A carta da comunidade de 170 índios Guarani-Kaiowá (50 homens, 50 mulheres e 70 crianças) que vivem confinados em uma pequena área em Iguatemi/MS ecoou como um grito de desespero que impressionou até mesmo indigenistas experientes como Egon Heck: “Ao ler o teor do comunicado, fico estarrecido e me junto ao grito dos condenados – que país é esse?”.
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Esse foi o tema mais comentado durante o último mês nas Redes Sociais. A carta manifesto da comunidade de Iguatemi/MS espalhou-se rapidamente entre ativistas e ganhou as redes – muitos mudaram o seu perfil no Facebook assumindo identidade Guarani-Kaiowá – e repercutiu internacionalmente. O caso sucedeu a elaboração da Conjuntura da Semana, cujo a análise foi realizada pelos colegas do Centro de Pesquisa e Apoio aos Trabalhadores – CEPAT, com sede em Curitiba-PR, e Cesar Sanson, professor na Universidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRN.
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“Sabemos que seremos expulsas daqui da margem do rio pela justiça, porém não vamos sair da margem do rio. Como um povo nativo/indígena histórico, decidimos meramente em ser morto coletivamente aqui. Não temos outra opção, esta é a nossa última decisão unânime diante do despacho da Justiça Federal de Navirai-MS”. Este foi o apelo afirmado na carta. A comunidade que integra a comunidade Pyelito Kue/Mbarakay – que quer dizer terra dos ancestrais – diante da ameaça de despejo pediu para o governo para ser enterrada ali mesmo junto aos antepassados.
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A carta foi interpretada como ameaça de suicídio coletivo e criou comoção. A análise conjuntural traz a informação de que a carta da comunidade de Pyelito Kue na verdade é mais um capítulo da crônica de violência étnica em Mato Grosso do Sul que vem vitimando indígenas. Há um ano, a violenta, dolorosa e desumana morte do cacique Nísio Gomes dava conta dessa infindável história de atrocidades, assim como o assassinato dos professores guarani Rolindo Véra e Genivaldo Véra.
“Faz tempo que os indígenas afirmam “quase não temos mais chance de sobreviver neste Brasil”. Como não lembrar a inquietante afirmação do kaiowá Guarani Anastácio? “Aqui o boi vale mais do que uma criança guarani”. A situação dos índios no Mato Grosso do Sul já foi definida pela vice-procuradora-geral da República, Deborah Duprat como “a maior tragédia indígena do mundo”.” Confira a Conjuntura da Semana na íntegra em nosso sítio e acompanhe o caso.