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A expectativa para a Rio+20 é de que não seja vista só como uma conferência, mas com um significado maior. “Temos que fazer da Rio+20 um momento para demonstrar a insatisfação da sociedade civil e dizer que temos de ir além.”, diz Rubens Born.

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A cidade do Rio de Janeiro será a sede da Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, a qual ocorrerá de 20 a 22 de junho de 2012. O encontro recebeu o nome de Rio+20 e visa renovar o engajamento dos líderes mundiais com o desenvolvimento sustentável do planeta, vinte anos após a Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (Rio-92). Na Eco 92 vieram ao Rio 109 líderes e mais de 30 mil pessoas circularam no evento oficial, que também foi no Riocentro. O conteúdo da Rio+20, bem mais modesto, começa a ser discutido este mês, em Nova York. O nível de ambição do que será obtido em junho, no Rio, depende das negociações até lá, dos rumos da campanha eleitoral nos EUA e da crise econômica global.

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Uma das grandes diferenças da Rio+20 com a Eco 92 é a prioridade que os chamados “major groups” têm hoje em relação há 20 anos. O conceito, em voga nas Nações Unidas, reúne nove segmentos da sociedade civil – empresas, crianças e jovens, produtores agrícolas, comunidades indígenas, governos locais, ONGs, cientistas, mulheres, trabalhadores e sindicatos – e é intenção do governo aproximá-los o máximo das decisões da conferência. Na edição de 1992, os governos reunidos no Rio Centro, e a sociedade civil, no Aterro. Eram dois mundos separados. A arquitetura proposta agora é diferente.


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Rio+ONU20

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“É preciso que se entenda que durante dez dias o Rio de Janeiro será a ONU”, diz o diplomata Laudemar Aguiar, 50 anos, fluminense de Niterói e responsável por toda a logística do que o governo brasileiro quer que seja “a maior conferência da história das Nações Unidas”.

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Rio+20 faz parte de uma família de conferências da ONU que discute como o planeta quer se desenvolver. Será um debate importante sobre desenvolvimento sustentável com sua vertente econômica, ambiental e social, tendo como pano de fundo a redução da pobreza e a “economia verde“, conceito que pressupõe o uso de tecnologias limpas.

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Rascunho zero: ”documento tem mais chance de frustrar do que de atender as expectativas”.

Confira o trecho da entrevista realizada com o coordenador executivo do Vitae Civilis Instituto para o Desenvolvimento, Meio Ambiente e Paz, Rubens Born para a IHU On-Line.

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“O Brasil está acreditando que o pré-sal será a redenção do país para a superação da pobreza. Só que investir em pré-sal significa consumir mais e mais combustíveis fósseis e comprometer as emissões brasileiras para além do ano 2020. O Brasil tinha que se engajar para uma transição radical dos seus planos energéticos, sobretudo, fomentar a energia eólica, solar etc. Hoje, no Brasil, se desperdiça 18% de energia para aquecer água dos chuveiros elétricos. Se reduzíssemos esse consumo, teríamos evitado a construção das usinas de Santo Antônio e Jirau na Amazônia e poderíamos evitar a construção de outras termoelétricas. A posição brasileira é equivocada, põe o Brasil na contramão da história e mantém a alocação de recursos públicos e privados em investimentos que são insustentáveis.”

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Para ler mais:

A trajetória, perspectiva e os limites do Fórum Social Mundial (FSM) e o Fórum Mundial de Teologia e Libertação (FMLT) serão temáticas abordadas nesta quinta-feira (14), na Unisinos. Para iniciar o debate, a Profa. Dra. Cleusa Maria Andreatta, o Prof. Dr. Érico Hammes e o Prof. Dr. Roberto Zwetsch irão palestrar a respeito do FMLT. O evento inicia às 17h30, na Sala Ignacio Ellacuría e Companheiros – IHU.
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Em entrevista concedida à IHU On-Line, Zwetsch afirma que o “O FSM precisa ouvir a palavra da teologia se, de fato, almeja um outro mundo possível”. Na avaliação de Hammes, que também concedeu entrevista à IHU On-Line, a inserção do “do FMTL no FSM pode ajudar teólogos e teólogas a pensar a teologia “com senso de realismo no que se refere aos grandes dilemas mundiais”.
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Em um segundo momento, que inicia às 20 horas no Auditório Central da Unisinos, Francisco Whitaker irá abordar as perspectivas, trajetória e limites do FSM. Em entrevista à IHU On-Line, Whitaker ressalta que “o FSM é um processo que vai se concretizando à medida em que a sociedade e a conjuntura vão mudando. O Fórum, em si, não muda de estratégia, porque não é uma organização ou movimento, mas um espaço criado pelas organizações que acham que é importante se encontrarem com outras, se articularem e promoverem trocas com vistas ao objetivo final”.

O 4° Seminário de Políticas Sociais, evento do Fórum Social Mundial 2010, reafirma a necessidade das lutas garantidoras dos direitos à vida e, ao mesmo tempo, a importância da construção de uma mudança civilizatória.

Na tarde do dia 27 de janeiro a Unisinos acolheu em seu anfiteatro mais de 900 pessoas vindas de diferentes cidades da região metropolitana, do estado, do Brasil, da América latina e do mundo para a participação no 4º Seminário de Políticas Sociais, com o objetivo de debater o papel público das poíticas na garantia direitos sociais.

Esta realização foi resultado de um trabalho coletivo de pessoas e instituições historicamente comprometidas com a questão dos direitos sociais.

O aprofundamento desta temática foi garantido através do desenvolvimento de dois painéis. O primeiro com a retomada das concepções e marcas históricas das políticas sociais por Silvio Caccia Bava, juntamente com  Helios Puig Gonzales, que apresentou indicadores da realidade reveladora das inúmeras fragilidades das políticas sociais na contemporaneidade. O segundo painel, que teve a participação de Boaventura de Sousa Santos e Marina Silva, problematizou a realidade contraditória e complexa, que apresenta desafios de lutas defensivas e ofensivas, garantindo direitos à vida em suas múltiplas dimensões e, ao mesmo tempo, apontando para uma mudança civilizatória urgente e necessária. Estas e outras questões apresentam-se em um contexto de democracia, que precisa ser democratizada.

As pontualizações e debates realizados subsidiaram uma importante contribuição de José Rogério Lopes na revisão e atualização da Agenda Mundial das Políticas Sociais, construída no 1° Seminário de Políticas Sociais há 8 anos, que necessita constituir-se como Agenda materializada na implementação cotidiana das Políticas pelos diferentes agentes, numa perspectiva emancipatória e radicalmente democrática, em vista da afirmação de fato de um outro mundo necessário e possível.

Nos próximos dias a Agenda estará disponiblizada no blog do Seminário, assim como no site do IHU Unsinos e das demais entidades promotoras.

Marilene Maia

Por Graziela Wolfart

Ontem à tarde, por volta das 17h, chegou na Unisinos, debaixo de forte chuva, a senadora Marina Silva. Pré-candidata à presidência da República pelo PV, Marina veio participar do 4º Seminário de Políticas Sociais, atividade organizada pelo Instituto Humanitas Unisinos, e integrada ao Fórum Social Mundial 2010. Quando ela pisou fora do carro eu estava lá, com meu gravador em punho, pronta para garantir uma entrevista para o sítio do IHU. Mas ela foi cercada por uma quantidade incrível de gente, pessoas simples, indígenas, militantes de movimentos sociais. Todos queriam abraçá-la e tirar uma foto com ela. Sim, Marina é uma celebridade para o povo simples. E eu continuava lá. Acompanhei a senadora e me apresentei a seus assessores. Entramos em uma sala reservada do Anfiteatro Pe. Werner, da Unisinos, onde pude, finalmente, apertar a sua mão e me apresentar. Entreguei a ela um exemplar da nossa revista IHU On-Line, sobre a Convenção do Clima em Copenhague, e ela agradeceu sorrindo. Depois, perguntei se poderia fazer algumas perguntas. A assessoria de Marina, muito gentil, disse que tínhamos tempo e ela aceitou. Foi uma entrevista incisiva, onde ela falou sobre Belo Monte, sobre sua pré-candidatura à presidência, sobre o PV e o PSOL, sobre as prioridades para o Brasil e, é claro, sobre meio ambiente e sua relação com o crescimento econômico. Em breve, a entrevista será publicada aqui na página do IHU.
Marina foi muito gentil, bem como todos os seus assessores. Inclusive um deles, Pedro, disse que lê as Notícias Diárias do sítio do IHU e é muito fã deste serviço. Ele agradeceu por termos perguntado à senadora sobre Belo Monte, para que ela pudesse esclarecer mal-entendidos em relação à sua posição sobre a hidrelétrica. Jornalisticamente, foi uma experiência interessante.
Em seguida, Marina Silva subiu ao palco ao lado de Boaventura de Sousa Santos, para conduzirem o debate sobre o papel público das políticas na garantia dos direitos sociais. O anfiteatro Pe. Werner estava lotado e muitas pessoas estavam do lado de fora, acompanhando pelo telão o que não puderem assistir pessoalmente.
Minha colega, a jornalista Patricia Fachin, assistiu ao debate, pois ela negociou uma entrevista com o professor Boaventura para logo após a sua fala, que também será publicada nesta página em breve. Patricia destaca que a ideia de uma visão antecipadora de vida e de nação foi defendida pela senadora Marina Silva, no IV Encontro de Políticas Públicas. Aplaudida de pé pelos participantes do encontro, Marina disse que precisamos superar a visão patrimonialista e atuarmos como sujeitos na sociedade, pensar o mundo de maneira plural, valorizando a alteridade. Ela concordou ainda com a posição do sociólogo Boaventura de Sousa Santos, de que estamos diante de uma crise civilizatória, “num século de inflexão”, e acentuou que essa “falta do que queremos” nos leva a buscar algo novo. A senadora também apoiou as comunidades indígenas e disse que os índios são vistos como perigo porque pensam e agem diferente do modo ocidental. A dificuldade de interpretar o outro, assegura, nos leva a percebê-lo como diferente. “A visão antecipatória de vida não pode pensar o mundo com uma única visão. Reconheço o conhecimento ocidental, mas também respeito e defendo a prática indígena e de outros movimentos”, pontuou.

Ao relembrar os cinco anos que permaneceu no governo como ministra do Meio Ambiente, a senadora disse que é preciso criar constrangimento ético para a política. “Só assim é possível descobrir problemas e formas de implementar políticas eficientes”.

A Agenda Mundial das Políticas Sociais e o Fórum Social Mundial 2010 foram temas do IHU ideias desta quinta-feira. O Prof. Dr. José Rogério Lopes discutiu o tema, a partir de dois cenários: os 35 anos do neoliberalismo e os 20 anos da queda do muro de Berlim.

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Sob esta perspectiva, José Rogério apresentou o histórico de contribuições e conseqüências trazidas por essas realidades. “Políticas sociais e públicas são características da sociedade moderna. A economia, através do capitalismo e a política, através da revolução burguesa trouxeram isso à tona”, explicou.

Influências para a Agenda Mundial e para o Fórum, os dois cenários apresentados pelo professor são extremamente relevantes na contemporaneidade. Foram tratados os componentes econômicos presentes neoliberalismo, como a reorganização do capitalismo que influenciou no incrementalismo das políticas públicas, e os componentes políticos a partir da queda do muro de Berlim, como a revisão dos programas de regulação social.

No encontro também foram apresentadas as propostas do IV Seminário de Políticas Públicas, que acontece em 27 de janeiro, no Anfiteatro Padre Werner, na Unisinos. O evento é uma preparação ao 6º Seminário de Políticas Sociais, atividade que integra a programação do Fórum Social Mundial 2010, a se realizar entre os dias 25 e 29 de janeiro. Confira aqui o blog do evento.