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Na manhã desta segunda-feira, 08-10-2012, ocorreu a conferência “A situação sociocultural, econômica e política do Continente no contexto mundial”, com o Prof. Dr. Pedro Ribeiro de Oliveira, da Pontifícia Universidade Católica de Minas – PUC-Minas, como parte da programação do Congresso Continental de Teologia.

O sociólogo apresentou um panorama da riqueza mundial em 2010, que totalizou em US$63 trilhões. “Se repartida entre 7 bilhões de pessoas, cada um teria US$ 9.000 por ano (equivalente a R$ 1.500 por mês). No Brasil, cada pessoa aqui residente teria pouco mais de US$10.000 por ano”, afirma Ribeiro.

Durante sua fala, apresentou pontos para um “outro mundo possível”. Entre eles: pensar a globalização no sentido inverso; outro paradigma de pensamento;  e redução geral de riquezas, modo de vida mais simples. Assim como, possibilidades para uma globalização solidária: salto do micro ao macro; moderna organização em rede; gestão dessa rede com modelo democrático; modo de produção e consumo voltado para o bem-estar de todos os seres vivos; e viver bem sem acumular mais riqueza. Comentando, também, que “desenvolvimento não implica crescimento”. “Pode parecer utopia, mas ou temos um pensamento em decrescimento agora ou vamos ter que enfrentar essa crise, como uma crise que vem de uma hora pra outra”, frisa Pedro Ribeiro.

Para Gilson Prudencio Junior, de Brasília, o que mais chamou sua atenção na fala do sociólogo foi a questão do capitalismo. “Todo o processo de como surgiu e a influência do capitalismo é muito interessante. Além disso, necessitamos ressaltar como a sociedade contemporânea pode reverter a situação atual. Entender o que a causou e como usar este capitalismo a favor da sociedade. Outro ponto que devemos pensar, é em como fazer para que as novas gerações não pagam por isso. Se possível, que nem nós mesmos paguemos”, relata.

Um grupo de irmãs argentinas destaca a economia verde. “Foi uma fala realista, apresentando práticas que não são impossíveis e levando em conta as possibilidades e os limites”, comenta Marcela Andrea Cuart.

Ribeiro concluiu sua palestra com a frase: “Podemos ser felizes em uma situação, não de miséria, mas numa pobreza. É possível ser feliz, sem ser rico”.

Por Mariana Staudt

Ontem à tarde, para tratar do tema “Um novo Congresso e um Congresso novo”, a Profa. Dra. Geraldina Céspedes – Escola Feminista de Teologia de Andalucía – EFETA iniciou a conferência, em torno das 17 horas, fazendo um panorama sobre a teologia, especialmente sobre a espiritualidade. “Devemos pensar a espiritualidade libertadora como um dos desafios que temos pela frente”, frisa Geraldina.
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“Eu acho que se nós quisermos continuar avançando, a teologia precisa renovar a sua identidade, a sua missão, para que serve a teologia?”, questiona, pedindo-nos uma reflexão: “Nas situações que vivemos temos que nos questionarmos e descobrirmos que ela serve para alguma coisa ou muitas coisas”. “Não podemos passar reto diante de tantas mudanças. A teologia também precisa provocar mudanças, tem que colocar algo à mesa para que se torne algo bom para viver”, declara.
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Geraldina Céspedes finaliza sua apresentação com uma proposta: “Juntos podemos vislumbrar esse novo tecido teológico para a América Latina. Que esse Congresso seja um passo importante dentro desse processo de mudanças”.
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Dr. Jon Sobrino, teólogo jesuíta, iniciou sua apresentação em torno das 19 horas, com a tentativa de fazer-se compreender as razões pelas quais a Teologia da Libertação, após os seus 40 anos, ainda é importante, visto que ela é tão criticada, perseguida, difamada pelos poderes do mundo, inclusive pela hierarquia da Igreja. “Eu estou aqui por todas essas urgências da Igreja”, declara.
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Ao contar sobre a sua vida e sobre a Teologia da Libertação, o teólogo frisou que “dos pobres vem a salvação”. “Há a ideia de que algo bom aconteceu com a Teologia da Libertação. Há algo absoluto que é Deus e há algo co-absoluto que é o pobre”, finaliza.
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Por Luana Taís Nyland

Entre os dias 02 e 05 de outubro ocorreu o XIII Simpósio Internacional IHU – Igreja, Cultura e Sociedade para tratar de temas relacionados à semântica do Mistério da Igreja no contexto das novas gramáticas da civilização tecnocientífica. Estiveram presentes nomes como Marcelo Gleiser, Massimo Pampaloni, Paul Valadier, Antônio Spadaro, Mário de França, Christoph Theobald e Peter C. Phan. Temáticas como “Teologia x Ciência”, “o Mistério no cinema” e “o Concílio Vaticano II” foram apresentadas e debatidas entre os palestrantes e participantes do evento.
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Para Agnaldo Barbosa Duarte, padre jesuíta de Teresina/PI, a experiência de participar do evento foi muito boa. Ele trabalha com a Pastoral de uma escola e disse que o Simpósio o ajudou a perceber novas linguagens de como trabalhar relacionando teologia e ciência. Ele acredita que é possível relacionar e que é importante se aprofundar nesse discurso. Duarte ainda declarou que as questões foram relevantes e despertaram o desejo de pesquisar mais.
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“Acho que o Simpósio foi uma atualidade no campo teológico, principalmente a capacidade de discutir a relação entre ciência e teologia, e abre espaço para dialogar mais profundamente, principalmente porque a teologia enfrenta muitos conflitos sobre algumas questões que parecem fechadas, mas não estão. As questões discutidas são bastante delicadas, em destaque a do pluralismo religioso, mas toda a temática trouxe grandes riquezas”, afirmou José Rocha Cavalcante Filho, teólogo, doutorando em Ciências da Religião na PUC/SP.
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Segundo Adilina Benetti, graduada em Ciências Sociais e Teologia, de Porto Alegre, o Simpósio veio confirmar um ponto fino e essencial de trabalhar e conquistar esse jeito de viver ecumênico, porque com essa cultura atual da sociedade, nós, como Igreja, ficamos fechados. Para Adilina, um ponto forte do evento foi a discussão teológica dentro da sociedade em evolução, pois a proposta formativa é diversificada e desafiadora. “Gostei muito das oficinas, pois foram bem diversificadas. Dou uma nota de muito bom para ótimo”, declara.
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Além de discutir propostas profundas sobre ciência e teologia, o Simpósio também foi capaz de produzir sensibilidade, visto que, ao ouvir algumas palestras, alguns participantes reacenderam sua vida espiritual.
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Apesar de o Simpósio ter sido encerrado na sexta-feira, 05-10-2012, hoje inicia mais um evento que procura buscar a espiritualidade e religiosidade. O Congresso Continental de Teologia visa refletir sobre os 50 anos da inauguração do Concílio Vaticano II, celebrada pelo papa João XXIII, e os 40 anos da publicação do livro Teologia da Libertação. Perspectivas, de Gustavo Gutiérrez, que inaugura a rica trajetória da teologia em nosso continente. Para conferir mais informações sobre o evento, acesse o sítio.
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Por Luana Taís Nyland

Um dos teólogos mais importantes do século XX, Gustavo Gutiérrez, veio para o Brasil em 1969, época em que o país vivia então as horas mais escuras da ditadura militar. Aqui encontrou estudantes, militantes da Ação Católica, padres cujo testemunho enriqueceriam a sua reflexão que desembocou na sua obra fundamental: Teologia da Libertação. Perspectiva.
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Gutiérrez situa a libertação em três níveis que se cruzam.  O nível econômico: é preciso combater as causas das situações injustas. O nível do ser humano: não basta mudar as estruturas, é preciso mudar o ser humano. O nível mais profundo, teologal: é preciso se libertar do pecado, que é a recusa de amar a Deus e ao próximo. Quanto à teologia, ela é o meio para fazer com que o compromisso com os pobres seja uma tarefa evangélica de libertação, uma resposta aos desafios que a pobreza coloca diante da linguagem sobre Deus.
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Essa teologia também se choca com oposições. As mais violentas vêm dos poderes econômicos, políticos e militares da América Latina, assim como nos EUA. Mas também vêm de católicos que a acusam de fazer referência, ao analisar certos aspectos da pobreza, à teoria da dependência, que usava noções provenientes da análise marxistas.
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O dominicano peruano que consagrou sua vida ao reencontro de Deus e dos pobres estará presente na Conferência do dia 09 de outubro, durante o Congresso Continental de Teologia, às 20 horas, e em seguida debaterá sobre “A Teologia Latino-Americana: Trajetória e Perspectivas“. Para mais informações sobre o evento, consulte o sítio do IHU.

No programa do Congresso Continental de Teologia haverá espaço para apresentação de trabalhos científicos, onde os participantes poderão apresentar seus trabalhos acadêmicos.
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A submissão dos resumos dos trabalhos já podem ser encaminhadas pelo sítio do evento.
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Os trabalhos devem ser enviados até o dia 31 de julho. Os autores dos trabalhos selecionados pelo Comitê de Avaliação serão informados até o dia 31 de agosto. Isso será feito via e-mail ou poderá ser acessado no site do evento.