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“O filme O Sacrifício (Offret, Suécia, 1986) foi a última realização que o cineasta russo Andrei Arsensevich Tarkovski (1932-1986) ofereceu ao público antes de falecer aos 54 anos de idade, em dezembro de 1986. O filme conta a história de um eventual encontro em família para comemorar o aniversário de Alexander (Erland Josephson), professor universitário e ex-ator de teatro que vive sob a angústia que o afastou dos palcos. No encontro, todos são surpreendidos pelo anúncio na televisão acerca do lançamento de um míssil nuclear e a instrução de que todos se mantenham em suas casas até uma possível segunda ordem. A angústia de Alexander, que reúne filho, filha, esposa e amigos em sua casa, o oprime a ponto de dispor-se a um sacrifício a fim de salvar sua família e seus amigos”, escreve Joe Marçal Gonçalves dos Santos na 26ª edição do caderno Teologia Pública.

O comentário, disponível em pdf, analisa diversos pontos da obra de Tarkovski, como a maneira que a câmera se movimenta em cena e as funções dos personagens na narrativa.

Marçal Gonçalves continua: “Na opinião do diretor, ‘o filme é uma parábola’, passível a muitas interpretações, e que se propõe a discutir a humanidade e a cultura moderna em meio à década de 1980. Especulando sobre o tema da catástrofe nuclear, reúne suas críticas à civilização tecnológica, ao estilo de vida de sua cultura sob o real potencial de autodestruição do planeta pelo ser humano. O filme lança seu olhar, contudo, na direção não exatamente de uma resposta moral ou de uma ética geral; ao contrário, encarna-se no dilema pessoal do protagonista e sua atitude de auto-sacrifício cuja motivação essencial é o amor e mesmo a sua carência.”

O longa será exibido no primeiro dia (02-10-2012) do XIII Simpósio Internacional IHU, juntamente com o filme “Árvore da Vida”, de Terrence Mallick. As inscrições para o Simpósio estão disponíveis aqui.

Confira, também, a programação completa do evento.

A árvore da vida” aproxima o foco na relação entre pai e filho de uma família comum, e expande a ótica desta rica relação, ao longo dos séculos, desde o Big Bang até o fim dos tempos. A obra conta uma fabulosa viagem pela história da vida e seus mistérios, que culmina na busca pelo amor altruísta e o perdão. “Há quem diga que Malick é superestimado, quem considere A Árvore da Vida uma obra-prima e quem pensa que o diretor transcende o cinema, tornando-se um filósofo“, escreve Flavia Guerra.
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Para Carlos Helí de Almeida, Malick parece não ter feito grandes alterações no seu sistema de trabalho. Houve muita improvisação no set de “A Árvore da Vida”, espécie de ensaio poético e filosófico sobre as forças que regem a vida a partir do impacto da morte de um dos três filhos de um casal, nos anos 50.
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Considerado um dos melhores filmes de 2011, A árvore da vida causa impactos e opiniões divergentes nos espectadores mais críticos. James Martin, editor de cultura da revista dos jesuítas dos EUA, afirma que, essencialmente, o filme trabalha em (pelo menos) dois níveis: como uma história e como uma meditação. A história, contada elipticamente, é bastante simples. Como meditação, Malick se atreve a fazer grandes perguntas e a perguntá-las diretamente, sem rodeios, em narrações que tomam a forma de monólogos interiores. Ou, mais precisamente, tomam a forma de uma oração: muitas vezes vemos pessoas ajoelhadas.
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O filme será exibido durante o XIII Simpósio Internacional IHUIgreja, Cultura e Sociedade, no primeiro dia (02/10), às 09h30min, no Auditório Central da Unisinos, juntamente com o filme “O Sacrifício“, de Andrei Tarkovski. Confira a programação completa e mais informações sobre o evento no sítio.
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Confira o trailer do filme.
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Por Luana Taís Nyland
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Para ler mais:

Considerado até mais impactante que Uma Verdade Inconveniente, de Al Gore, o documentário Refugiados pelo Clima retrata o lado mais humano do problema ambiental que o mundo vem sofrendo. Dirigido por Michael Nash, o filme mostra como cerca de 25 milhões de pessoas já tiveram que se deslocar devido ao colapso de recursos naturais causado pelo desiquilíbrio ambiental.
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O deslocamento das pessoas por causa de desastres naturais não é mais uma previsão; é algo que está consolidado e já alcança um número maior que os refugiados econômicos ou por conflitos armados.
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“Os deslocamentos ambientais têm um caráter mais dramático do que as migrações econômicas. Em primeiro lugar, em muitos casos, os países que se veem diante desses problemas não são diretamente responsáveis pelas mudanças climáticas que induzem ao deslocamento populacional. Em segundo, ao contrário do que ocorre com os migrantes econômicos que partem em busca de uma vida melhor, os já quase refugiados ambientais não entendem o que acontece com eles e esperam sempre poder voltar às suas terras, o que é praticamente impossível”, diz o jornalista Eduardo Febbro em reportagem reproduzida no sítio do IHU.
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O documentário será visto e debatido amanhã (16) no Ciclo de Filmes e Debates: Sociedade Sustentável no Cinema, a partir das 8h30min na sala Ignacio Ellacuria e Companheiros, no Instituto Humanitas Unisinos – IHU.

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Em 2009, o francês Yann Arthus-Bertrand lançou mundialmente uma narrativa que trata do surgimento da vida no planeta Terra, há 3,5 Bilhões de anos atrás. No entanto, a reconstrução mais interessante do documentário é relativa às transformações que ocorrem nos últimos 200 mil anos, com as mudanças causadas pela humanidade que tem provocado um desequilíbrio em nosso planeta.
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Foto: Reprodução do filme

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O filme traz imagens aéreas, únicas, de mais de 50 países, partilhando esperanças e angustias que permitem uma viagem sensorial. É difícil imaginar como era o planeta antes do homem construir casas e prédios, mas com essa filmagem é possível descobrir o que havia de tão belo e, talvez, refletir sobre maneiras de frear essa evolução capitalista.
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Uma vez reconhecidas as mudanças que inevitavelmente ocorreram com a civilização humana no planeta, o mínimo que podemos fazer é uma reconstrução, tornando-nos mais conscientes e críticos da extensão da degradação da Terra. Por isso, eis o nome do filme “Home, Nosso Planeta, Nossa Casa“, para lembrarmos que nosso planeta é a nossa casa e devemos cuidá-lo para as gerações futuras.
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O filme será exibido no Instituto Humanitas Unisinos – IHU neste sábado (02/06), às 8h30min e debatido pela Profa. Dra. Marilene Maia – Unisinos, na Sala Ignacio Ellacuría e Companheiros, até às 11h30min.
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Confira o trailer do filme.
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O fenômeno das migrações lança para todos os países o desafio do acolhimento e da boa convivência entre as diferentes culturas. Quando uma pessoa deixa seu país para buscar novas condições de vida numa outra região, seja por diferentes razões, a experiência do desconhecido e do novo pode causar um grande drama pessoal e familiar. Muitas vezes, a experiência de sofrimento pessoal, daquele que está distante de sua terra natal, passa despercebido pelas diversas análises políticas e econômicas sobre a migração.

O que dizer então da situação do refugiado? De alguém que se vê forçado a fugir de seu país? Em A chave da casa, dirigido por Paschoal Samora e Stela Grisotti, evidencia-se justamente esse sofrimento psíquico dos refugiados, destacando-se a experiência de inserção de alguns palestinos no território brasileiro.

O documentário foi apresentado no último dia 19, dentro do Projeto Migrações Forçadas, organizado pelo Cepat–CJ-Cias, em parceria com o Instituto Humanitas Unisinos – IHU e o Serviço Pastoral dos Migrantes, com o apoio do SENGE-PR, com os comentários da advogada Nádia Pácher Floriani, integrante da Casa Latino-Americana (Casla), de Curitiba.

Floriani, que voluntariamente presta assessoria jurídica para migrantes e refugiados, iniciou o debate falando sobre a própria experiência de refúgio político que seus pais enfrentaram no passado. Sobre o documentário, ela destacou que o caso palestino é muito mais dramático, pois eles não têm o reconhecimento de seu Estado, apesar de cultivarem um forte sentimento patriótico. Ela alertou que a situação dos refugiados políticos ou por desastres ambientais é muito mais grave porque o retorno para os seus territórios não depende, simplesmente, das suas escolhas pessoais.

Dentro de sua experiência como defensora da causa dos migrantes, Floriani apontou que os governos e Estados são omissos quando é necessário resolver problemas relacionados aos migrantes pobres. “Há um desrespeito aos mais pobres”, disse, relembrando que num dos casos que acompanhou, em que alguns nigerianos chegaram ao Porto de Paranaguá escondidos dentro de um navio, ouviu um policial dizer que preferia lidar com criminosos do que com nigerianos.

Aludindo ao momento pelo qual o Brasil passa, em que há um aumento de estrangeiros chegando ao país, na esperança de uma vida melhor, Floriani ressaltou: “A lei deve acompanhar as transformações sociais. Ela não pode ser fria”. Talvez tenha sido exatamente esta a grande contribuição do documentário, ou seja, a de mostrar que o fenômeno das migrações não se resume a números, mas a dramas que envolvem vidas, histórias de diferenças entre pessoas. Não é possível frieza diante desse fenômeno, uma vez que, por mais diferentes que sejam as culturas ou os desafios econômicos de cada país, existe um laço que une a todos, ou seja, a condição de ser humano.

Para aprofundar o assunto, remetemos o leitor à Revista IHU On-Line n. 362, de 23-05-2011, cujo tema de capa é: Refugiados, uma diáspora em tempos globais.

Postado por Jonas Jorge da Silva.