A situação indígena é inconstante. “Às vezes piora, às vezes melhora, mas isso não significa nenhuma tendência nem de melhorar, nem de piorar. A cada ano voltamos a falar dos mesmos problemas”, diz Lucia Helena Rangel, doutora e professora de antropologia, em entrevista publicada semana passada na IHU On-Line.
A entrevista que teve muitos acessos na página do IHU no Facebook traz inúmeras denúncias do descaso do país com os seus nativos, incluindo a questão do preconceito. Ela diz: “Outros dizem que alguns índios não são mais índios, porque têm cabelo crespo, moram na cidade, são ‘misturados’, quer dizer, eles têm menos direitos do que os outros. Num país mestiço como o nosso, onde todo mundo é misturado, os índios não podem ser misturados. Uma hora ele é índio demais e atrapalha, outra hora ele é índio de menos e não tem direitos. Então, o índio nunca tem um lugar”.
Sobre o estatuto que deveria dar direitos aos indígenas, Lucia comenta que ele necessita de uma renovação urgente, pois o atual foi elaborado durante a ditadura militar, com princípios que hoje não fazem mais sentido. A questão é que há uma proposta de um novo Estatuto do Índio, mas que nunca é votada na Câmara Federal. ”O novo texto nunca foi votado, porque primeiro os deputados querem votar a Lei da Mineração, a mudança do Código Florestal, para tirar os direitos indígenas, e depois fazer o Estatuto do Índio. Mas como as mudanças sempre esbarram no princípio constitucional, há outro movimento no âmbito do Legislativo, para modificar o princípio constitucional. Não há meio das nossas elites reconhecerem os direitos indígenas e, assim, começam a inventar coisas”, diz a antropóloga.
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Por Natália Scholz
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