Entre os anos 2006 e 2012, os pesquisadores Marcelo Medeiros, Pedro Ferreira de Souza e Fábio Avila de Castro, realizaram o estudo A estabilidade da desigualdade de renda no Brasil, 2006 a 2012: Estimativa com dados do imposto de renda e pesquisas domiciliares. A pesquisa pode possibilitar a comparação de dados entre a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) e do Imposto de Renda. A análise evidenciou que a desigualdade de renda no Brasil é 11% maior que os dados apresentados pelo PNAD.
A pesquisa relatou que a maior parte da riqueza do Brasil está concentrada em 10% da população. No entanto, o estudo também constata que grande parte desta parcela concentrada de cidadãos não é formada por milionários; são “pessoas comuns”, diz o estudo. Um dos autores da pesquisa, o economista Prof. Dr. Marcelo Medeiros, ministrará por webconferência a palestra Os ricos e a desigualdade de renda no Brasil, no IHU Ideias, que será realizado no dia 11 de novembro, às 17h30min, na Sala Ignacio Ellacuría e Companheiros, no IHU.
A palestra debaterá, principalmente, a desigualdade e a distribuição de renda no país. Em entrevista concedida à IHU On-Line, Medeiros explicou que para alguém estar inserido nessa pequena porcentagem, é preciso ganhar mais de 38 mil reais por ano: “Pode não parecer muito, mas é bem mais do que ganha a grande maioria da população brasileira. A metade mais pobre da população do Brasil não ganha mais do que 10 mil reais por ano”, enfatizou o economista.

Foto: Opera Mundi
A diferença entre os dados de desigualdade no Brasil fornecidos pelo PNAD e pelo Imposto de Renda, chamou a atenção do economista francês Thomas Piketty, autor do livro O Capital no Século XXI. Piketty ressaltou que o país precisa de uma “maior transparência sobre os dados de imposto de renda no Brasil para que, de fato, seja possível compreender a evolução da disparidade social”.
Mas, apesar dessa diferença, Medeiros defende o órgão e ressalta “A PNAD é uma pesquisa de excelente qualidade. Os Censos também. Em todo o mundo, pesquisas como a PNAD e os Censos têm dificuldades em captar adequadamente a renda das pessoas mais ricas. Dados do Imposto de Renda captam essas rendas de modo mais preciso. Eles (PNAD e Censos) continuarão sendo nossa principal fonte de informação social por muito tempo”.
Marcelo Medeiros é graduado em Economia pela Universidade de Brasília (UnB) e Mestre e Doutor em Sociologia pela mesma instituição. Atualmente realiza estudos sobre Desigualdade Social, é pesquisador do Ipea e professor da UnB.
Por Matheus Freitas
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