Um filme forte que mostra uma realidade universal embora retrate uma comunidade vulnerável da periferia de Buenos Aires. Elefante Branco, do diretor Pablo Trapero, é intenso e leva quem o assiste a uma reflexão profunda sobre os desafios de toda grande megalópole e sobre os problemas que a rodeiam.
Após a segunda exibição de Elefante Branco, que aconteceu na última quinta-feira na sala Ignácio Ellacuría, foi aberto pela Dra. Susana Rocca um momento de debate sobre as impressões que o filme tinha deixado no público presente.
Nicolás (Jérémie Renier) é um pároco sobrevivente de uma chacina no interior da Amazônia. Ao ser transferido para o bairro periférico Vila Virgem, encontra um cenário conflituoso em volta de uma obra não-acabada e uma população que vive numa situação de miséria e violência. Com a ajuda do padre Julián (Ricardo Darín) e da Assistente social Luciana, tenta por conta própria mudar a realidade do local, já que o governo e a própria Igreja não tomam partido do que ocorre na vila.
“É possível ver a leitura da dualidade entre as causas pessoais versus causas coletivas”, aponta a Dra. Susana Rocca referindo-se a uma das tônicas do filme que é a questão da culpa que atormenta o personagem Nicolás durante boa parte do tempo.
O Profesor de Ciências Sociais Carlos Gadea, participante do evento, valorizou o ponto de vista do diretor, mostrando como as coisas acontecem em comunidades vulneráveis, “Quando o padre vai embora, se não há investimento da prefeitura ou do governo ou ainda, se a polícia invade o local em busca de drogas, Toda aquela união que se tem, vem abaixo. A união é muito frágil nessas comunidades”.
A dureza da fotografia do filme ajuda a construir a sensação quase de angústia em algumas cenas. A trilha sonora de abertura “Las cosas que no se tocan” é urbana, combinando bem com a temática de Elefante Branco.
Confira a música da banda argentina Intoxicados “Las cosas que no se tocan”.
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Por Wagner Altes