Arquivos da categoria ‘Economia’

“O mundo capitalista de hoje é uma hegemonia das finanças, ou seja, o mundo é evidentemente financeiro.” Com essa análise, Enéas Costa de Souza inicia a sua palestra sobre “Revoluções tecnológicas e economia: a insustentável leveza do capital financeiro”. Temos uma dinâmica financeira que atravessa a área tecnológica, pois vivemos num mundo que está passando de uma revolução industrial para uma revolução tecnológica. Dentro desta revolução há o capital financeiro que se divide em duas esferas, a financeira propriamente dita e a atividade produtiva. “O capital é multifuncional, passa pelas finanças, pela produção, pelo comércio e pelos serviços que também fazem parte da dimensão financeira do capital. Sendo assim, o capital financeiro é um movimento que atua sobre a macroeconomia em todas as dimensões, sendo instável e, ao mesmo tempo, instantâneo”, aponta o economista.

No .capitalismo contemporâneo o capitalista está fora da empresa, ou seja, as empresas efetivas são empresas de ações. “É importante ver que existe uma separação entre o capitalista proprietário e o capitalista em funções. Com o passar do tempo, o capitalista proprietário saiu da empresa. O capitalista em funções de hoje é o executivo e a empresa está financeirizada. Com isso, o capitalismo está dentro da empresa”, explica.
.
A sustentável leveza do capital financeiro é explicada com a seguinte teoria: “Quando a demanda do mercado aumenta, o preço sobe e isso faz com que as empresas produzam mais. Assim, o preço para de subir e começa a descer. Porém, no mercado financeiro, quanto mais sobe uma ação, mais é ofertado o produto, pois mais pessoas o procuram para comprar”. Segundo o crítico de cinema, a economia é financeira, pois o capital financeiro atua sobre todas as ações. Assim, também há a governança corporativa, a forma de financeirizar a empresa. Em sua opinião, “o Estado é um ente financeiro também, porque ele fornece a moeda”. A função mais importante da moeda é a reserva de valor, que ocorre quando ganhamos dinheiro a mais e o guardamos. “A moeda é construída pela taxa de juros e por títulos públicos. É o representante que me permite fazer a troca”, explica Souza.
.
Para ele, o capital financeiro é insustentável porque está sempre em movimento. O homem tem a capacidade de mudar e a tecnologia também passa por transformações. “O que significam essas mudanças tecnológicas?”, questiona. Há uma arquitetura econômica que define quem vai liderar a economia através de uma transformação tecnológica. Com isso, “há duas economias, uma que está descendo e outra que está subindo, isso é a arquitetura econômica”. Enéas de Souza explica ainda que “a mudança da tecnologia faz com que a infraestrutura mude. Nós temos um capitalismo e ele é triunfante quando tem o poder do Estado apoiando. Houve uma transformação profunda no capitalismo, seja no nível macroeconômico, no microeconômico (através das estruturas empresariais ou corporativas) e no nível do Estado (moeda)”.
.
Quando questionado sobre as crises no capitalismo, respondeu que “a crise faz parte da competição do capitalismo, pois ela ocorre quando não é possível transformar o mercado em dinheiro”. “O mundo financeiro é altamente instável, incerto, volátil, volúvel e, ao mesmo tempo, fascinante. Estamos vivendo numa era de condições políticas, econômicas, hierarquias sociais e culturais. A forma de respondermos ao mundo financeiro é termos capacidade cultural de entender o  que está acontecendo”, finalizou Enéas Costa de Souza, que esteve presente no último IHU ideias, dia 11 de abril.
.
Por Luana Taís Nyland

“É a dinâmica do capital que comanda as empresas – e não as empresas que comandam o movimento da economia. Claro que só se pode fazer o desenvolvimento do capital onde existem condições para isso, incluindo-se políticas econômicas adequadas”, escreve Enéas Costa de Souza, em entrevista concedida à IHU On-Line.
.
Ele reitera que “é preciso entender que a valorização do capital não é apenas a sua internacionalização nem multinacionalização, mas a sua mundialização. E a forma que vai tomar essa mundialização depende da disputa acirrada dos capitais e dos países. Aqui a economia política revela o entrelaçamento entre a geoeconomia e a geopolítica”.
.
Para fomentar o debate sobre capital financeiro e tecnologia, o economista estará presente hoje, às 17h30min, no IHU ideias, Sala Ignacio Ellacuría e Companheiros, no IHU. Segundo ele, “toda a economia capitalista, hoje, é financeira”.
.
O Prof. MS Enéas Costa de Souza (Fundação de Economia e Estatística – FEE) é economista, ex-secretário de estado de Ciência e Tecnologia, psicanalista e estudioso de questões brasileiras. Sua palestra é intitulada de “Revoluções Tecnológicas e Economia: a insustentável leveza do capital financeiro”.
.
Para mais informações, acesse a agenda.
.
Por Luana Taís Nyland
.
Para ler mais:

Aris Hatzistefanou e Katerina Kitidi, jornalistas e realizadores, juntaram-se a Leonidas Vatikiotis, jornalista e economista especializado em crises econômicas, e montaram uma campanha de recolha de donativos nas redes sociais para recolherem dinheiro suficiente para produzir “Debtocracy”.
.
Este filme tem 74 minutos e apresenta uma explicação detalhada sobre as causas da crise financeira que a Grécia atravessa neste momento, relacionando-a com toda a complexa situação mundial e apontando soluções possíveis para uma saída.
.
A premissa é a de que se a democracia é feita para servir os cidadãos, o sistema, em vigor na Grécia, funciona para servir a dívida. “Dividocracia” explora uma teoria, segundo a qual, a dívida contraída pela Grécia pode ser considerada ilegal.
.
Para debater o documentário do Ciclo de Filmes e Debates: Crise do Capitalismo no Cinema, o Prof. Dr. Bruno Lima Rocha – Unisinos e Anderson D. G. dos Santos – Mestrando em Comunicação da Unisinos estarão no IHU dia 30 de outubro, das 19h30min às 22h15min, na Sala Ignacio Ellacuría e Companheiros. O evento é gratuito.
.
Para compreender melhor o tema, confira a primeira parte do documentário no vídeo abaixo.
.
[youtube]DXuBYn9Vccw[/youtube]

Margin Call – O Dia Antes do Fim” (EUA, 109min, 2011), dirigido pelo estreante J. C. Chandor e com participação de atores de peso, como Paul Bettany, Stanley Tucci e Demi Moore,  é uma boa obra para quem quer entender como funcionou a economia americana horas antes do colapso.
.
“O filme deixa muito evidente a completa falta de ética dos agentes econômicos e a crise do sistema financeiro baseado nos derivativos, mas mostra também uma crise de valores”, explica o Prof. Ms. Gilberto A. FaggionIHU – Unisinos, que irá debater a obra com Anderson D. G. dos Santos – Mestrando em Comunicação da Unisinos.
.
A cobiça e o consumismo ilude as pessoas de tal maneira que o dinheiro entra no lugar da convivência humana e se torna mais importante, mas Faggion questiona: “Em que estado nós, humanos, podemos chegar colocando o dinheiro em primeiro lugar?”.
.
O filme também apresenta a completa falta de regulamentação governamental que estabeleça limites para as transações financeiras. “Margin Call” foi exibido no primeiro ciclo e será debatido novamente na segunda edição do Ciclo de Filmes e Debates: Crise do Capitalismo no Cinema, no dia 18 de setembro, às 19h30min, na Sala Ignacio Ellacuría e Companheiros, no IHU. Para mais informações, acesse a agenda do evento.
.
Confira o trailer do filme:
.
[youtube]Li8DEWyIBTs[/youtube]
.
Por Luana Taís Nyland

O livro “A Doutrina do Choque – A Ascensão do Capitalismo do Desastre“, de Naomi Klein, mostrou uma proposta de privatização que seria não uma solução emergencial, mas uma reforma permanente. No livro a ideia deu certo. Segundo Naomi, a doutrina do choque como todas as doutrinas é uma filosofia de poder. É uma filosofia sobre como conseguir seus próprios objetivos políticos e econômicos.
.
Baseado neste livro, o britânico Michael Winterbottom (“O Caminho para Guantánamo”) e Mat Whitecross dirigiram o documentário “A Doutrina do Choque” que foi lançado em 2009. A obra trata de pregar resistência (à teoria da desregulação do mercado personificada pelo economista Milton Friedman) e ação popular que remodele a economia mundial.
.
Com numerosas imagens de arquivo, “A Doutrina do Choque” se propõe a traçar um painel da implementação das ideias de Friedman e seu grupo de colaboradores na universidade, os “meninos de Chicago”, em distintas partes do mundo, a começar pela América Latina.
.
A autora do livro participa do longa entrevistando pessoas e em extratos de palestras que profere, com a intenção por ela declarada de impedir que a “memória coletiva” se deixe tomar por uma enviesada versão da história do tempo corrente.
.
O filme será exibido, comentado e debatido com o Prof. Dr. Bruno Lima Rocha – Unisinos e Anderson D. G. dos Santos – Mestrando em Comunicação da Unisinos, amanhã (11/09), a partir das 19h30min, na Sala Ignacio Ellacuría e Companheiros, no IHU. O evento é gratuito.
.
Para conferir mais informações sobre o Ciclo de Filmes e Debates: Crise do Capitalismo no Cinema, acesse o sítio.
.
Por Luana Taís Nyland