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A educação infantil é uma importante etapa no crescimento das crianças e é um direito assegurado por lei. Segundo a legislação nº 12.796/13, é obrigatória a matrícula de crianças a partir de quatro anos de idade na educação básica, cumprindo-se o Plano Nacional de Educação – PNE, que, segundo a Emenda Constitucional (EC) nº 59/2009, deverá ser implementado até o ano de 2016 pelos municípios brasileiros.

De acordo  com a Lei de Diretrizes e Bases – LDB, a educação infantil é dividida entre creche e pré-escola, onde a primeira atende crianças na faixa etária de 0 a 3 anos, e a segunda, crianças de 4 a 5 anos. Esta fase é uma das primeiras etapas escolares que as crianças devem passar em período escolar.

Com o objetivo de debater este tema, o Observatório da Realidade e das Políticas Públicas do Vale do Rio dos Sinos – ObservaSinos, programa do Instituto Humanitas Unisinos – IHU, realizará a Oficina Realidades da Educação Infantil no Vale do Sinos e região metropolitana de Porto Alegre, no dia 10 de novembro, das 14h às 17h, na Sala Ignacio Ellacuría e Companheiros – IHU, na Unisinos São Leopoldo.

Tendo em vista a relevância da educação desde o início do período escolar, a atividade também aborda a importância de diminuir o  analfabetismo. Segundo o Anuário Brasileiro da Educação Básica, apresentado à Comissão de Educação este ano, mais de 50% das crianças de 8 anos continuam analfabetas. “O que está acontecendo no Brasil é que as crianças que frequentam a escola não estão se alfabetizando. Sem alfabetização, não há aprendizagem mais pra frente. É muito difícil recuperar esse aluno depois. O direito básico à alfabetização está sendo negado a essas crianças”, afirmou Priscila Cruz, diretora executiva da entidade da sociedade civil Todos pela Educação.

A oficina visa promover um debate sobre os dados da realidade da Educação Infantil, apontando os desafios e as possibilidades da garantia desta política no contexto do Vale do Rio dos Sinos e Região Metropolitana de Porto Alegre.

Saiba mais aqui.

Oficina Realidades da Educação Infantil no Vale do Sinos e RMPA
Data: 10 de novembro
Horário: Das 14h às 17h
Local: Sala Ignacio Ellacuría e Companheiros – IHU

Por Fernanda Forner

Tudo se encaminhava para ser mais um dia comum na vida do líder sindical Santo Dias da Silva. Era 30 de outubro de 1979, o Brasil ainda vivia sob a Ditadura Militar e, enquanto Dias reunia trabalhadores à fábrica Sylvania para participarem de uma greve, a polícia militar começou a se aproximar para interver na situação. Logo, deu-se início à confusão entre policiais e militantes. Em meio ao tumulto, o PM Herculano Leonel deu um tiro em Silva. Era para ser mais um dia de luta pelos trabalhadores. Mas não foi. Aquele foi o último dia da vida de Santo Dias da Silva.

Foto: www.pastoralfp.com

Operário de sonho e de  criança
Operário da terra e oficina
Operário que um dia se cansa
De esperar as mudanças de cima
Operário, esperança que vela
Operário suado, sem fala
Operário algemado na cela
Operário calado à bala! […]
Santo, a luta vai continuar!
(Luiz Augusto Passos)

Santos Dias da Silva foi um dos mártires que morreram durante a Ditadura Militar, regime que predominou no Brasil de 1964 a 1985. Sempre defendendo os ideais dos metalúrgicos e trabalhadores, Silva, nascido em 1942, iniciou ainda jovem na luta por melhores condições de trabalho.

Militância

O operário iniciou sua vida de militante aos 20 anos quando se juntou ao movimento operário. Começou lutando por aumentos salariais e o direito ao 13º salário. Em 1965, durante a Ditadura Militar, Silva passou a integrar a Oposição Sindical Metalúrgica de São Paulo.

Ainda na década de 60, o militante começou a atuar em outras organizações que surgiram na capital. Católico praticante, Silva se tornou membro ativo das Comunidades Eclesiais de Base (CEBs), grupo ligados à Igreja Católica e, também, participou de vários movimentos de bairro que surgiram a partir das ações das CEBs.

Protesto pela morte de Santo Dias. Fonte: Pastoral Fé e Política – Arquidiocese de São Paulo

Movimento Sindical

Em outubro de 1979, a Oposição Sindical Metalúrgica de São Paulo, que já tinha Silva entre seus principais líderes, estava reivindicando um aumento salarial de 83%. Seus patrões recusaram o pedido, o que acabou resultando, no dia 28 daquele mesmo mês, na primeira grande paralisação dos metalúrgicos.

Nesse mesmo dia, as sedes dos Sindicatos iriam estar abertas para abrigar os operários da greve, no entanto, a Polícia Militar invadiu os locais e prendeu mais de 130 pessoas. Com a repressão da PM e a falta de apoio do próprio Sindicato, os grevistas foram obrigados a buscar abrigo dentro da Capela do Socorro, em São Paulo. Após dois dias de reclusão, Santo Dias decidiu ir até a frente da fábrica Sylvania e convocar seis mil operários que estavam começando o turno de trabalho da tarde. Assim que iniciou a discussão com os trabalhadores, a polícia militar chegou ao local. Os PMs agiram com violência para tentar conter os trabalhadores e, em meio a toda a confusão, Herculano Leonel atirou em Silva. O militante foi resgatado e levado ao hospital, mas já estava morto.

Julgamento

Após a morte de Santo Dias, sua família e amigos criaram o Comitê Santo Dias para tentar a condenação do PM responsável pelo tiro, Herculano Leonel.

O Comitê surtiu efeito. Em 1982, Leonel foi condenado a seis anos de prisão. No entanto, o policial militar recorreu da ação e o processo foi arquivado.

Caminhada

Até hoje, a luta de Santo Dias é lembrada com uma caminhada em sua homenagem. O percurso, que ocorre todos os anos desde a sua morte, é iniciado em frente à portaria do antigo prédio que ficava a fábrica Sylvania e vai até o cemitério de Campo Grande, onde Silva está enterrado. Durante o trajeto, as pessoas cantam músicas feitas para o militante metalúrgico.

Caminhada realizada em homenagem a Santo Dias. Fonte: Repórter Brasil

Santo Dias, inclusive, ganhou um álbum de músicas e depoimentos em homenagem a sua contribuição para os direitos dos trabalhadores. As músicas e as poesias que compõem o álbum foram feitas por trabalhadores. Luiz Augusto Passos também dedicou uma canção ao operário.

Clique na imagem para ter acesso ao álbum:

Álbum de músicas e depoimentos sobre Santo Dias da Silva. Fonte: Youtube.

Livro escrito por sua filha, Luciana Dias. Fonte: Repórter Brasil

Livros

A vida de Santo Dias da Silva serviu de inspiração para dois livros: Santo Dias. Quando o passado se transforma em história e Santo – dos nossos – Dias: fé política e compromisso social no cotidiano de luta de um operário na Paulicélia dos anos 70.

O primeiro foi escrito por sua filha, Luciana Dias, a jornalista Jô Azevedo e a fotógrafa Nair Benedicto; o segundo pelo escritor e educador Silvio Luiz Sant’Anna. Ambas foram lançadas em 2004.

Filme

A morte de Santo Dias também foi repercutida no filme Eles não usam Black-Tie, de 1981. O longa-metragem é baseado em uma peça teatral de mesmo nome e conta a história de um operário que resolve não participar de um movimento grevista liderado por seu pai. Preocupado com a gravidez de sua namorada, o trabalhador decide seguir trabalhando, dando início a um conflito familiar.

O filme, que começou a ser rodado após a morte de Santo Dias, tem uma das cenas finais baseada no episódio que tirou a vida do operário. A cena em questão é protagonizada pelo personagem Bráulio (Milton Gonçalves), que, em meio a um conflito com policiais militares, é acertado por um tiro fatal (parecendo-se com o acontecimento que resultou na morte de Silva).

Clique na imagem para assistir o filme:


Prêmio

Desde 1996, a Comissão de Defesa dos Direitos Humanos da Assembleia Legislativa de São Paulo realiza a entrega do Prêmio Santo Dias de Direitos Humanos, que visa reconhecer o trabalho de pessoas e entidades em benefício dos direitos humanos. Os homenageados de 2014 foram o Padre Giuliani e o advogado Belisário dos Santos Jr.

Giuliani é italiano e há mais de 50 anos vive no Brasil. Durante a década de 70, liderou diversos movimentos populares, entre eles, o Movimento Custo de Vida e o Clube de Mães.

Belisário dos Santos é advogado, graduado pela Universidade de São Paulo (USP), com mestrado em Legislação Penal Especial, também pela USP, e especialista em direito administrativo pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC – SP). Santos é advogado militante desde 1970 e atualmente coordena o Programa de Direitos Humanos de São Paulo.

Por: Matheus Freitas

Para ler mais

Foto: http://bit.ly/1FUzG2O

Dando continuidade ao primeiro debate realizado no mês de setembro sobre a Carta Encíclica do Papa Francisco Laudato Si’, sobre o cuidado da casa comum, o Instituto Humanitas UnisinosIHU realiza o 2º debate sobre a Carta Encíclica Laudato Si’. O evento, que ocorrerá no dia 15 de outubro, será realizado no Auditório Central da Unisinos, às 19h30min.

Reforçando o debate sobre o meio ambiente, a Carta Encíclica do Papa Francisco Laudato Si’, sobre o cuidado da casa comum, publicada em 18 de junho deste ano, trouxe à tona diversos temas importantes para analisar a atual situação do mundo. São quase 200 páginas acompanhadas de 172 notas de rodapé, que tratam de três eixos principais: a crise ecológica, o antropocentrismo moderno e a economia mundial.

O jesuíta norte-americano Thomas Reese escreveu um guia de leitura para a Laudato Si’ no qual apresenta as temáticas abordadas em cada capítulo. Ele explica que, apesar de ser um documento papal, a carta é de fácil leitura e pode ser debatida em grupo. “Qualquer um pode baixar o texto integral na internet, chamar os amigos e dizer: Vamos ler e discutir a encíclica. Qualquer um que participe de um clube de leitura poderá recomendar que a encíclica seja a próxima leitura”, destaca.

O Papa Francisco inicia o texto da encíclica citando São Francisco de Assis, um dos santos mais populares da Igreja Católica. No primeiro capítulo, apresenta um panorama sobre a situação ecológica do mundo, abordando assuntos como clima, poluição, descarte de resíduos, perda da biodiversidade e desigualdades. Ele também analisa a forma como a degradação ambiental afeta a vida humana e a sociedade.

O “Evangelho da Criação” é o tema principal do segundo capítulo, no qual o pontífice sustenta que, dado que o mundo foi criado por Deus, todos podem cuidar da natureza e dos mais vulneráveis.“Tudo está relacionado, e todos nós, seres humanos, caminhamos juntos como irmãos e irmãs numa peregrinação maravilhosa, entrelaçados pelo amor que Deus tem a cada uma das suas criaturas e que nos une também, com terna afeição, ao irmão sol, à irmã lua, ao irmão rio e à mãe terra”, pontua. E conclui: “A Terra é, essencialmente, uma herança comum, cujos frutos devem beneficiar a todos”.

Foto: http://bit.ly/1QapNxX

A discussão abordada pelo papa no terceiro capítulo é sobre a “raiz humana da crise ecológica” e como o homem contribuiu para essa crise. No quarto capítulo, Bergoglio fala sobre “ecologia integral”, sua principal proposta para a encíclica, a fim de combater a pobreza, devolver a dignidade aos excluídos e, simultaneamente, cuidar da natureza.

Sobre a proposta de Francisco, o teólogo Leonardo Boff afirmou, em entrevista à IHU On-Line, que a ecologia integral é “a grande novidade” da  Laudato Si’: “O conceito de ecologia integral é ‘o ponto central da construção teórica e prática da Laudato Si’. Receio que ela não seja entendida pela grande maioria, colonizada mentalmente apenas pelo discurso antropocêntrico de ambientalismo, dominante nos meios de comunicação social e infelizmente nos discursos oficiais dos governos e das instituições internacionais como a ONU. Como o novo paradigma sugere, todos formamos um grande e complexo todo”.

No quinto capítulo, Francisco convida o leitor para um diálogo sobre política ambiental nas comunidades internacionais, nacionais e locais, em linhas de abordagem e ação. “Este diálogo deve incluir a tomada de decisões transparente de modo que a política esteja a serviço da realização humana – e não apenas dos interesses econômicos. Envolve também o diálogo entre as religiões e a ciência, trabalhando juntas para o bem comum.”, comenta Thomas Reese.

O último capítulo da carta traz como tema a “educação ecológica e espiritualidade”. Sobre esse aspecto, Reese destacou que o “essencial aqui é uma espiritualidade que possa nos motivar a uma preocupação mais apaixonada para com a proteção deste nosso mundo”.

O francês Edgar Morin também foi um dos filósofos que falou sobre o documento de Bergoglio. Em entrevista publicada no jornal La Croix e reproduzida no sítio do IHU, Morin defende que “Francisco definiu a ‘ecologia integral’, que não é, sobretudo, esta ecologia profunda que pretende converter ao culto da Terra e subordinar tudo a ela. Ele mostra que a ecologia toca profundamente as nossas vidas, a nossa civilização, os nossos modos de agir, nossos pensamentos.”

Por Fernanda Forner

A encíclica também pode ser vista em um vídeo de 6min18s.

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Para ler mais…

Em 1968, o filósofo Gilles Deleuze já havia concluído a sua tese de Doutorado, intitulada Diferença e Repetição (que mais tarde originou o livro homônimo – Santa Catarina: Graal, 2000), quando conheceu o também filósofo Félix Guattari. Desse encontro surgiu uma parceria entre os dois pesquisadores que acabou rendendo, aproximadamente, cinco livros sobre filosofia, sendo o principal deles a publicação Mil Platôs (São Paulo: Editora 34, 1995), em que eles enfatizam a prudência nos processos de experimentações para que se consiga aprender conceitos morais.

A partir desses ensinamentos, o filósofo Laércio Antônio Pilz, que tem o próprio Deleuze entre seus autores favoritos, irá trabalhar com temas como complexidade e experimentação na palestra Diferença, multiplicidade e complexidade: encontros e experimentações como potência, no próximo IHU ideias, evento promovido pelo Instituto Humanitas UnisinosIHU, no dia 8 de outubro, às 17h30min, na Sala Ignacio Ellacuría e Companheiros, no IHU.

Em entrevista publicada pela Revista IHU On-Line, Laércio diz que leva os ensinamentos de Deleuze para o dia a dia e traz as teorias para o relacionamento dele com a esposa e seus filhos. “Tento conectar as teorias de Deleuze, por exemplo, com a minha relação com eles (filhos). Parto da ideia de que a intensidade dos afetos é que vai fazer a diferença no amor e na aprendizagem. As pessoas aprendem mais com o sentido, o significado dos afetos, do que com o discurso abstrato”, comentou.

Clique aqui para saber mais informações sobre a palestra Diferença, multiplicidade e complexidade: encontros e experimentações como potência.

Para ler mais

O portal de notícias espanhol Religión Digital dá destaque ao Instituto Humanitas Unisinos – IHU, ao anunciar a adesão do IHU na campanha Pro Papa Francisco.

A campanha nasceu da intenção de unir pessoas, associações, entidades, instituições e meios de comunicação (principalmente da América Latina) com o objetivo de apoiar as reformas propostas pelo Papa Francisco. Para participar desta iniciativa basta acessar a página Pro Francisco, criada especialmente para a campanha, e preencher um breve formulário.

Também é possível participar pela rede social Twitter com frases, fotos, vídeos, desenhos ou caricaturas, basta marcar o perfil @ProFrancisco1.

Confira abaixo a íntegra da notícia veiculada no portal.