forçada desse modelo que está posto. As notícias recentes indicam que necessitamos incluir sistemas novos de comando e controle, mais eficientes e menos burocráticos. As cidades crescem independente da ação por vezes inócuo do poder público. Quando presente (o setor público) se amenizam os efeitos negativos da falta de planejamento. Mas efetivamente justificamos a degradação ambiental, do solo, das águas, do ar, da qualidade de vida como inerentes ao progresso que todos desejamos. Isso está errado! Podemos progredir de outra forma, menos agressiva, mais sustentável, conforme a capacidade de suporte do ambiente. Por exemplo: Não podemos continuar estimulando o plantio de arroz nas nascentes do Sinos, assim como devemos exigir o tratamento de esgotos dos municípios e maior fiscalização das indústrias, com a reposição da mata ciliar, cuidados com o lixo, e assim por diante. É necessário agir em várias frentes, ao mesmo tempo. Não podemos ficar esperando que as coisas se resolvam sozinhas.

IHU On-Line – Como podemos analisar a situação da UTRESA atualmente, visto que a empresa foi uma das principais responsáveis pelo desastre ecológico de 2006?

Jackson Müller – A UTRESA apresentava muitas situações críticas quando iniciamos a intervenção judicial em 2006. Mais de 13 locais de vazamentos de líquidos altamente contaminados escapavam para os arroios da região; Valas de disposição de resíduos operavam a céu aberto; resíduos eram enterrados diretamente no chão; muitos ilícitos foram identificados e contidos. Nesses quatro anos muitos avanços também foram obtidos. Novas valas cobertas foram construídas, uma estação de tratamento foi implantada e está operando. Diversas foram as alterações nos procedimentos de controle operacional. Essas mudanças indicavam um caminho positivo de amadurecimento institucional da empresa, uma vez que mais de R$ 20 milhões foram investidos para adequações ambientais e novas construções.

O grande avanço foi o fato de que a intervenção judicial não inviabilizou a empresa, muito pelo contrário, permitiu que ela fosse se ajustando às normas ambientais concomitantemente a geração de receita com sua operação para recuperação dos passivos existentes. Nesses quatro anos muitos foram os avanços positivos e melhorias implementadas. Todos os dias haviam surpresas, tanto positivas como negativas. As investigações que realizamos ainda nos causam surpresa, tamanha a malha de relações existentes entre a UTRESA e outras centrais de resíduos. A auditoria ambiental recentemente concluída traz mais de 15 recomendações para qualificação das estruturas operacionais internas da UTRESA.

IHU On-Line – Recentemente tivemos o caso de um incêndio em uma vala da UTRESA.  O que podemos refletir a partir de mais irregularidades por partes da empresa?

Jackson Müller – Esse episódio deve ser visto como um caso isolado. A Polícia está investigando a situação, mas demonstra, de certa forma que a UTRESA ainda não possui maturidade gerencial para caminhar sozinha, caracterizando um certo retrocesso na sua administração. A falta de um Plano de Prevenção e Controle de Incêndio – PPCI capaz de atender às demandas num caso como o ocorrido, bem como as irregularidades administrativas apontadas, denotam que a empresa ainda precisa ajustar seus procedimentos internos. Essa situação, contudo, não afasta a possibilidade de um incêndio criminoso, praticado para macular a imagem da instituição e das pessoas envolvidas. Há uma concorrência feroz associada ao setor de coleta e destinação de resíduos industriais, movimentando muitos milhões de reais no Vale dos Sinos. A desmoralização da UTRESA poderia estar associada a interesses econômicos. Temos a lamentar esse episódio, especialmente no período em que o mesmo ocorreu. As medidas de controle adotadas permitiram conter o incêndio aos limites da vala, sem lançamentos de líquidos contaminados para arroios ou solo. A gravidade da situação residiu nas emissões de poluentes atmosféricos.

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Alerta das abelhas!

Em 14 janeiro, 2011 Comentar

Nós últimos anos, houve um declínio acentuado e preocupante das populações de abelhas no mundo. Segundo um estudo da Universidade de Illinois, publicado na revista científica Proceedings of the National Academy of Sciences, as populações de quatro das oito espécies de abelhas mais comuns dos Estados Unidos caíram 96%.

Alguns estudos afirmam que o uso de pesticidas agrícolas e a queda na diversidade genética das espécies são os principais motivos para o desaparecimento das abelhas no mundo. Contudo, cada vez mais estudos independentes produzem fortes evidências de que os culpados são os agrotóxicos neonicotinóides, e apenas quatro países Europeus já o proibiram: França, Itália, Eslovênia e Alemanha. Nestes países, algumas populações de abelhas já estão se recuperando.

Preocupados em alertar e conscientizar a população mundial sobre o risco que corre nossa cadeira alimentar, a Avaaz – comunidade de mobilização online que leva a voz da sociedade civil para a política global – está disponibilizando uma petição de emergência para pressionar os Estados Unidos e a União Europeia a aderirem à proibição destes produtos letais, também com o objetivo de gerar uma ação de conscientização no resto do mundo.

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“As abelhas são vitais para a vida na Terra, a cada ano elas polinizam plantas e plantações com um valor estimado em US$40 bilhões, mais de um terço da produção de alimentos em muitos países. Sem ações imediatas para salvar as abelhas, muitas das nossas frutas, legumes e óleos preferidos poderão desaparecer das prateleiras. Não temos tempo a perder. Proibir este agrotóxico é um caminho necessário para um mundo mais seguro tanto para nós quanto para as outras espécies com as quais nos preocupamos e que dependem de nós. Assine a petição de emergência, envie-a para todo mundo, nós a entregaremos aos governantes responsáveis”, apela a Avaaz.

Assine a petição e encaminhe este apelo!

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A consciência do alimento bom e limpo. É assim que a chef Beth Beltrão, proprietária do restaurante Virada’s do Largo, em Minas Gerais, define o slow food. O Movimento, criado em 1989, busca estar na contra-mão dos lanches rápidos e segue o conceito da ecogastronomia, que conjuga o prazer e a alimentação com responsabilidade. Adepta do slow food desde 2004, Beltrão já representou o Brasil em diversos encontros mundiais sobre o movimento e alerta, em entrevista à IHU On-Line, para a necessidade de reeducação alimentar do brasileiro. “Nas grandes cidades, as pessoas tem de trabalhar e comem comida a quilo ou à la carte, rapidamente. Assim as pessoas comem para matar a fome e não para sentir o sabor. Queremos que as pessoas deêm valor ao alimento e sintam prazer de comer pelo sabor e pela qualidade”, afirma.

Atualmente, uma das principais discussões para a adesão da ideia da ecogastronomia no Brasil é a comercialização de alimentos saborosos, e sem agrotóxicos, à preços justos. Segundo Beltrão o slow food não quer somente o barato, mas sim a qualidade, por isso há um incentivo enorme ao produtor. “A questão do preço é muito relativa, e varia conforme o alimento em cada região. Por exemplo, a Cagaita é um fruto do cerrado, que não é adulterado e não adianta querer plantá-lo no sudeste que não irá vingar. Às vezes isso eleva um pouco o preço de determinados alimentos. Não queremos que as pessoas deixem de plantar, queremos resgatar determinados tipos de alimento que desapareceram”, destaca. Sobre a adesão dos brasileiros ao movimento, a chef garante que só falta um pouco mais de boa vontade. “Com o movimento muitas coisas poderiam mudar na vida do brasileiro. Hoje estamos na contra-mão, exatamente porque o alimento, além de ter a qualidade, é nosso tempo, nossa vida. Queremos que as pessoas deêm valor ao alimento e sintam prazer de comer pelo sabor e pela qualidade”, explica.

Auto-didata no tema, Beth conta que já participava do movimento antes mesmo de conhecê-lo. “Tenho na minha horta pelo menos 60% daquilo que coloco na mesa para os meus clientes. Sou uma produtora e me sustento. Isso me fez mudar muito, porque o que eu achava que era muito normal é uma coisa muito importante, mais do que a gente imagina”, confessa. Relembrando a atitude do presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, de pedir ajuda a Carlo Petrini, fundador do movimento slow food, para uma alimentação mais saudável, Beltrão elogiou a postura do cozinheiro italiano. “Achei simplesmente emocionante saber que o Obama teve essa iniciativa. Todos devem conhecer Petrini. A fala dele não é somente teórica, mas faz parte de um sonho dele. É uma necessidade que o mundo tem e ele consegue, através do poder da sua fala, fazer com que sua ideia entre no coração das pessoas”, finaliza.