No jornalismo, tudo é imprevisível. Ao entrevistar a Irmã Ignez Wenzel sobre a situação de Altamira, a jornalista Patricia Fachin também precisou compreender as lágrimas de dor e lamentação da entrevistada ao expor sua convivência com o que ela mesma denominou de “ditadura da democracia”.
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“Estamos em uma ditadura democrática, porque não existe lei, não existe Constituição. O político nos domina e não temos ação contra ele. Os prefeitos são comprados com migalhas, os governadores também, porque todo mundo quer um pedacinho”, desabafa Ignez ao contar sobre as comunidades indígenas e a obra de Belo Monte.
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Há 35 anos, Ignez Wenzel deixou as atividades que desenvolvia no Colégio São João, em Porto Alegre, onde trabalhava junto aos lassalistas, para abraçar a causa dos colonos que migraram para o Pará em função da construção da Rodovia Transamazônica (BR-230). Em Medicilândia (PA) e Altamira (PA), iniciou os trabalhos pastorais, visitando mais de 80 comunidades, onde pôde observar de perto o abandono do Estado e os problemas sociais que se arrastam há anos na região. Atualmente, ela vive em Altamira (PA), e está engajada com o Movimento Xingu Vivo para Sempre na luta contra a construção da usina hidrelétrica de Belo Monte.
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Em janeiro, concedeu entrevista à IHU On-Line pela primeira vez. Desta vez, a Irmã contou sobre os protestos que ocorreram desde o início do ano, a preocupação com a população de Altamira, a exploração de ouro ocorrente na volta do Xingu, a desvalorização da pesca, entre outras informações.
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Penso que deve ser muito difícil lutar e não ver a causa ganha. É totalmente compreensível ver seu choro de tristeza. Por isso que continuamos divulgando a luta desse povo aos leitores e leitoras do IHU.
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Aguarde para ler os relatos da Irmã que convive diariamente com o stress causado na cidade que aumentou sua população de 90 mil para 140 mil pessoas, após a chegada de obras da usina hidrelétrica de Belo Monte.
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Por Luana Taís Nyland
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Foto do dia. Pare Belo Monte.

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