Semelhanças e diferenças de sabor, doçura ou amargura, ingredientes picantes ou suaves, líquidos ou sólidos. Os alimentos, independentemente de seus formatos, cores, cheiros ou sabores, foram o “prato principal” do primeiro momento gastronômico do programa “Religiões do Mundo”. A partir da experiência de degustar cada alimento, os participantes do evento puderam também experimentar um pouco mais daquilo que perpassa as grandes religiões do mundo: a experiência do sagrado e dos dons que recebemos.
Antes de degustar os pratos, o monge Swami Krishnapriyananda Saraswati, presidente latino-americano da Sociedade Internacional Gita, fez um pequeno momento de oferecimento do alimento, já que, para o Sanātana Dharma (vulgarmente chamado de Hinduísmo), não devemos apenas agradecer pela nossa comida, mas sim oferecê-la a Deus como um dom. E com um canto em um dos idiomas indianos, Swami elevou os alimentos que em breve seriam degustados como a oferta dos que ali estavam presentes.
Em nome do curso de Gastronomia, o Prof. Ms. Marcelo Fernando González da Costa agradeceu a presença de todos e abordou alguns aspectos centrais dos pratos que foram servidos no primeiro momento gastronômico. E destacou a importância da dieta mediterrânea presente nos alimentos do Judaísmo, do Cristianismo e do Islamismo, diretamente relacionados ao transporte e ao deslocamento dos povos dessas regiões.
Segundo ele, há ainda uma explicação mais profunda sobre a pureza ou impureza dos alimentos para essas religiões. Para as tradições abraâmicas, todos os animais têm uma natureza relacionada com o ar, a água e a terra. Assim, aqueles animais que infringem essa natureza são considerados impuros. Por outro lado, o Hinduísmo trata o alimento não a partir de sua pureza ou não, mas sim a partir de uma relação diversa: pelo respeito por aquilo que se come. E é por isso que a vaca é sagrada na Índia, pelo seu significado que envolve a vida, a maternidade. É pelo respeito à vida animal que a dieta hindu é vegetariana.
Foi nesse clima de reconhecimento do alimento como dom e como algo que está profundamente enraizado nas tradições e culturas religiosas que os pratos foram saboreados. Preparados com muito carinho e dedicação pelos professores, alunos e laboratoristas do curso de Gastronomia, os alimentos foram elogiados por todos os presentes pelo seu sabor e beleza.
Para os que não puderam estar presentes neste primeiro momento gastronômico, o convite é para que participem do segundo encontro, com alimentos referentes às tradições chinesas, tribais e do Budismo. A degustação irá ocorrer no dia 25 de setembro, a partir das 18h, logo após a exibição comentada sobre Budismo, realizada na Sala 1G119.
A inscrição pode ser feita presencialmente nas próximas exibições comentadas, ou também pelo site do IHU (clique aqui). Confira também o cardápio:
Religiões Chinesas
– Rolinhos primavera na folha de arroz com lombo, broto de feijão e cenoura
– Espetinhos de frango aromatizados com cinco especiarias chinesas
– Creme de banana e canela ao leite de coco servido no copinho
Religiões Tribais
– Bolinhos de inhame
– Caldinho de camarão
– Quadradinhos de bolo de aipim com coco
Budismo
– Paratha crocante
– Minichapatis com salada de pepino, cenoura e iogurte
– Arroz de leite com especiarias
– Chá verde com melado de cana
Clique aqui para ver a programação completa do programa “Religiões do Mundo”, que segue debatendo as grandes tradições religiosas do mundo a partir da perspectiva de uma ética mundial. Os encontros ocorrem semanalmente no IHU e na Casa de Cultura Mário Quintana, em Porto Alegre. Participe.
(por Moisés Sbardelotto)