Neste espaço se entrelaçam poesia e mística. Através de orações de mestres espirituais de diferentes religiões, mergulhamos no Mistério que é a absoluta transcendência e a absoluta proximidade. Este serviço é uma iniciativa feita em parceria com o Prof. Dr. Faustino Teixeira, teólogo, professor e pesquisador do PPG em Ciências da Religião da Universidade Federal de Juiz de Fora.
Sexta Meditação – Murilo Mendes
Estrela pequenina,
Estrela que baixaste sobre o próprio Presépio
Para mostrar fisicamente
Que baixou o infinito sobre nós,
Que o infinito se tornara íntimo,
Que no tempo irrompeu a eternidade,
Estrela de Belém
És a mesma estrela de Penedo
Por mim assimilada neste instante.
Estrela que já no princípio Adão e Eva
Contemplaram espantados em silêncio,
Estrela que indicaste a redenção,
Estrela que despontas a um só tempo
No céu e no cântico da alma,
O infinito íntimo
Muitas vezes até se manifesta
Pela candeia de uma estrela tímida
Distante e próxima de nós
Como o são nossos mesmos olhos mutuamente.
Fonte: Murilo Mendes. Antologia Poética. São Paulo: Cosac Naify, 2014, p. 168.
Murilo Mendes nasceu em Juiz de Fora, Minas Gerais, no dia 13 de maio de 1901. Foi poeta brasileiro que fez parte do Segundo Tempo Modernista. Recebeu o prêmio Graça Aranha com seu primeiro livro, “Poemas”. Participou do Movimento Antropofágico, revelando-se conhecedor da vanguarda artística europeia.
A poesia de Murilo Mendes analisa o destino do ser humano como um todo. Em 1932 escreve o poema “História do Brasil”. Em 1934, desenvolve temas religiosos e com Jorge de Lima escreve “Tempos e Eternidade”, publicado em 1935. Logo escreve “A Poesia em Pânico”, em 1944 a prosa “O Discípulo de Emaús”, e “Janela do Caos” em 1948. Em 1953, foi convidado para lecionar literatura brasileira em Lisboa. Mais tarde se estabeleceu em Roma, onde lecionou Literatura Brasileira.
Faleceu, em Estoril, Portugal, no dia 13 de agosto de 1975.