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Mística e música abrem o ano no Instituto Humanitas Unisinos – IHU. Em seu primeiro evento neste ano, o IHU apresentará duas audições comentadas, em preparação para a Páscoa.

A atividade contará com a presença da Profa. Dra. Yara Borges Caznok, nos dias 10 e 11 de março, às 17h30min e às 9h, respectivamente.

As apresentações ocorrem na Sala Ignacio Ellacuría e Companheiros, no IHU.

Na oportunidade, a professora apresentará a Magnificat em Ré Maior, de Johann Sebastian Bach, e a Missa Papae Marcelli (Missa do Papa Marcelo), de Giovanni Pierluigi da Palestrina. Duas obras vistas como transcendentes e como expressões do sagrado.

Composições

Magnificat em Ré Maior é considerada a mais importante composição vocal de Bach.

Sua letra representa o cântico da Virgem Maria, do mesmo modo em que aparece retratado no Evangelho de Lucas. A obra é dividida em 12 partes, que podem ser agrupadas em três movimentos; cada um começa com uma ária e é concluído pelo coro que desenvolve um tema em forma de fuga. Sua execução dura aproximadamente trinta minutos.

Missa Papae Marcelli é uma composição em homenagem ao Papa Marcelo, que ficou no papado somente por três semanas. A Missa renascentista é uma das mais executadas em Roma e foi usualmente apresentada em todas as missas de posses papais até a de Paulo VI, em 1963.

É uma missa polifônica para seis vozes, divida em três partes e com estilo declamatório.

É, também, uma das missas mais apresentadas aos alunos de música.

As duas obras são consideradas notáveis pelos especialistas, tanto pelo prestígio dos compositores, quanto por seus dotes místicos, que transcendem até a atualidade. Além disso, as composições evidenciam, através dos seus movimentos, sua relação com o tempo de Páscoa.

Os compositores

Johann Sebastian Bach (1685 – 1750): Um dos mais famosos compositores alemães. Além disso, foi professor, maestro, cantor e tocava vários instrumentos. É visto por muitos como um gênio capaz de traduzir os mistérios divinos em suas cantatas.

Giovanni Pierluigi da Palestrina (1525 – 1594): Nascido em Palestrina, região de Roma, foi referência nas composições sacras da Igreja e um dos mais conhecidos compositores do século XVI. Eleito pelo Papa Júlio III como cantor da Capela Sistina, Palestrina é conhecido como “o Príncipe da Música”, e suas obras são identificadas como a “perfeição absoluta” do gênero eclesiástico.


Quem é Yara Borges Caznok

A professora Yara, como gosta de ser chamada, leciona na Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho, no Departamento de Artes. É graduada em Letras Franco-Portuguesas pela Fundação Faculdade Estadual de Filosofia, Ciências e Letras de Cornélio Procópio – FAFICOP, e em Música pela Faculdade Paulista de Arte – FPA. Especialista em Educação pela Universidade de São Paulo – USP, cursou mestrado em Psicologia da Educação na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo – PUC-SP e doutorado em Psicologia Social pela USP com a tese Música: entre o audível e o visível (São Paulo: Edunesp, 2004). É autora, entre outros, de Ouvir Wagner – Ecos nietzschianos (São Paulo: Editora Musa, 2000) e O desafio musical (São Paulo: Irmãos Vitale, 2004).

Serviço

As atividades integram o evento O cuidado de nossa Casa Comum, que é o tema central da 13ª edição da programação de Páscoa do IHU. Este ano as ações estão voltadas para uma abordagem transdisciplinar sobre a atual crise ambiental, ecologia integral e teologia da criação.

As inscrições são gratuitas e as palestras ocorrem até 03 de maio de 2016. Confira a programação completa aqui.

Créditos das imagens: Amanda Cass – www.esfmp.pt; Wikipédia; italianrenaissance1.wikispaces.com; e Ricardo Machado/IHU, respectivamente. 

Por Cristina Guerini

Para ler mais: 

Desde o encontro de Jerusalém com o Patriarca de Constantinopla, Bartolomeu, em maio de 2014, Bergolio anunciou uma celebração conjunta entre católicos e ortodoxos do Concílio de Niceia de 325, que 17 séculos atrás expressou a formulação original do credo. Em 1054, oficializa-se o rompimento cismático entre a Igreja Católica de Roma e a Igreja Ortodoxa em Constantinopla. A excomunhão mutua foi motivada por questões politicas-teológicas.

O caminho de aproximação iniciou-se com a Bula de União, no Concílio de Ferrara-Florença (1439), sem muitos resultados reais. Desde o pontificado de João XXII cresce o desejo de proximidade, superar os percalços da historia e inaugurar um novo caminho na reconciliação. Paulo VI com o abraço no Patriarca de Constantinopla visibiliza esse desejo.

O Patriarcado de Moscou permanecia inalcançável. No ano 2000, sob o pontificado de Joao Paulo II, um encontro foi programado, mas não aconteceu. Bento XVI dá continuidade no empenho de um real encontro, mas sem reciprocidade da parte do Patriarcado de Moscou. Francisco insiste no empenho, esperando uma resposta recíproca: “nos veremos quando você quiser, onde quiser, como quiser”.

No dia 12 de fevereiro de 2016, na cidade de Havana, Cuba, acontecerá um momento significativo na história do Cristianismo. Antes de se dirigir a Cidade do México, Papa Francisco, se encontrará com Patriarca Kirill, do Patriarcado de Moscou e de toda a Rússia. Haverá uma conversa pessoal no Aeroporto Internacional José Martí, de Havana, e se encerrará com a assinatura de uma declaração comum. É um encontro histórico: “É importante, acima de tudo, porque é histórico. É a primeira vez que acontece depois de séculos de incompreensões, de lutas, de sangue”, diz Enzo Bianchi, prior da Comunidade de Bose.

O encontro é fruto do ecumenismo concreto de Francisco que se alimenta, sim, de profundidade evangélica, mas que não usa a confiança ao Espírito como álibi para não dar um passo, aqui, na terra. É uma abertura ecumênica que ressonância não apenas nas relações entre católicos e ortodoxos, mas também para o diálogo interno entre ortodoxos condicionado pela sua complexa história.

Na palavra cisma, encontra-se o significado de “dividir os lados”, um dividir que distancia na condenação e excomunhão mútua.

Já na atitude de Francisco e Kirill podemos recorrer a palavra téssera, que “divide os lados” num comprometimento mútuo. É o comprometimento de uma disposição dialgica. É a troca do documento de acusação pela téssera de hospitalidade, onde o partir das partes, não é para romper, mas para com-dividir responsabilidades no cuidado mútuo.

Por Jéferson Ferreira Rodrigues

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Neste espaço se entrelaçam poesia e mística. Através de orações de mestres espirituais de diferentes religiões, mergulhamos no Mistério que é a absoluta transcendência e a absoluta proximidade. Este serviço é uma iniciativa feita em parceria com o Prof. Dr. Faustino Teixeira, teólogo, professor e pesquisador do PPG em Ciências da Religião da Universidade Federal de Juiz de Fora com Paulo Sérgio Talarico, artista plástico de Juiz de Fora.

A comoção divina

O Deus de que vos falo
Não é um Deus de afagos.
É mudo. Está só. E sabe
Da grandeza do homem
(Da vileza também)
E no tempo contempla
O ser que assim se fez.

É difícil ser Deus.
As coisas O comovem.
Mas não da comoção
Que vos é familiar:
Essa que vos inunda os olhos
Quando o canto da infância
Se refaz.

A comoção divina
Não tem nome.
O nascimento, a morte
O martírio do herói
Vossas crianças claras
Sob a laje,
Vossas mães
No vazio das horas.

E podereis amá-Lo
Se eu vos disser serena
Sem cuidados,
Que a comoção divina
Contemplando se faz?

(Fonte: Hilda Hilst. Exercícios. São Paulo: Globo, 2013, p. 51-52)

Hilda de Almeida Prado Hilst (1930 – 2004): Foi poeta, escritora e dramaturga brasileira.  Seu primeiro livro de poesias, “Presságio, foi publicado em 1950. Formou-se em direito e escreveu por quase cinquenta anos, tendo sido agraciada com os mais importantes prêmios literários do Brasil, entre eles, o Prêmio Jabuti de melhor conto, em 1993, pela obra Rútilo Nada.  Conhecida por sua forte personalidade, Hilda Hilst transportava seus leitores para uma análise filosófica acerca da busca, da morte, do amor e do horror. Ainda,  seus trabalhos foram traduzidos em vários idiomas.

Neste espaço se entrelaçam poesia e mística. Através de orações de mestres espirituais de diferentes religiões, mergulhamos no Mistério que é a absoluta transcendência e a absoluta proximidade. Este serviço é uma iniciativa feita em parceria com o Prof. Dr. Faustino Teixeira,   teólogo, professor e pesquisador do PPG em Ciências da Religião da Universidade Federal de Juiz de Fora.
com Paulo Sérgio Talarico, artista plástico de Juiz de Fora.

Louvar
me dá licença de cantar
também de agradecer
coragem pra querer
um verso pra louvar
louvar a gente do lugar
louvar quem vai nascer
quem vai permanecer
também quem vai passar
e louva a deus
que vou louvar
o dia matinal
a fruta no pomar
a roupa no varal
louvar a chuva de criar
a água de beber
o tempo de viver
a casa de morar
bem-vinda minha senhora
bendita nossa senhora
bem-vinda minha senhora
bendita

Cacaso

Fonte: CD NáZé – Circus Produções, 2015

 

Antônio Carlos de Brito, conhecido como Cacaso (Uberaba, 13 de março de 1944 – Rio de Janeiro, 27 de dezembro de 1987) foi um professor universitário, letrista e poeta brasileiro.

Estudou Filosofia no Rio de Janeiro e, nas décadas de 1960 e 1970, lecionou Teoria da Literatura e Literatura Brasileira na PUC-RJ. Foi colaborador regular de revistas e jornais, como Opinião e Movimento.

Como poeta estreou em 1967, com o livro A palavra cerzida, que foi recebida com entusiasmo por José Guilherme Merquior, por representar junto de Francisco Alvim a primeira geração “pós-vanguarda”. Em 1974, lança Grupo Escolar, pela coleção Frenesi, composta também dos livros Passatempo, de Chico Alvim, Corações veteranos, de Roberto Schwarz, Em busca do sete-estrelo, de Geraldo Carneiro, e Motor, de João Carlos Pádua.

Cacaso une-se então a outros poetas, como Eudoro Augusto, Carlos Saldanha e Chacal (Ricardo de Carvalho Duarte), formando a coleção Vida de Artista, pela qual lançou Segunda classe (em parceria com Luiz Olavo Fontes) e Beijo na boca, ambos em 1975. Depois vieram Na corda bamba (1978), Mar de mineiro (1982) e Beijo na boca e outros poemas (1985), que reunia uma antologia poética da obra do autor.

Seus livros não só o revelaram uma das mais combativas e criativas vozes daqueles anos de ditadura e desbunde, como ajudaram a dar visibilidade e respeitabilidade ao fenômeno da “poesia marginal“, em que militavam, direta ou indiretamente, amigos como Francisco Alvim, Helena Buarque de Hollanda, Ana Cristina Cezar, Charles, Chacal, Geraldinho Carneiro, Zuca Sardhan e outros. (cfr. http://www.letras.com.br/#)

Por ocasião do II Colóquio Internacional IHU – O Concílio Vaticano II: 50 anos depois. A Igreja no contexto das transformações tecnocientíficas e socioculturais da contemporaneidade, reunimos uma série de edições de Cadernos Teologia Pública que versam sobre o tema do evento.

(Para acessar ao Caderno na sua versão em PDF basta acessar ao link em cada título).

José Oscar Beozzo, Centro Ecumênico de Serviços à Evangelização e Educação Popular – CESEP

Resumo: Desde o primeiro contato com os povos do Caribe e da América, os europeus que aqui chegaram foram assaltados por 93 capaperguntas de caráter antropológico, político, social, religioso e, finalmente, teológico: “São eles humanos? Possuem uma religião? Qual o seu Deus?” As respostas podiam refletir profunda ignorância ou simplória convicção. Bem depressa, porém, perplexidades, impasses, resistências e confrontos trouxeram à tona a complexa realidade desse choque entre povos, culturas e religiões e as questões pastorais e teológicas ali imbricadas e que, até hoje, pesam na consciência e no caminhar do cristianismo latino-americano. Tomar, pois, a totalidade da realidade como sinal dos tempos e voz de Deus na história; situar a reflexão teológica na intersecção da fé com a esfera econômica, política, social; ler a realidade a partir dos últimos, dos mais pobres e excluídos, aos quais se revela o Deus da Vida, como a seus prediletos; abraçar sua causa e seus sonhos; e empenhar-se pela transformação da injusta realidade como parte essencial do seguimento de Jesus Cristo são alguns dos elementos que configuram o que se convencionou chamar de teologia da libertação.

Palavras-chave: Teologia da Libertação, América Latina, Cultura e Religião.

John O’Malley, Georgetown University

Resumo: A situação atual oferece, para nós que estudamos o Concílio, um ensejo para dar um passo atrás e examiná-lo atentamente. Ao invés de refletir sobre cada um dos dezesseis documentos finais, como se faz habitualmente, sem levar em conta sua unidade de conjunto, podemos tomar fôlego e examiná-los como um corpus único e coerente, com uma mesma proposta no que se refere aos objetivos e aos valores cristãos fundamentais. Enquanto revisitamos o Concílio nessa perspectiva, tomaremos em consideração o evento da eleição de Jorge Mario Bergoglio, como Papa Francisco, ocorrido no dia 13 de março de 2013.

Palavras-chave: Concílio Vaticano II, Papa Francisco, conjuntura.

Massimo Faggioli, University of St. Thomas

Resumo: Gaudium et Spes, um documento que ficou quase “esquecido” durante o pontificado de Bento XVI, é um dos documentos conciliares mais frequentemente citados pelo Papa Francisco. Não há muita dúvida de que a constituição pastoral é o documento-chave do Vaticano II para orientar nossa compreensão do Papa Francisco e sua relação tanto com o próprio Concílio quanto com o período pós-conciliar. Então, qual é o sentido dessa inversão, desse retorno da constituição pastoral do Vaticano II? Qual é o sentido de Gaudium et Spes para os teólogos e fiéis da “Igreja no mundo moderno” de hoje em dia, em um mundo que é significativamente diferente do mundo de 1965?

Palavras-chave: Gaudium et Spes, Concílio Vaticano II, Papa Francisco.

João Batista Libânio, SJ.

Resumo: O Concílio Vaticano II encerrou a longa etapa da Contra-Reforma e da neocristandade, modificando profundamente o clima da Igreja. A sua contextualização implica vários passos, entre os quais destacam-se neste artigo: alguns traços da Igreja da Contra-Reforma; realidades socioculturais que provocaram a crise desse modelo; a crise dentro da Igreja, provocada pela entrada da modernidade; fatores imediatos que decidiram sobre a convocação e a orientação do Concílio nos seus inícios.

Palavras-chave: Concílio Vaticano II, História da Igreja.

Sinivaldo S. Tavares, OFM, Instituto Teológico Franciscano – ITF, de Petrópolis, RJ.

Resumo: Com o presente artigo, busca-se indagar as eventuais afinidades entre Dei Verbum e Gaudium et Spes. O fato de terem sido as duas últimas Constituições aprovadas em sede conciliar, por si só, constitui algo extremamente significativo. O processo de composição de uma e de outra recobre o inteiro arco da realização do Concílio. Sorveram, mais que os demais textos conciliares, a seiva daquele espírito de aggiornamento que andou caracterizando o Vaticano II e, por esta razão, são documentos que recolheram os melhores frutos produzidos durante aquela fecunda estação.

Palavras-chave: Concílio Vaticano II, Gaudium et Spes, Dei Verbum.

José Maria Vigil, Associação Ecumênica de Teólogos/as do Terceiro Mundo (ASETT/EATWOT)

Resumo: Hoje, torna-se curioso, quase nostálgico, recordar que, na hora de caracterizar “o mundo atual”, naquele distante 1965, um traço que a Gaudium et Spes destacava como surpreendente e inovador era ser uma época de mudanças e de mudanças aceleradas. “Já quase não é possível ao ser humano de hoje dar prosseguimento a essa história tão movimentada, nesta época de mudanças aceleradas”, dizia. E certamente aquele Concílio, por sua vez, introduziu na Igreja uma época acelerada de mudanças religiosas e pastorais.

Christoph Theobald, Faculdade de Teologia de Centre-Sèvres, Paris, França.

Resumo: A imagem do “gancho”, usada por Karl Rahner, nos permite compreender o desafio atual da recepção do Concílio Vaticano II. Em 27 de fevereiro de 1964 ele escreveu para Herbert Vorgrimler: “Voltei ontem de Roma, cansado. Mas lá sempre podemos nos esforçar para evitar o pior e para que, aqui e ali, um pequeno gancho seja suspenso nos esquemas para uma teologia futura”. “Aqui e ali, um pequeno gancho”, eis o potencial de futuro dos documentos conciliares; este potencial, hoje, só pode ser distinguido no diálogo com o nosso próprio diagnóstico do momento presente.

Victor Codina, Universidade Católica de Cochabamba

Resumo: O artigo é motivado pela preocupação de recuperar o significado do Concílio Vaticano II para que sua mensagem seja uma boa notícia para o mundo de hoje. O significado desse evento eclesial é evidenciado, incialmente, mediante uma contextualização da época pré-conciliar (liturgia, movimentos bíblico, patrístico, litúrgico, ecumênico, pastoral; nova 081 capasensibilidade social; figuras teológicas mais relevantes daquele momento) enquanto terreno fértil do Concílio e culmina numa. Num segundo momento, o artigo apresenta o Concílio enquanto tal, apresentando a figura de João XXIII e sua convocação para um aggiornamento da Igreja, uma visão sumária de algumas chaves de leitura do Vaticano II e a síntese final de Paulo VI, caracterizada como “uma espiritualidade samaritana”. Num terceiro momento, após um testemunho de vivências pessoais do Concílio, é feito uma exposição a respeito do pós-concílio, que abrange desde a “primavera eclesial” dos primeiros anos até o mal-estar dos últimos. O artigo conclui articulando a ideia de caos e kairós como expressão das possibilidades da ação do Espírito para o tempo de crise da Igreja nos últimos anos.

Palavras-chave: Concílio Vaticano II, Igreja, pós-concílio, João XXIII, Paulo VI.

Peter C. Phan, Georgetown University

Resumo: Este ensaio apresenta um levantamento da teologia e da prática do diálogo inter-religioso na Igreja Católica Romana desde o término do Concílio Vaticano II em 1965. Estruturado em torno às perguntas “De onde viemos?”, “Onde estamos atualmente?” e “Para onde vamos?”, o texto parte de uma exposição sobre o olhar da Igreja Católica sobre as outras religiões antes da década de 1960, apresenta os acontecimentos mais notáveis nas relações da Igreja Católica com as outras religiões e as mudanças mais significativas na teologia das religiões dos últimos 50 anos, culminando numa indicação de direções e trajetórias para o diálogo inter-religioso nas primeiras décadas deste terceiro milênio cristão.

Palavras-chave: Igreja, Concílio Vaticano II, Dialogo inter-religioso, Religiões.

John W. O’Malley, Georgetown University.

Resumo: “A palavra “humanismo” aparece três vezes nos documentos do Vaticano II, uma vez em sentido positivo e duas em sentido negativo. Portanto, esse termo é ambivalente e pode ter acepções incompatíveis com o catolicismo. Entretanto, se for entendido de maneira apropriada, ele é eminentemente compatível e um termo apropriado para indicar o ideal que o concílio propôs. Entendo que “humanismo”, aplicado ao concílio, indica uma ênfase na dignidade da pessoa humana como ser criado por Deus e redimido por Cristo, uma pessoa que, além disso, age a partir de convicção interior e passa sua vida em interação positiva com outros seres humanos. Minha outra tese é que essa ênfase humanística foi possibilitada porque o Vaticano II adotou uma certa forma de discurso, um certo estilo de falar que era radicalmente diferente do estilo de concílios anteriores. Sustento, portanto, que um aspecto indispensável da hermenêutica do Vaticano II consiste em uma grande atenção ao estilo retórico do concílio e que, se prestarmos atenção a esse estilo, perceberemos por que surgiu a ênfase na dignidade humana e na interação humana.”

Palavras-chave: espiritualidade, humanismo, Concílio Vaticano II.