Arquivos da categoria ‘Congresso de Teologia’

Desde o encontro de Jerusalém com o Patriarca de Constantinopla, Bartolomeu, em maio de 2014, Bergolio anunciou uma celebração conjunta entre católicos e ortodoxos do Concílio de Niceia de 325, que 17 séculos atrás expressou a formulação original do credo. Em 1054, oficializa-se o rompimento cismático entre a Igreja Católica de Roma e a Igreja Ortodoxa em Constantinopla. A excomunhão mutua foi motivada por questões politicas-teológicas.

O caminho de aproximação iniciou-se com a Bula de União, no Concílio de Ferrara-Florença (1439), sem muitos resultados reais. Desde o pontificado de João XXII cresce o desejo de proximidade, superar os percalços da historia e inaugurar um novo caminho na reconciliação. Paulo VI com o abraço no Patriarca de Constantinopla visibiliza esse desejo.

O Patriarcado de Moscou permanecia inalcançável. No ano 2000, sob o pontificado de Joao Paulo II, um encontro foi programado, mas não aconteceu. Bento XVI dá continuidade no empenho de um real encontro, mas sem reciprocidade da parte do Patriarcado de Moscou. Francisco insiste no empenho, esperando uma resposta recíproca: “nos veremos quando você quiser, onde quiser, como quiser”.

No dia 12 de fevereiro de 2016, na cidade de Havana, Cuba, acontecerá um momento significativo na história do Cristianismo. Antes de se dirigir a Cidade do México, Papa Francisco, se encontrará com Patriarca Kirill, do Patriarcado de Moscou e de toda a Rússia. Haverá uma conversa pessoal no Aeroporto Internacional José Martí, de Havana, e se encerrará com a assinatura de uma declaração comum. É um encontro histórico: “É importante, acima de tudo, porque é histórico. É a primeira vez que acontece depois de séculos de incompreensões, de lutas, de sangue”, diz Enzo Bianchi, prior da Comunidade de Bose.

O encontro é fruto do ecumenismo concreto de Francisco que se alimenta, sim, de profundidade evangélica, mas que não usa a confiança ao Espírito como álibi para não dar um passo, aqui, na terra. É uma abertura ecumênica que ressonância não apenas nas relações entre católicos e ortodoxos, mas também para o diálogo interno entre ortodoxos condicionado pela sua complexa história.

Na palavra cisma, encontra-se o significado de “dividir os lados”, um dividir que distancia na condenação e excomunhão mútua.

Já na atitude de Francisco e Kirill podemos recorrer a palavra téssera, que “divide os lados” num comprometimento mútuo. É o comprometimento de uma disposição dialgica. É a troca do documento de acusação pela téssera de hospitalidade, onde o partir das partes, não é para romper, mas para com-dividir responsabilidades no cuidado mútuo.

Por Jéferson Ferreira Rodrigues

Para ler mais…

“Um evento é sempre muito mais importante do que os textos produzidos durante ele. O encontro de pessoas, as conversas informais, a convivência, as celebrações e os debates… dificilmente podem ser traduzidos em textos. Por isso, entre ler um livro, resultado de um evento, e participar diretamente dele, o mais importante é sempre estar fisicamente presente”, escreve Agenor Brighenti, coordenador da Comissão Organizadora do Congresso Continental de Teologia, que se realizou na Unisinos entre os dias 7 e 11 de outubro de 2012.

Apesar de ideal, a presença física não é uma realidade para todos. Por isso, como maneira de transmitir as ideias abordadas durante os dias do congresso, já está disponível o livro que compila trabalhos científicos previamente selecionados pela comissão organizadora. Os artigos encontrados nessa publicação foram apresentados para os congressistas e estão divididos nos quatro eixos temáticos propostos: Novas interpelações e perguntas, Hermenêuticas cristãs, Práxis e mística, Perspectivas para a teologia.

O livro está dividido em dois volumes que estão disponíveis para download no sítio do Instituto Humanitas Unisinos – IHU. Confira!

Para ler mais:

Depois de cinco dias de intensa programação, o Congresso Continental de Teologia chegou ao seu final na última quinta-feira, 11-10-2012, com expectativas superadas. Além dos grandes nomes da teologia, que ministraram palestras, conferências e oficinas, a participação do público de vários países e culturas foi essencial.

Confira alguns depoimentos e opiniões de quem esteve no evento:

Por Mariana Staudt

As sementes do Congresso

Em 11 outubro, 2012 Comentar

Jude Jean-Louis elogiou a competência dos palestrantes

Já no penúltimo dia do Congresso Continental de Teologia, é possível notar na movimentação das pessoas e em rodas de conversa nos arredores do Anfiteatro Pe. Werner, que novas ideias estão sendo semeadas para cada um que está acompanhando as conferências e os paineis abertos do evento.

Mais uma vez foi ressaltada a importância dos debates que estão sendo feitos para que se obtenha uma melhor definição e aplicabilidade dos conceitos de pluralidade religiosa,  de comunicação plena entre essas vertentes e de preservação da natureza enquanto nosso lar.

Para que isso seja possível, o papel dos conferencistas e de suas ideias é fundamental. Essa importância  é reconhecida pelo público, pessoas como Jude Jean – Louis e Noeli Gomes mostram que o que está sendo exposto está sendo compreendido e debatido em tempo integral.

O haitiano disse que já tinha vindo ao Brasil em outras oportunidades e destacou a validade do que está acontecendo, “A profundidade desta reflexão renova a esperança e a opção pelos pobres”. Apontou também a preservação da natureza como ponto de partida para outras discussões, “Gostei do Prof. Boff ao dizer que a Terra não precisa da gente  mas nós dela. Muitos não têm essa visão lúcida de mundo”.

Noeli Gomes é anglicana e já participou de outros eventos de Teologia em diversas partes do país. Natural de Caldas Novas (GO) frisou que talvez o espaço para a Teologia feminista pudesse ser maior e falou da importância da preservação da natureza e dos recursos do planeta, “Estamos deixando um futuro diferente para os nossos netos e não digo isso no bom sentido. O cuidado com a vida do planeta é peça fundamental para a nossa sobrevivência ”.

Luciano Batista e Florice Alves tiveram suas expectativas alcançadas, “Eu realmente esperava que o Congresso fosse nesses tons que estão sendo apresentados”, diz o paraibano. Florice enfatiza, “Sou religiosa e pretendo levar tudo isso para o meu dia a dia”.

Por Wagner Altes

O Congresso Continental de Teologia está reunindo pessoas dos mais diversos lugares da América Latina e do mundo. Uns, buscado respostas para suas indagações sobre a Teologia da Libertação; outros, querendo ver de perto personalidades do mundo eclesiástico e acadêmico. Todos querendo vivenciar o evento e as trocas de experiência que ele proporciona.

Nos intervalos entre conferências, o saguão e a frente do auditório Padre Werner, na Unisinos, viram um ambiente de relacionamento, onde os participantes do Congresso trocam ideias sobre as conferências e também podem comprar livros.

Natural de Buenos Aires, Maria de las Mercedes Guerrero ressalta a importância do evento e de suas implicações futuras, “O Congresso é muito importante para que haja uma reflexão sobre a teologia em si. Espero que esta junção de pessoas tão importantes seja enfim o início de uma melhor construção e entendimento da Teologia da Libertação”.

Já o Teólogo Peter Phan fala da oportunidade de estar em um ambiente como esse, ” É ótimo para compartilharmos ideias sobre a Teologia. Estou muito feliz, pois estou convivendo com muitos daqueles que só tinha contato pelos livros”.

Kanan Kitani veio do Japão e aponta a relevância do evento, “Encontros assim são importantes para a rearticulação da Teologia”.

Por Wagner Altes